Braelyn
O dilema do hipócrita é sempre achar que está no direito de julgar os outros por suas ações, críticas e atitudes, sem jamais olhar para o próprio umbigo.
Agora tenho certeza de que Margareth é uma hipócrita. Pergunto-me se eles não têm remorso? O desejo entre eles é tão grande que não conseguem esperar a morte da esposa? Será que Eloise não desconfia? Ou, se desconfia, não diz nada porque está à beira da morte? Isso tudo é insano.
Já tendo terminado o café, saio para o carro para que Drake me deixe na escola. Assim que chegar, vou falar com Marcus e dizer que estou pronta.
Sinto um leve nervosismo no estômago, imaginando como será encará-lo depois da foto que enviei. A palavra correta seria: vergonha. Nunca fiz isso antes e não sei como agir.
Ao descer do carro, despeço-me de Drake e vou em direção à entrada. Já não há mais ninguém fora da escola; todos estão indo para as salas ou conversando.
Assim que entro, vários olhares se voltam para mim. Começo a andar e os olhares só aumentam, acompanhados de murmúrios. Isso começa a me incomodar. As garotas olham para seus celulares, riem e cochicham entre si. Os garotos me olham de cima a baixo; alguns com malícia estampada no rosto, outros assobiam.
Meu coração começa a bater acelerado. Vou em direção a algumas garotas para entender o que está acontecendo.
— Eu não queria estar na sua pele. — diz uma das meninas assim que me aproximo.
Quando pego o celular, minha expressão murcha, meu corpo começa a suar, minha respiração fica pesada, meus olhos se enchem de lágrimas, um nó surge na minha garganta.
Isso não pode estar acontecendo. Ele não podia ter feito isso.
Desvio meu olhar da tela para frente, vendo todos ao redor me encarando. Começo a me sentir sufocada, o que me obriga a sair da escola rapidamente.
Começo a correr incessantemente, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Soluço a cada lágrima que cai, e uma dor no peito surge, fazendo-me chorar ainda mais. Meu corpo todo pede para parar, já cansado de correr, mas continuo, tentando ao máximo me afastar daquela escola.
Assim que chego no meu canto de calmaria, encosto-me na árvore, deslizando até o chão. Sinto minhas costas doerem pelos pequenos galhos que me furam.
— Idiota, idiota, idiota — murmuro, sentindo meu coração despedaçado.
Quero gritar, machucá-lo, fazer com que ele sinta o que estou sentindo. Mas não tenho forças para me levantar e apenas deixo que as lágrimas escorram, levando embora toda a minha tristeza. Deito-me, deixando o cansaço me dominar, e fecho os olhos, desejando que tudo isso fosse apenas um pesadelo.
Sinto uma frieza congelante, fazendo-me encolher em posição fetal. Logo em seguida, sinto como se meu corpo começasse a flutuar. Um aroma amadeirado inebriante invade meu olfato, trazendo notas cítricas de mandarina e grapefruit, combinadas com a força do vetiver de Java. Pergunto-me se estou sonhando ou se é apenas a ventania que traz esse aroma eletrizante até mim.
Meu corpo começa a despertar, sentindo mãos segurarem-me, meu corpo colado em um corpo quente e musculoso. Abrindo os olhos devagar, vejo um tecido preto que logo subo para encontrar um maxilar quadrado, com pequenos pelos para aparar
Ao me mover, os olhos intensos de Zayan encontram os meus, fazendo meu corpo inteiro tremer pela intensidade que seu olhar transmite, como se eu estivesse nua em seus braços.
Aconchego-me mais nele quando um vento frio surge.
— Fica quieta. — ele ordena, com sua voz grave.
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FRAGMENTADOS
Mystery / Thriller+18 Sinopse De volta a Riverfait, uma cidade com um passado manchado de sangue e segredos, Braelyn Johnson retorna em busca de uma nova vida após uma série de desilusões. Zayan Monttanari, um homem que carrega suas próprias cicatrizes, descobre qu...