"Que merda eu tô fazendo? Eu tenho que consertar meu futuro, não arruinar ainda mais. O que tá acontecendo entre eu e o Park? Isso tem que acabar agora." Meus pensamentos rodavam sem parar enquanto eu tentava focar no espelho do banheiro. Eu precisava de clareza, mas tudo parecia um caos.
Ao sair do banheiro, a confusão dentro de mim ainda estava lá, pulsando, eufórica. E então, escuto uma voz que me tira bruscamente do meu próprio turbilhão.
"Kookie, você tá bem?" – a voz doce, quase enjoativa, de Iu me chamou de volta à realidade.
Revirei os olhos, exausto. "Oi, Iu," respondi com um suspiro cansado. Eu não tinha energia pra aquilo.
Ela se aproximou, hesitante. "Tá tudo bem? Você parece distante."
"Estou," menti. "Só... cansado."
Eu já estava me preparando para sair, quando ela soltou uma bomba.
"Kookie, eu gosto de você," ela disse de repente, rápida, a voz carregada de vergonha.
Parei no meio do caminho. Um riso amargo escapou dos meus lábios. "E quem não gosta?" respondi, a ironia escorrendo em cada palavra. "Iu, a gente só ficou uma vez. Foi a primeira e, sinceramente, a última."
Os olhos dela se arregalaram de surpresa, mas eu já tinha virado as costas, saindo dali sem olhar para trás, deixando-a sozinha com a confissão suspensa no ar. Não era hora para isso. Eu tinha problemas maiores pra lidar.
"Jungkook!" a voz de J-Hope me puxou de volta à realidade.
"Iae, mano," eu disse, tentando soar normal. "Como você tá?"
"Mano, tô nervoso," ele confessou, um brilho ansioso nos olhos. "Hoje tenho uma entrevista na Academy Dance."
Me virei para ele, agora genuinamente interessado. "Sério? O que você vai dançar?"
"Peguei uma dança brasileira. Capoeira, é o nome," ele respondeu, visivelmente tenso.
Tentei não mostrar, mas sabia que ele não iria se sair tão bem apenas com isso. Ele precisava de algo a mais. Então, uma ideia me veio à mente. "Faz uma mistura, cara. Dança aquela música que a gente criou juntos."
"Você tá falando de... Mic Drop?" Ele me olhou, meio incrédulo.
"Sim. Junta os passos dessa coreografia com a capoeira. Vai ser único," falei com convicção.
Ele sorriu, aliviado, como se eu tivesse dado a solução para o problema dele. "Ok, vou fazer isso. Valeu, mano."
Esperava de verdade que ele conseguisse. Ele merecia.
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Mais tarde, já estava na saída, tomando um toddy enquanto olhava distraidamente ao redor. Foi então que vi o Park Jimin. Aquele loiro... Seus olhos estavam cravados em mim, intensos, como se ele tentasse decifrar algo. Senti um desconforto na espinha. Desviei o olhar e o ignorei, fingindo que ele não estava lá.
"Appa, me leva pra casa?" falei para Namjoon, que estava por perto. Precisava sair dali.
"Vamos nessa, pirralho," ele disse, colocando o braço em volta dos meus ombros, como sempre fazia.
No caminho, o silêncio confortável entre nós foi preenchido com uma conversa tranquila, mas eu sabia que ele estava preparando o terreno para algo.
"Jungkook, eu te conheço muito bem, você sabe disso, né?" Namjoon disse, sua voz calma, mas cheia de intenção.
"Sim," respondi, tentando manter minha voz estável.
"Então... O que tá rolando entre você e o Park?" A pergunta veio como um soco inesperado. Eu literalmente engasguei, o ar preso na garganta.
"Nada," disse rápido demais, quase automático.
Ele franziu o cenho, me olhando de lado. "Eu percebi as olhadas de vocês. Vai, me diz a verdade."
Eu queria negar, queria fugir daquela conversa, mas as palavras dele mexeram com algo dentro de mim. Respirei fundo, minha cabeça uma bagunça. Olhei para ele e, naquele instante, ele entendeu tudo. Ele sempre entendia.
"Tá rolando algo, mas você ainda não sabe o que é," Namjoon disse com uma certeza que me assustou. "Talvez você esteja começando a gostar dele, quem sabe?"
"Eu jamais ficaria com Park Jimin," falei firme, quase com raiva. Não queria nem considerar essa possibilidade.
Namjoon suspirou, parecendo ponderar. "Eu te julgaria um pouco se ficasse," ele admitiu, com uma sinceridade que só ele tinha. "Mas... Se isso te fizer feliz, eu apoiaria."
As palavras dele me pegaram de surpresa. Ele não estava brincando, ele realmente estava ali por mim, independente do que eu decidisse.
"Valeu, Nam," eu disse, minha voz suave, enquanto puxava ele para um abraço apertado. Namjoon era mais pai pra mim do que meu próprio pai.
E, de alguma forma, naquele momento, eu sabia que, por mais confuso que tudo estivesse, eu não estava sozinho.
Continua

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De volta aos 15
Fiksi PenggemarJeon Jungkook, um garoto que sofreu bullying durante toda a sua adolescência, sendo constantemente maltratado e ignorado por quase todos ao seu redor. A dor e a humilhação marcaram aqueles anos, deixando cicatrizes profundas. No entanto, ao se torna...