Capítulo 1: Alianças de Sangue e Fogo

231 31 1
                                    


O clima no salão vermelho da Fortaleza Vermelha estava tenso, carregado de preocupação e desespero. Alicent Hightower andava de um lado para o outro, seus olhos se enchendo de lágrimas toda vez que pensava nos últimos acontecimentos. A morte de seu neto, o único filho homem de Helaena e Aegon, havia abalado profundamente o equilíbrio de poder. Daemon tinha ceifado a criança em vingança pela morte de Lucerys Velaryon, e agora o medo de uma retaliação completa por parte de Rhaenyra consumia os Verdes.

Otto Hightower estava sentado à mesa, estudando mapas e cartas de todo o reino, buscando uma solução desesperada. Ele ergueu o olhar para Aemond, que permanecia em pé, com a postura rígida e uma expressão de desafio inabalável no rosto.

"Você vai a Essos," disse Otto finalmente, sua voz firme. "A guerra está à nossa porta, e precisamos de aliados. Westeros se fragmenta, mas em Meereen há poder além do imaginável. Você vai encontrar Naerys Belaerys."

Aemond franziu a testa. "Naerys Belaerys? A rainha de Meereen? Por que uma estrangeira se importaria com nossa guerra?"

"Ela não é uma estrangeira," Alicent interrompeu, sua voz trêmula. "Ela é de nosso sangue, parte da antiga linhagem Targaryen. Ela possui três dragões e um exército capaz de mudar o rumo da guerra. Com sua ajuda, poderemos enfrentar Rhaenyra e Daemon."

Aemond bufou. "E por que eu deveria me humilhar diante dela? Eu sou um príncipe de Westeros. Não preciso implorar pela ajuda de ninguém."

Otto se levantou, suas palavras carregadas de severidade. "Essa não é uma questão de orgulho, Aemond. É uma questão de sobrevivência. Se Rhaenyra vingar a morte de seu filho, ela não vai parar até nos destruir. Você precisa engolir seu orgulho e garantir a aliança com Naerys, custe o que custar."

Alicent, com uma expressão de dor, aproximou-se do filho. "Aemond, por favor... você precisa fazer isso por nossa família. Nós já perdemos muito."

Aemond suspirou, o olhar gélido, mas ele sabia que não havia escolha. Ele montaria em Vhagar e iria a Meereen.

---

Quando Vhagar aterrissou nos portões da grandiosa Meereen, os olhos de Aemond se estreitaram ao ver os três dragões de Naerys voando em círculos pelo céu. Os soldados Dothrakis, com suas espadas curvadas e olhar feroz, estavam alinhados em cada canto da cidade. Mas Aemond manteve sua postura altiva, recusando-se a demonstrar qualquer fraqueza.

Ele foi conduzido ao trono de Naerys, uma sala opulenta, mas o que mais chamou sua atenção foi a própria rainha. Seus longos cabelos platinados brilhavam sob a luz do fogo, uma lembrança do sangue que compartilhavam. Mas seus olhos prateados, profundos e frios, eram o que o fez hesitar. Ela o observava com uma intensidade calculista, como se já tivesse decidido seu destino antes mesmo de ele abrir a boca.

"Príncipe Aemond," ela disse, sua voz cortante como vidro, "diga-me por que deveria me aliar a você e lutar em uma guerra que não é minha."

Aemond ergueu o queixo, sua arrogância inabalável. "Porque eu preciso da sua ajuda, e você precisa da minha."

Naerys riu suavemente, um som que fez ecoar pelo salão. Ela deu um passo à frente, seus olhos queimando de ironia. "Você viu os três dragões voando quando chegou?"

Ele manteve o olhar firme. "Eu vi."

"E viu os soldados e os Dothrakis, que juraram m@tar por mim?"

"É difícil não ver."

Naerys inclinou a cabeça, seu olhar cortante. "Então me diga, Aemond, onde exatamente eu preciso da sua ajuda?"

Ele cerrou os punhos, contendo sua frustração. "Você pode ter dragões e exércitos, mas Westeros não é Essos. Eu sou o herdeiro legítimo. Você pode ter fama e poder aqui, mas em Westeros, é o meu sangue que governa. Juntos, podemos dobrar Rhaenyra e Daemon, e o que quer que deseje, será seu."

O sorriso de Naerys desapareceu, substituído por uma frieza mortal. "Você realmente acha que vir aqui, arrogante e cheio de si, vai me convencer a seguir você? Eu não preciso de Westeros. Westeros vai implorar por minha ajuda quando eu decidir. E quanto a você, Príncipe Aemond, sua falta de respeito não me impressiona. Agora vá embora. E não volte com promessas vazias."

Aemond ficou momentaneamente sem palavras, surpreso com a audácia dela. Naerys virou-se, já desconsiderando sua presença, um gesto claro de desprezo. "Mostre o príncipe a saída," ela ordenou aos guardas.

---

Humilhado e frustrado, Aemond montou em Vhagar, preparado para deixar Meereen. Seu orgulho ferido era palpável. Ele nunca tinha sido tratado assim, e a recusa de Naerys queimava em sua mente como uma ferida aberta.

Enquanto ele subia aos céus, prestes a partir, um rugido ensurdecedor cortou o ar. Os três dragões de Naerys se lançaram das torres de Meereen, voando em sua direção com uma velocidade impressionante. Seus olhos ferozes e a fúria selvagem nos rugidos lembraram a Aemond de algo sombrio: o momento em que ele tinha perseguido Lucerys Velaryon pelos céus de Storm's End.

Por um breve momento, o coração de Aemond parou. Ele sabia que, se Naerys quisesse, poderia acabar com ele ali, da mesma forma que ele tinha acabado com Lucerys. Os três dragões cercaram Vhagar, seus dentes à mostra, suas garras prontas para dilacerar.

Mas, no último segundo, os dragões recuaram, subindo de volta aos céus, deixando Aemond atônito e em silêncio. Ele entendia a mensagem. Naerys havia deixado claro que ela não temia os Targaryens, nem seus dragões, e que se ela quisesse, poderia destruir qualquer um deles.

Aemond voou para longe de Meereen, sua mente fervilhando. Ele não apenas fracassara em garantir a aliança, mas também sentira, pela primeira vez em muito tempo, o gosto amargo do medo.

Aemond ficou imóvel, sabendo que, pela primeira vez em muito tempo, ele não estava no controle da situação. O dragão de Westeros havia encontrado uma fera igualmente perigosa em Essos, e a guerra de palavras apenas começava.

---

Dragons Fire~ Aemond Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora