você é minha cura

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Mendrake on

Minha tentativa de me livrar dessa dor me levou até o hospital, algo que eu não esperava. Quando abri os olhos, percebi que ainda estava aqui. A confusão me envolveu por um momento, mas logo reconheci o ambiente ao meu redor. Eu ainda estava vivo, e a dor, de alguma forma, continuava.

Olhei para o lado, e ali estava ele. Pedrux. Seus cabelos enrolados e ruivos, presos num rabo de cavalo, com o mesmo corte degradê que o meu. Ele usava uma roupa casual e estava absorto em um livro, mas sua mão... sua mão estava na minha. E seus olhos, aqueles olhos arroxeados, focados no livro, pareciam esconder uma dor silenciosa.

— Hum... o quê? — murmurei, tentando processar tudo, tentando recuperar a consciência.

Pedrux levantou o olhar imediatamente ao ouvir minha voz, e por um breve segundo, o alívio misturado com preocupação passou por seu rosto.

— Drake?! — Ele me abraçou com força, quase sufocante, e eu senti a urgência e o medo na forma como seus braços me envolveram. — Nunca mais faça isso!

Eu fiquei sem palavras por um momento. O calor do abraço de Pedrux, a intensidade do desespero em sua voz, era quase esmagador. Eu nunca o tinha visto tão vulnerável, e isso só aumentava o peso da culpa que eu sentia.

— Desculpa... — murmurei, a voz fraca e quebrada. Eu não sabia o que dizer, porque mesmo eu não tinha todas as respostas para o que havia feito. Mas naquele momento, sentindo o aperto desesperado de Pedrux ao meu redor, percebi o quanto eu o havia ferido. O quanto eu havia ferido a todos que se importavam comigo.

Mendrake on

— Não! — ele disse com firmeza, interrompendo meu pedido de desculpas.

— Não? — eu perguntei, confuso, sentindo o peso da culpa que me sufocava.

— Você não vai colocar a culpa em si de novo, sendo que a culpa não é sua — ele falou, sua voz suave, mas determinada, enquanto se aproximava do meu rosto, seus olhos arroxeados cravados nos meus.

Por um momento, fiquei paralisado. Ele estava tão perto que eu podia sentir sua respiração, e a intensidade em seu olhar me fez vacilar. Ele estava me dizendo para parar de me punir, mas era difícil aceitar isso. Eu queria acreditar nele, queria acreditar que não era só culpa minha, mas a dor ainda era esmagadora.

— mas... — eu tento falar mais sou interrompido por um selinho vindo dele

— mas nada, Drake — ele fala se separando de mim — não é culpa sua oque você passou, é culpa daquele maldito! Você não tem culpa que os pais do nait morreram, não tem culpa de seu irmão ser assim, não tem culpa da sua irmã ter sido abusada, não tem culpa de eu ter me "machucado", nada disso é culpa ou sua responsabilidade — ele me olha — as vezes as coisas não saem bem e tá tudo certo, eu só quero que você entenda que se machucar não é a saida!

Pedrux sempre teve uma maneira intensa de expressar suas emoções, e naquele momento, a intensidade dele era quase avassaladora. As palavras dele ecoavam na minha mente, batendo contra a parede de culpa que eu havia erguido ao longo dos anos. Eu sempre me responsabilizava por tudo, por cada falha, por cada erro, mesmo quando sabia que não tinha controle sobre o que acontecia ao meu redor.

Eu queria argumentar, dizer que ele não entendia, que eu carregava o peso de todas essas coisas nas minhas costas, mas a verdade é que ele entendia melhor do que eu mesmo. Pedrux estava comigo desde o começo, conhecia cada cicatriz que eu carregava e cada uma que eu ainda tentava esconder. E, apesar de tudo, ele estava ali, segurando minha mão, dizendo que eu não estava sozinho.

— Eu sei que é difícil, Drake — Pedrux continuou, a voz mais suave agora, enquanto passava o polegar pelo dorso da minha mão. — Mas você tem que parar de carregar esse fardo sozinho. Estamos juntos nisso, lembra?

Eu queria acreditar nele. Queria acreditar que, talvez, não fosse só minha responsabilidade, que eu poderia me permitir viver sem o peso esmagador da culpa. Mas era difícil. Cada memória dolorosa, cada perda, parecia tatuada na minha alma.

— Eu... — comecei a falar, mas Pedrux apertou minha mão com firmeza, como se quisesse garantir que eu sentisse sua presença.

— Você não está sozinho, Drake. Não mais.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas, algo que eu sempre tentava evitar, mas naquele momento, com Pedrux ao meu lado, não pude mais segurar. Eu o abracei, como se ele fosse minha âncora, o único que conseguia me manter à tona em meio ao caos.

Talvez ele estivesse certo. Talvez, pela primeira vez, eu pudesse acreditar que, apesar de tudo, eu ainda merecia seguir em frente.

— você vai pra umas sessões de terapia ok? — ele fala e eu só concordo com a cabeça ainda chorando,era a única coisa que eu conseguia naquele momento Pedrux me soltou do abraço, mas manteve as mãos firmes nos meus ombros, os olhos arroxeados firmes em mim, buscando uma confirmação que eu só podia dar com um leve aceno de cabeça. Ainda chorando, sentia as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, mas era como se um peso estivesse sendo lentamente retirado dos meus ombros, mesmo que fosse difícil admitir isso.

— Isso, Drake — ele disse, com um sorriso suave, mas com a firmeza de quem sabia que eu precisava de ajuda. — Não precisa enfrentar tudo sozinho.

Eu funguei, tentando conter as lágrimas, mas era a única coisa que eu conseguia fazer. Minhas emoções estavam completamente à flor da pele, e pela primeira vez em muito tempo, eu estava permitindo que alguém me visse assim, vulnerável. Talvez a terapia fosse o próximo passo, algo que eu nunca havia considerado seriamente, mas que agora, com Pedrux ao meu lado, parecia o único caminho possível.

— Eu vou estar lá, do seu lado, em cada passo — ele acrescentou, apertando minhas mãos levemente, e isso foi tudo que eu precisava ouvir.

Ainda com o rosto molhado de lágrimas, só consegui sussurrar um "obrigado".

—quer que eu fique com você ou que- — Antes que ele pudesse terminar a frase, eu o puxei suavemente pela mão, guiando-o para cima da maca do hospital. Pedrux, surpreso, olhou para mim por um segundo, mas logo entendeu o que eu queria. Sem hesitar, ele subiu na cama ao meu lado, acomodando-se ao meu lado de maneira que seus braços continuassem ao meu redor.

Eu não conseguia dizer muito, mas o peso da sua presença era o suficiente. Sentir o calor dele perto, o toque firme e reconfortante, me ajudava a acalmar a confusão e o caos dentro de mim. Não era o tipo de coisa que palavras podiam resolver, mas o simples fato de Pedrux estar ali, sem julgamento, sem pressa, fazia com que o mundo parasse de girar tão violentamente por um momento.

Ele não disse mais nada, só ficou ali, comigo. O som da sua respiração e o ritmo estável do seu coração eram uma lembrança silenciosa de que eu não precisava enfrentar tudo sozinho. Eu fechei os olhos, exausto, e aos poucos, fui me permitindo relaxar, algo que eu não fazia há muito tempo.

Eu ainda sentia a dor, mas agora, com Pedrux ao meu lado, ela parecia um pouco mais suportável.
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Fim <3

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pra curaram depressão de vocês e pra sorte de vocês, eu fui ameaçada a fazer um final bom

𝚏𝚞𝚓𝚊 𝚌𝚘𝚖𝚒𝚐𝚘 (𝙰𝚞 𝚍𝚎 𝚖𝚓!) Onde histórias criam vida. Descubra agora