stay

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Arrasto meus pés na calçada procurando algum lugar pra entrar enquanto fumo um cigarro comum, apago ele na parede e jogo no meio fio

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Arrasto meus pés na calçada procurando algum lugar pra entrar enquanto fumo um cigarro comum, apago ele na parede e jogo no meio fio. Vejo um segurança alto parado na frente de uma porta aberta com uma luz led em volta no batente, vou até lá tentando entrar, mas ele coloca a mão na frente e eu paro.

— Ei, bonitinha, criança aqui não pode — Ele diz com a voz grossa e ri de leve.

— Eu tenho dezessete anos é quase dezoito — Dou de ombros e ele ri mais me mandando embora com as mãos.

Procuro alguma loja aberta e entro desse jeito parecendo que fui atropelada, com os olhos horríveis avermelhados e caídos, essas roupas largadas, o cabelo pior ainda e essa expressão de pura encarnação da depressão. Ando pelos corredores procurando alguma bebida que sei que não vou poder comprar, fico olhando pra uma garrafa de whisky e vejo de canto de olho o olhar pesado da caixa me encarando.

Pego a garrafa rápido quando ela para de me olhar e coloco debaixo da jaqueta, saio andando com minhas mãos tremendo e antes de sair ouço a mulher do caixa pigarreando.

— Não vai pagar o que pegou, mocinha? — Ouço a voz dela, mas não me viro.

Apenas fico parada e por uns segundos tomo coragem puxo a porta de vidro e saio correndo, correndo o mais rápido que consigo.

— Ei, você não pode sair assim, volta aqui! — Ouço os gritos da mulher e apenas ignoro continuando correndo o mais rápido que posso.

Corro até o estacionamento perto das árvores onde deixei meu carro e encontro ele de longe completamente sozinho no estacionamento, chego ofegante parando de correr aos poucos perto dele. Solto uma risada sozinha por ter feito isso, mas logo meu sorriso some.

— Merda de vida — Chuto o pneu do meu carro.

Abro a garrafa e bebo de uma vez desse líquido horrível, automaticamente todas as lembranças invadem minha mente junto desse líquido ardendo toda minha garganta, é horrível ter que lidar com esses sentimentos.

Eu só quero sentir nada. Nada.

Vou beber até esquecer que tenho sentimentos e que sou um ser humano.

Depois de muitos goles de bebida já estou girando, acho que derrubei a garrafa no chão e a quebrei, mas não tenho certeza. Peguei o carro e sai dirigindo, não sei exatamente como, nem se dirigi bem, mas eu cheguei na minha casa, minha mãe não está de novo, peguei cervejas na geladeira e continuei bebendo, encontrei um vinho lacrado no fundo do armário e o abri tomando também.

Misturei de tudo tentando desesperadamente tirar esse sentimento de dentro de mim, eu só não quero me sentir assim essa noite.

Fui deixando garrafas espalhadas pela casa e bebida derramada pra todo canto.

Deito na minha cama com o mundo todo girando, mal lembro das coisas, sei que mexi no celular, espero que não tenha enviado mensagens pra ninguém.

Perco um pouco do tempo e só me lembro de ter levantado saindo andando rápido pro banheiro e acabo vomitando muito no vaso sanitário, volto pra cama e durmo um pouco.

Eletric Love | Sadie SinkOnde histórias criam vida. Descubra agora