capitulo 5

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Acordei com uma ressaca brutal, a cabeça latejava como se um tambor rufasse dentro dela. Esforçando-me para abrir os olhos, percebi que estava nu. Um desconforto instantâneo percorreu meu corpo, até eu virar a cabeça e ver IU ao meu lado, adormecida, com um leve sorriso no rosto. Senti um sorriso fraco se formar nos meus lábios, mas logo desviei o olhar, a realidade me puxando de volta.

Levantei-me da cama com cuidado para não acordá-la e fui direto para o banheiro. A água quente que escorria pelo meu corpo parecia aliviar parte da tensão, mas a dor de cabeça persistia. Olhei para o reflexo no espelho, os olhos inchados e as olheiras profundas me lembravam da noite passada. O que eu estava fazendo com minha vida?, pensei, mas sacudi a cabeça, tentando afastar os pensamentos.

Quando saí do banheiro, apenas de toalha, IU já estava acordada, me observando com um olhar preguiçoso.

— Bom dia, Kookie — disse ela com um sorriso, os olhos brilhando de lembranças recentes. — Ontem foi incrível.

Assenti com um meio sorriso, sem querer me aprofundar na conversa.

— Eu sei — respondi casualmente. — Pode tomar banho no meu banheiro, se quiser.

Enquanto falava, soltei a toalha, ficando apenas de cueca. Vi o rosto dela corar imediatamente, suas bochechas ficando rosadas.

— Até parece que não viu nada ontem, gatinha — provoquei com um sorriso de canto.

Ela soltou uma risada tímida, desviando o olhar por um momento.

— Verdade... — murmurou, antes de se levantar e ir para o banheiro.

Enquanto ela se preparava, me vesti rapidamente, tentando bloquear qualquer emoção que pudesse surgir. Não era a primeira vez que isso acontecia, mas algo me incomodava. Algo que eu não sabia explicar, uma sensação de vazio que tomava conta toda vez que esse tipo de interação terminava.

 Algo que eu não sabia explicar, uma sensação de vazio que tomava conta toda vez que esse tipo de interação terminava

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Quando IU saiu, já vestida com a roupa da festa, senti que era hora de encerrar aquela situação.

— Vou indo pra casa — disse ela, se aproximando para me dar um beijo, mas me afastei, pegando uma maçã da mesa como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Vai lá — murmurei, mordendo a maçã sem sequer olhá-la.

Ela hesitou por um segundo, mas não disse nada. Apenas saiu.

Enquanto mastigava a maçã, olhei em volta da casa, que parecia um campo de batalha. A bagunça da festa era quase tão caótica quanto meus pensamentos. Decidi que não lidaria com aquilo. Liguei para uma agência de limpeza e resolvi que pagaria alguém para cuidar de tudo. Talvez fosse hora de começar a cuidar melhor de mim também, pensei por um instante, mas logo deixei o pensamento de lado.

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Na escola, o ambiente era diferente. Havia uma tensão no ar que eu não conseguia ignorar. Ao encontrar Namjoon e J-Hope, percebi a expressão nada agradável nos rostos deles.

— Então... perdeu a virgindade, né? — disse Namjoon, direto como sempre.

— Todo mundo está falando disso, cara — acrescentou J-Hope, visivelmente desconfortável. — Se estiver envergonhado, a gente entende se você não quiser entrar na escola hoje...

Franzi o cenho, confuso.

— O que estão falando?

Namjoon suspirou, claramente não querendo ser o portador das más notícias.

— A IU mandou mensagem para todas as amigas. Disse que você é gostoso, perfeito na cama... e, bom, elas espalharam para todo mundo. Agora você está com fama de mulherengo na escola inteira.

Senti um misto de surpresa e indiferença. Parte de mim achou que seria pior.

— Ótimo — respondi com uma leve risada. — Realmente fizemos.

— Você não tá com vergonha da escola inteira saber disso? — J-Hope parecia genuinamente preocupado.

— Não — dei de ombros. — Vamos entrar?

Caminhamos pelo corredor da escola, as garotas sussurravam e olhavam para mim como se eu fosse algum tipo de troféu. Aquilo me irritava mais do que eu queria admitir. Mas o que realmente me prendeu a atenção foi um olhar específico, um par de olhos que, de longe, me observava de maneira quase predatória.

Park Jimin.

Ele estava encostado em uma parede, o olhar fixo em mim, tão penetrante que fez o mundo ao nosso redor desaparecer por um momento. Os olhos de Jimin sempre tiveram esse efeito em mim. Eram traiçoeiros, sedutores, como se ele pudesse ver algo dentro de mim que eu não queria mostrar. Era irritante, mas ao mesmo tempo, impossível de ignorar.

Ficamos nos encarando por mais tempo do que seria considerado normal. Aquele silêncio, aquela tensão no ar, era quase palpável. Meus batimentos aceleraram involuntariamente, e por um segundo, me senti vulnerável. O que ele está pensando?, me perguntei.

Antes que eu pudesse decifrar o enigma, Taehyung apareceu ao lado dele, dizendo algo que fez Jimin desviar o olhar. Ele me lançou uma última olhada antes de sair do corredor, e só então percebi que estava prendendo a respiração.

Aquele olhar... tão traiçoeiro, tão cheio de promessas não ditas. Ele sempre me fazia esquecer do quão irritante Park Jimin podia ser.

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