Capítulo 5: O Voo da Sombra

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Otto Hightower estava voltando de Oldtown, após sua visita a Daeron, o filho mais jovem de Alicent, com o coração pesado e a mente carregada de preocupações. Ele havia passado os últimos dias em discussões táticas, mas nada o prepararia para o que estava prestes a encontrar no caminho de volta para King's Landing.

Quando o sol começou a se pôr, uma sensação inquietante cresceu em seu peito. As colinas ao longe tremulavam com sombras. Foi quando ele percebeu que estava cercado. Duzentos... não, trezentos homens de Rhaenyra e Daemon, mercenários prontos para atacar. Cada um deles com olhos frios, armas afiadas e a promessa de morte iminente. Otto fechou os olhos por um momento, pensando no fim que se aproximava.

"É o fim," ele sussurrou para si mesmo, já prevendo o golpe final.

Mas então, uma vibração diferente atravessou o campo de batalha. O som de cascos, o rugido distante... algo estava vindo. Otto abriu os olhos e, ao longe, uma força imparável começou a se aproximar. Os Dothrakis. Selvagens, ferozes e rápidos como o vento, eles rasgavam o horizonte, uma tempestade de destruição. Liderando-os, Naerys Belaerys, montada em seu imponente dragão, Qyraxys. O dragão negro, com escamas reluzentes à luz da lua, avançou sobre os mercenários como uma força da natureza, cuspindo fogo vermelho e transformando o campo de batalha em um mar de chamas.

Qyraxys rugiu, seu som ecoando pelo vale, e com uma só rajada de fogo, os mercenários começaram a fugir em pânico. Naerys controlava a cena com uma calma inquietante, sua presença imponente montada no dragão, observando de cima enquanto o caos se desdobrava abaixo. Não havia batalha. Apenas massacre. Os Dothrakis foram implacáveis, como se cada golpe fosse calculado para inspirar o máximo de terror.

Otto observava em choque, impotente, enquanto o exército de Daemon e Rhaenyra era dizimado com uma facilidade alarmante. Quando tudo terminou, Naerys ordenou que os Dothrakis se reagrupassem e se dirigiu ao encontro de Otto, com um sorriso calculado nos lábios.

"Lord Otto," ela disse calmamente enquanto descia de Qyraxys. "Parece que cheguei no momento certo."

Otto apenas assentiu, ainda atordoado com o que acabara de testemunhar. Sabia, naquele momento, que o equilíbrio de poder em Westeros havia mudado para sempre.

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Na manhã seguinte, assim que retornaram à Fortaleza Vermelha, Otto convocou uma reunião privada com Alicent e seus netos. A sala estava tensa, o ar carregado com o peso das palavras que ele sabia que precisava dizer.

"Eu acabei de ver os Dothrakis lutarem," Otto começou, sua voz grave, mas firme. "Eles derrotariam qualquer exército mercenário, derrotariam qualquer exército que eu já vi! E aquilo... aquilo era apenas uma pequena parte dele."

Ele fez uma pausa, seu olhar se fixando no vazio, ainda visualizando o massacre que presenciou. Alicent ficou tensa, enquanto Aegon e Aemond trocavam olhares cautelosos. Helaena mantinha-se em silêncio, distante como sempre.

"Mas não são só os Dothrakis," continuou Otto, sua voz soando quase como um sussurro de alerta. "O dragão dela, Qyraxys, é... devastador. Extremamente experiente em batalhas. E ela tem três dragões." Ele enfatizou a última parte, como se quisesse assegurar que todos entendessem a gravidade da situação. "Se ela resolver se virar contra nós... não teremos chances contra ela."

A sala ficou em silêncio. Alicent apertava as mãos uma contra a outra, os dedos pálidos de tanta pressão.

"Este exército que ela trouxe para Westeros... é apenas uma pequena parte do exército verdadeiro que ela comanda em Essos." Otto olhou diretamente para Aemond, sua voz carregada de preocupação genuína. "Ela é muito mais perigosa do que qualquer um de nós pode imaginar."

