capitulo 11

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Eu não sei o que estou fazendo. Minhas ações não fazem sentido, são impulsivas e vazias. Tomo um gole do meu café, o amargo se misturando ao gosto de memórias que insistem em voltar. Aquela noite com o loirinho... aquele beijo. Não sei o que estou sentindo.

Depois de comer, saio para a escola. A rotina diária parece deslocada da minha realidade interna, mas sigo o fluxo. Assim que chego, ouço alguém gritar meu nome.

"Jeon Jungkook!" – J-Hope corre em minha direção, o sorriso iluminando seu rosto. "Você tava certo, deu certo!" – Ele não contém a euforia, praticamente vibrando de felicidade.

"Pelo visto, o J-Hope conseguiu entrar na academia," Namjoon comenta, observando a cena com sua calma habitual.

"Foi tudo graças ao Jeon!" – J-Hope continua, quase me colocando num pedestal.

"Não foi nada," digo, tentando não dar muita importância. "Mas você merece todo o crédito, você que correu atrás."

Do nada, sinto dois braços me envolvendo por trás. O toque é familiar, mas ao mesmo tempo inesperado.

"Do que estão falando?" – Taehyung aparece, me abraçando de surpresa. Seu corpo colado ao meu, a voz baixa perto do meu ouvido. "Oi, Jeon..."

"O quê?" – J-Hope solta, confuso, com as sobrancelhas franzidas.

"Também quero saber," Namjoon adiciona, tentando entender a situação.

"Kookie..." – Taehyung diz num tom provocativo, piscando um olho. "Me encontra atrás da escola depois, temos algo inacabado."

Dou um sorriso de canto, tentando disfarçar o caos que suas palavras causam dentro de mim. Taehyung se afasta, deixando meus amigos ainda mais confusos.

"Pode nos explicar o que foi isso?" – J-Hope pergunta, claramente irritado.

"Depois da educação física, fui tomar banho," explico, mantendo a voz leve. "O Taehyung me viu sem camisa e, bem... digamos que ele ficou com fogo. Mas não rolou nada, ok?"

"E nem vai rolar!" – J-Hope retruca, mais incisivo. "Taehyung faz parte daquele trio de babacas que te zoava, lembra? Eles fizeram bullying com você por anos, Jeon."

Namjoon permanece em silêncio, só observando. Seus olhos analisam a situação com uma profundidade que me faz sentir exposto. Ele percebe algo, mas o quê?

"Eu não vou namorar o Taehyung," afirmo, tentando cortar qualquer especulação antes que cresça.

"Até porque você é heterossexual," J-Hope diz, como se fosse uma verdade incontestável.

A vontade de contar a verdade me consome. Dizer que sou bissexual. Que aquele beijo com o Park Jimin mexeu comigo de um jeito que não consigo ignorar. Mas J-Hope me mataria. Literalmente.

"É... sou hetero." – Minha voz soa mais fraca do que eu gostaria, e Namjoon suspira, cansado, como se não comprasse minha história.

"Meninos, vamos logo para a aula," Namjoon diz, encerrando o assunto com sua típica sensatez.

Sentado no fundo da sala, sinto os olhares de Jimin em mim. Ele sorri de forma atrevida, o tipo de sorriso que me faz querer fugir e ficar ao mesmo tempo.

"A aula tá chata hoje, né?" – Ele sussurra para mim, inclinando-se levemente.

"Sempre foi," respondo no mesmo tom, tentando manter a conversa leve.

"Vai fazer algo depois da aula, moreno?" – Jimin pergunta, jogando a isca com naturalidade.

"Vou me encontrar com seu amiguinho," respondo, e vejo a expressão de Jimin endurecer, o sorriso desaparecendo.

"Não entendi..." – Ele pergunta, a voz mais fria.

"Taehyung me chamou para conversar atrás da escola." – Digo, sem dar muita importância, mas sinto a tensão aumentar.

"Conversa sobre o quê?" – Jimin insiste, seus olhos buscando algo nos meus.

"Não faço ideia," respondo, tentando parecer despreocupado.

A conversa morre ali. Jimin volta sua atenção para a aula, mas o clima entre nós está diferente, mais pesado.

Depois da aula, sigo para o lugar combinado. Taehyung já está lá, encostado na parede com uma postura relaxada, mas seus olhos me devoram com antecipação.

"Demorou, hein, Kookie?" – Ele diz com um sorriso de canto, a voz provocante.

"Desculpa, Tigrão, tava ocupado." – Respondo, tentando manter o tom casual, mas sinto a tensão crescendo.

Sem aviso, Taehyung me puxa pela camisa e começa a beijar meu pescoço, seus lábios quentes contra minha pele. Ele estava esperando por isso.

"Você foi tão mal comigo naquele dia..." – Taehyung murmura contra meu pescoço, as palavras carregadas de desejo e culpa.

"Você foi mal comigo por anos," respondo, a raiva crescendo em minha voz. "Não se esqueça disso."

"Eu sei... me desculpa, Jeon Jungkook," – Ele sussurra, a voz embargada por um arrependimento sincero. "Eu só fazia isso por causa do Jimin. Ele é o líder, sabe?"

"Como é sua amizade com ele, então?" – Pergunto, querendo entender mais desse laço que, de alguma forma, me envolve.

"É legal. Conversamos sobre tudo, jogamos juntos..." – Taehyung responde com uma animação que parece deslocada, considerando a situação.

"Entendo..." – Digo, mas minha mente está a mil. Antes que eu pense demais, beijo o canto de sua boca, um gesto que parece mais simbólico do que de desejo.

"Só isso?" – Ele pergunta, seu olhar me desafiando. "Me beija com vontade, Jeon Jungkook."

Cedo ao pedido. Puxo Taehyung com força, meus lábios se encontram com os dele de forma intensa. Uma mão segura sua cintura com firmeza, a outra se perde em sua nuca. Não desejo Kim Taehyung, mas beijar... isso eu sei que gosto.

Por um momento, abro os olhos e vejo o loirinho – Park Jimin – observando à distância. Seus olhos brilham, mas não de um jeito feliz. Há dor ali, algo que corta minha consciência. Sinto um aperto no peito.

Mas eu não paro o beijo. Fecho os olhos novamente, ignorando a presença de Jimin. Ignorando o que isso significa para mim.

E isso... me faz sentir pior do que qualquer coisa. Eu deveria parar, eu sei. Mas alimentar qualquer sentimento por Park Jimin seria perigoso demais.

Contínua

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