capitulo 12

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Park Jimin

Não que eu ligue, sabe? Ele faz o que quiser da vida dele. Mas... ele me beijou ontem. Ontem! Nós tivemos algo, por um segundo, parecia que tudo fazia sentido. E hoje? Hoje ele simplesmente beija o meu melhor amigo como se nada tivesse acontecido? Que ridículo.

Eu deveria estar bem. Eu não ligo. Mas por que meu peito dói tanto? Por que isso me machuca tanto?

Entro no banheiro e fecho a porta atrás de mim com força. As lágrimas, que eu vinha segurando, finalmente descem. Molham meu rosto enquanto minha cabeça gira com perguntas sem respostas. "Moreno ridículo," murmuro para mim mesmo.

O silêncio é quebrado pela porta se abrindo abruptamente. Yoongi aparece, com o rosto tenso. Ele deve ter me visto correndo. Claro que ele ia me seguir.

"Jimin, te vi entrando aqui feito um furacão," ele diz, sem rodeios. "O que aconteceu?"

Antes que eu consiga me esconder ou dar alguma desculpa, ele já está perto o suficiente para me abraçar. Seu abraço é quente, reconfortante, mas não é capaz de dissolver a angústia no meu peito. O que eu vou dizer? Eu não posso contar que beijei Jeon Jungkook ontem e hoje vi ele beijando Taehyung como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Eu não posso.

"Me diz o que aconteceu, Jimin," a voz de Yoongi é suave, mas firme. Ele quer me ajudar, mas como eu posso explicar essa bagunça?

"Eu briguei com meus pais de novo," minto, minha voz tremendo com o esforço de manter a mentira de pé.

Yoongi suspira, como se já esperasse essa resposta. "Na moral, eu odeio seus pais," ele diz, passando a mão no meu cabelo, tentando me acalmar. "Ei, olha pra mim," ele segura meu queixo gentilmente, forçando-me a levantar o olhar. "Você é o gay mais macho que eu conheço. Não fica assim. Além do mais, você fica horrível quando chora."

Eu acabo soltando uma risada fraca, mesmo no meio de toda essa confusão. Yoongi sempre sabe como me arrancar um sorriso, mesmo quando tudo parece desmoronar.

"Obrigado, Yoongi," murmuro, tentando afastar as lágrimas.

Ele sorri, me apertando num abraço mais forte. "De nada, Jimin. Somos amigos. Sempre vou estar aqui, ok?"

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Saímos do banheiro e voltamos para a sala. Yoongi e eu estamos em turmas diferentes, então nos separamos. Eu me sento no fundo da sala, tentando me esconder de tudo e todos. Eu só preciso de um minuto de paz. Mas o destino não colabora comigo, porque, de repente, vejo Jeon Jungkook entrando na sala e, sem pensar duas vezes, ele vem direto até mim.

Ele se senta ao meu lado, casual, como se tudo estivesse perfeitamente normal. Como se não tivesse acabado de me destruir.

"Oi, loirinho," ele diz, com aquele sorriso despreocupado que eu tanto odiava – e, ao mesmo tempo, que ontem me desarmou.

Eu fecho os olhos por um segundo, tentando ignorá-lo. Eu não posso cair nessa de novo. Não posso.

"Vai me ignorar?" ele pergunta, o tom debochado e provocador. "Ah... já sei, deve ser porque eu beijei seu amiguinho, né?" Ele ri, e o som me faz sentir como se tivesse levado um soco no estômago.

Meu Deus, como eu odeio Jeon Jungkook. O ódio me consome de um jeito que eu mal consigo respirar.

"Agora eu lembro por que eu fazia bullying com você," digo, minha voz carregada de amargura. As palavras saem antes que eu consiga me segurar.

Ele solta uma risada sarcástica. "Ah, a princesinha do papai tá estressadinha hoje, né? O que foi? Seu papai não te deu dinheiro hoje?"

O deboche na voz dele me corta como uma lâmina. Esse não é o Jungkook de ontem. O Jungkook de ontem era fofo, atencioso... ele parecia genuíno. O de hoje? Um completo babaca.

Respiro fundo, tentando não reagir, tentando me manter no controle. Ele não merece isso de mim.