Aemond observava o avô com interesse, os lábios se curvando em um sorriso discreto. Ele sabia que Naerys era poderosa, mas ouvir Otto, o homem mais calculista e cético de todos, falar com tanto medo e respeito por ela, apenas solidificava sua admiração por essa rainha de Essos.

Otto respirou fundo após seu aviso, ainda encarando Aemond. A tensão na sala era palpável, e o silêncio que se seguiu apenas aumentava o peso daquelas palavras. Alicent, com o rosto pálido, foi a primeira a quebrar o silêncio.

Alicent: "Ela realmente traria o caos para cá, pai? Naerys... será que podemos confiar nela?"

Otto balançou a cabeça lentamente, cruzando os braços enquanto refletia.

Otto: "Confiança? Não, minha filha. Naerys é uma serpente. Uma criatura calculista. Ela não está aqui por lealdade à nossa causa, mas por seu próprio interesse. Devemos tratá-la como uma aliada temporária, nada mais. Não confiem em sua lealdade."

Aegon, sentado ao lado, ainda meio embriagado, soltou uma risada sarcástica, interrompendo o momento sério.

Aegon: "Que seja. Desde que ela esteja do nosso lado e seus dragões queimem Rhaenyra e aquele maldito Daemon, para mim está tudo bem!"

Otto lançou-lhe um olhar de repreensão, o que fez Aegon se ajeitar na cadeira, mas sem perder a arrogância.

Otto: "Aegon, isso não é um jogo. Se Naerys mudar de lado, ela pode fazer exatamente isso com você. Não subestime o poder que ela tem em suas mãos."

Aemond, até então silencioso, finalmente falou, com um tom pensativo e até intrigado.

Aemond: "Ela não vai mudar de lado tão facilmente... Ela é astuta, sim, mas gosta de um desafio. E acho que ela encontrou um desafio interessante aqui em Westeros. Ela já está envolvida demais no jogo para se afastar agora."

Otto ergueu uma sobrancelha, analisando o neto.

Otto: "Você parece ter algum controle sobre ela. Alguma conexão... mas cuidado, Aemond. Uma mulher como Naerys não se deixa ser controlada por ninguém, nem mesmo por você."

Aemond sorriu de forma enigmática, como se achasse divertido o comentário do avô. Alicent, sentada ao lado dele, franziu a testa.

Alicent: "E se ela resolver tomar o Trono de Ferro? É uma possibilidade que não podemos ignorar. Ela tem poder, exércitos, e três dragões. Se decidir se voltar contra nós, como impediríamos isso?"

Otto olhou novamente para Alicent, seus olhos carregando um peso que ela conhecia muito bem.

Otto: "Se ela fizer isso, minha filha, teremos que encontrar uma maneira de neutralizá-la... antes que seja tarde demais."

A sala ficou em silêncio mais uma vez. O perigo que Naerys representava agora estava claro para todos. Cada membro da família Hightower sentia o peso de suas próprias inseguranças e medos diante da sombra da Mãe dos Dragões.

Aegon, ainda irritado e embriagado, resmungou, tentando recuperar sua autoridade:

Aegon: "Ela pode ter dragões e um exército... mas eu sou o rei. E ela terá que me respeitar, no fim das contas."

Aemond soltou uma risada baixa, cruzando os braços.

Aemond: "Sim, irmão... continue dizendo isso a si mesmo. Vamos ver quanto tempo isso dura."

Otto se levantou lentamente, finalizando a reunião com um olhar firme para todos na sala.

Otto: "Precisamos estar preparados para qualquer eventualidade. E, se for necessário... descobrir como derrotar uma rainha e seus dragões. Mas, por enquanto, tratem-na como aliada. Ela pode ser nossa única vantagem contra Rhaenyra."

Enquanto Otto saía da sala, a tensão entre os Hightower só aumentava.

Dragons Fire~ Aemond Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora