2 | Anthony

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E mais uma vez, eu perdi para Crystal Snow. Ah fala sério! De novo? Há cinco verões que eu estou no acampamento tentando ganhar dela na escalada. Ok, ela passa o ano todo no acampamento e provavelmente fica treinando, mas como ela consegue ganhar todos os anos?

Quando descemos, alguns campistas do chalé de Hermes foram até ela para parabenizar pela sua vitória. Snow era considerada a garota mais bonita de todo o acampamento, alguns até ousavam dizer que ela era mais bonita que os filhos de Afrodite.

Os campistas do chalé de Hermes ficaram dando em cima dela, mas ela pareceu ignora-los. Confesso que sentir uma sensação estranha como se eu estivesse com... Ciúmes? Não, não poderia ser isso. Ok, de fato, ela era muito bonita, mas ela me odiava, nossas mães se odiavam, acho que nunca existiria nem a probabilidade de sermos amigos, quem dirá um casal.

Ela veio em minha direção e disse:
— Bom, parece que eu ganhei, de novo, assim como nos outros anos — disse ela com orgulho de si mesma.
— Você ganhou, tem razão, mas se não fosse pela arma que a sua mãe lhe deu você teria perdido. Você é orgulhosa, igual a ela —  retruquei. Quando falei isso sua expressão mudou, ficou triste e sombria, como se eu tivesse acabado de tocar em um assunto extremamente delicado.
— Eu não sou e nunca vou ser igual a ela, e eu não preciso de nada que venha dela. —  respondeu ela. Ela falou isso e foi embora, eu não entendi o que tinha acontecido.

Annabeth, que estava ali perto ouvindo tudo, veio até mim.
—  O que aconteceu? Por que ela reagiu assim? - perguntei.
— Anthony, a Crystal odeia a mãe dela. Ela odeia ser comparada com ela, e odeia que digam que ela não teria algo se não fosse pela mãe dela —  respondeu Annabeth.
— Por que? — perguntei
—  Ninguém sabe, ela nunca fala sobre isso, ninguém nunca nem ouviu ela se quer chamar ela de mãe dela — respondeu ela.
— E-Eu não fazia ideia. — falei. Eu realmente não fazia ideia. Eu estava me sentindo um grande idiota. Tá bom, eu não gostava da Crystal, mas não queria tocar em um assunto que para ela era tão delicado. Eu sei que falar sobre esses tipos de assuntos são difíceis. A minha mãe me ignorou por anos, mas hoje em dia ela fala comigo as vezes. E ao que parece, a mãe de Crystal não era assim.

***

Quando chegou na hora do jantar, todos os campistas estavam no pavilhão, menos a Crystal. Eu me sentia mal, pois sabia que deveria ser por conta do que aconteceu mais cedo. Eu queria me desculpar com ela, esperava que ela estivesse aqui, mas ela não estava. E se ela não estava no pavilhão, imaginei que a última coisa que ela iria querer ver era eu batendo na porta de seu chalé. Mas, mesmo assim, eu fui até lá.

Quando eu estava chegando perto do chalé de Quione foi começando a ficar mais frio, o que não me surpreendeu pois era o chalé da deusa do inverno.

Quando cheguei na porta do chalé bati na porta, e Crystal abriu a porta. Quando ela abriu a porta ela estava com uma expressão menos fria e sombria do que quando brigamos, mas a expressão fria e sombria voltou no estante em que ela viu que era eu batendo na porta.

— O que você quer? —  perguntou ela.
— Eu queria pedir desculpas pelo o que aconteceu hoje mais cedo — respondi.
—  Já pediu, agora pode ir. — disse ela enquanto fechava a porta. Eu queria falar mais coisas a ela, mas imaginei que talvez não era a melhor hora para isso. Então fui para o meu chalé.

Mais tarde, no chalé de Deméter, eu não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar na Crystal e em como eu fui um grande de um idiota com ela. Mas eu também não conseguia parar de pensar em o quão grave era aquilo. Por que ela odiava tanto a mãe dela? Ok, a mãe dela nunca pareceu se importa com ela, mas será que era realmente apenas isso? Isso aparentava ser algo que ela não falava nem para Annabeth que era sua melhor amiga.

Durante a noite comecei a ter uma espécie de sonho, mas não havia sido bem um sonho, era mais como uma imagem na minha cabeca, era o acampamento e o Olimpo, estava nevando, tudo havia sido congelado, uma tempestade de neve estava destruindo o acampamento e o Olimpo, haviam algumas pessoas feridas pelo chão, campistas, ninfas, sátiros, todos eles estavam feridos, e os que não estavam feridos estavam lutando contra monstros que eu nunca havia visto. Acordei assustado no dia seguinte.

Quando eu sai do chalé comecei a notar algumas coisas diferentes, nas últimas noites não estava fazendo tanto frio, mas essa noite estava, o que convenhamos era um tanto quanto estranho pois era verão. E não estava frio apenas durante a noite, mas durante o dia também. Resolvi ir até o chalé de Atena para falar com Annabeth, talvez ela pudesse me ajudar a entender o que era aquele sonho, afinal, sempre que um semideus tem um sonho desse tipo, nunca quer dizer uma coisa boa.

Quando cheguei no chalé de Atena Annabeth estava sentada na cama lendo um livro, quando ela me viu largou o livro e veio até mim.

— Anthony, está tudo bem? — perguntou ela.
— Annabeth, eu preciso falar com você — falei. Ela não questionou, fomos para perto do pavilhão e contei a ela sobre o sonho.
— E então? O que você acha que devemos fazer? —  perguntei
—  Devemos ir falar com Quíron, ele deve nos dizer o que fazer ou o que esta acontecendo — respondeu ela. Então, fomos até a Casa Grande para falar com o Quíron.

No caminho para a Casa Grande aconteceu algo muito estranho, começou a nevar.

- Isso é... Neve? -— perguntei
- Ao que parece sim, e isso não é boa coisa. —  disse ela —  Além de não ser normal neva em pleno verão, se o seu sonho não for exatamente um sonho e sim uma visão, isso pode ser o início de uma guerra.
— Precisamos falar com Quíron. —  falei.

Quando chegamos na Casa Grande Quíron parecia bem preocupado, e parece que ele leu nossos pensamentos de que talvez a gente soubesse o motivo de estar nevando em pleno verão. Contei a Quíron sobre o sonho e seu rosto ficou pálido, como se eu tivesse acabado de lhe contar como pode ser a destruição do mundo (o que tecnicamente foi isso que falei).

— Talvez isso esteja ligado a Quione —  disse Quíron.
— Espera, a mãe da Crystal? —  perguntei.
— Sim Anthony, por volta de dois dias atrás a espada de Quione foi roubada. A espada é conhecida por ser um objeto mágico muito perigoso, e é usado também para controlar o inverno — respondeu ele
—  E então Quíron, o que devemos fazer? — perguntou Annabeth.
— Bom, eu acho que primeiro devemos contar para Crystal, talvez ela possa ajudar em alguma coisa — respondeu ele.
— Ok, então eu vou buscá-la — disse Annabeth.

Depois de um tempo, Annabeth voltou com Crystal.
— O que aconteceu? — disse Crystal
— A espada de sua mãe foi roubada — disse Quíron.
— Hyemalis — disse Crystal em choque como se não pudesse acreditar que a espada de sua mãe havia sido roubada. Eu não entendi o que ela havia dito, então falei:
— O que?
— É latim — disse ela — Pode ter um nome idiota mas, essa arma pode causar uma grande destruição.
— É por isso que chamei você aqui Crystal — disse Quíron — Anthony teve um sonho, sobre uma guerra.
— Então boa sorte para encontrar quem vai ajudar a parar essa guerra porque eu não vou. — disse Crystal.
— Mas você deve ir Crystal, você é a única que sabe como a Hyemalis funciona — disse Annabeth.

Por um breve momento Crystal hesitou, mas depois aceitou ir na missão.

— Vocês dois devem ir até o sótão da Casa Grande para consultar o Oráculo de Delfos, creio que ele pode esclarecer algumas coisas — disse Quíron. Crystal hesitou mas concordou.

Com isso, Quíron nos guiou até o sótão da Casa Grande, onde habitava o Oráculo de Delfos.
— Preparem-se para consultar o Oráculo. Ele lhes dará as orientações finais do que devem fazer. — disse Quíron. Com isso, ele fechou a porta atrás de nós.

O sótão estava bem empoeirado, entrava um pouco de luz do sol pelas janelas mas ainda continuava levemente escuro. Bem a nossa frente estava o que parecia ser uma decoração de halloween sentada em uma cadeira. O Oráculo de Delfos.
— Então... O que fazemos para essa coisa falar? — perguntei
— Não sei, nunca estive aqui antes — disse Crystal.
— Oi Oráculo, alguma novidade? — falei. Crystal me fitou como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais estúpida que alguém poderia falar (e talvez realmente tenha sido).

Mas ao que parece funcinou, pois o Oráculo começou a falar:

"A Oeste, buscarão e encontrarão o que foi roubado,
Com a ajuda da Sabedoria terão que contar.
Um irá morrer e um irá salvar.
Descobrirão que o ódio é apenas um disfarce para o amor
E por provações terão que passar."

HyemalisOnde histórias criam vida. Descubra agora