Sem mais uma palavra, eu o ignoro completamente. Ele sorri, como se tivesse vencido alguma batalha invisível, e volta sua atenção para a aula. Mas eu? Eu fico ali, lutando contra a dor que ele deixou.

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Jeon Jungkook

Não vou mentir. Ser assim com o loirinho me faz mal. Cada palavra dura que eu solto, cada atitude fria... é horrível. Mas eu preciso ser assim. Eu não posso deixar isso crescer. Não posso criar sentimentos por ele. Não por ele.

Quando eu vejo aqueles olhos tristes, cheios de decepção pelas minhas palavras e atitudes, algo dentro de mim se remexe. Me incomoda, mas eu forço a ignorar. Preciso fazer isso. Preciso me manter firme, afastado. Isso vai ser melhor para nós dois.

A aula passa arrastada, e quando finalmente chega o intervalo, saio rápido da sala, indo direto até Namjoon e J-Hope. Talvez o papo deles me distraia.

"Oi, pirralho," Namjoon diz com aquele sorriso de sempre, bagunçando meu cabelo como se eu fosse uma criança.

"Oi, pai," brinco de volta, tentando fingir que tudo está normal. "Oi, Hope."

"Oi, Jeon," J-Hope sorri, sempre animado. A leveza dele é algo que eu invejo às vezes.

"Amanhã tem jogo, vocês vão jogar?" Namjoon pergunta casualmente, mudando de assunto.

Antes que eu possa responder, Taehyung aparece do nada, sempre o centro das atenções. "Eu escutei jogo?" Ele se aproxima, sorrindo. "Oi, Kookie. Oi, amigos do meu Kookie."

"Seu Kookie?" A palavra escapa de mim e dos outros ao mesmo tempo, num coro de surpresa e confusão. Eu, Namjoon e J-Hope falamos juntos, numa harmonia involuntária.

Taehyung, sem perder o sorriso provocador, pergunta com uma voz doce demais: "O beijo não significou nada pra você?"

J-Hope, que estava bebendo algo, se engasga imediatamente. O silêncio que se segue é sufocante. Merda.

"Beijo? Que beijo?" J-Hope finalmente consegue perguntar, sua voz cheia de irritação e surpresa.

Solto um suspiro pesado. Não tem como esconder. "Eu e o Taehyung nos beijamos hoje," confesso, sentindo o olhar de J-Hope queimar sobre mim.

"Mas você é hétero, Jungkook!" J-Hope exclama, com a incredulidade estampada no rosto.

Antes que eu possa responder, Taehyung, com a sutileza de um elefante, solta: "Você não tinha se assumido ainda?" Ele franze a testa, sinceramente confuso. "Desculpa por te tirar do armário."

Namjoon está quieto, observando tudo, como sempre faz. Ele sempre sabe mais do que aparenta.

Respiro fundo, tentando juntar a coragem que já deveria ter tido. "Eu sou bissexual," digo, minha voz mais baixa do que eu pretendia. "Só fiquei com medo da reação de vocês."

J-Hope ainda está processando, mas Namjoon, sempre calmo, é o primeiro a falar. "Por que você acha que a gente ia te julgar, Jungkook?" A voz dele é firme, mas tem uma ternura que me faz sentir um pouco menos estúpido.

"Me desculpa," murmuro, com a cabeça baixa.

Namjoon olha para J-Hope, dando-lhe um leve cutucão. "Tudo bem, né, Hope?"

J-Hope olha para mim por um segundo, o rosto sério, mas acaba soltando um suspiro. "É..." Ele finalmente diz, a contragosto. "Tá tudo bem."

O peso que eu estava sentindo nos ombros alivia um pouco. Talvez as coisas não estejam tão ferradas assim.

Antes que o clima fique ainda mais tenso, Taehyung, sempre o mestre em mudar o foco, pergunta casualmente: "De que horas é o jogo mesmo?"

"16:00," Namjoon responde, como se nada tivesse acontecido.

"Ok, me passa tudo depois," Taehyung diz com um sorriso, voltando ao seu jeito leve. "Vou ser sua torcida."

Antes de sair, Taehyung se inclina e me dá um selinho rápido. Tão rápido que mal tenho tempo de processar. E então ele vai embora, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Eu fico parado, olhando para a porta por onde ele saiu, e tudo o que consigo pensar é: Que porra está acontecendo?

Continua

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⏰ Última atualização: Oct 13 ⏰

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