Sally Bowles

6 0 0
                                    

— Aqui está — anunciou a senhora Fraulein Schneider abrindo a porta do quarto que Brian ficaria. Era um cômodo grande, com uma cama grande e uma única janela coberta por cortinas verdes. A pintura das paredes estava desgastada, e havia uma mesa com uma escrivaninha próximo a janela.

— É perfeito — disse Brian sorrindo de orelha a orelha entrando no cômodo.
— Todo esse conforto e mais o café da manhã por apenas cem marcos — informou a senhora Schneider, se encolhendo sobre seu longo xale vermelho.

— Cem?! — Brian a olhou com o espanto. — Mas eu só posso pagar cinquenta.

— Esse quarto vale mais do que cem, rapaz! — disse Fraulein com a voz rouca, fitando Brian com aqueles olhos cansados. — Você é um professor. Dará aula de inglês à muitos alunos, eles te pagarão e você pagará à mim.

— A senhora não tem mais nenhum outro lugar? — perguntou Brian desesperado. Ele nem sabia se conseguiria alunos o suficiente para se manter ali naquela cidade estranhamente. — Eu aceito qualquer espaço menor, nem que seja do tamanho de um banheiro.

— Mas aqui é mais adequado para um professor — a senhora gesticulou com a mãos sobre o espaço.

— Eu não sou um professor — Brian falou, calmo. — Pense em mim como um autor faminto. O que você tem para um autor faminto?
— Um autor? — repetiu Fraulein coçando os poucos fios grisalhos da cabeça. — Um poeta! Ah, sem dúvida você será o mais famosos! Venha!
Ela adentrou mais o quarto e passou por Brian, animada. Ele pensou que talvez conseguiria convencê-la.
— Aqui você pode colocar suas roupas — ela indicou a cômoda ao lado da cama grande. — E alí... — apontou para escrivaninha perto da janela. — Você escreverá seus livros.

— Senhora, ainda só posso pagar cinquenta — insistiu Brian.
— Esse quarto vale mais cem do que cem — Fraulein disse carrancuda. — Há tempos gente de qualidade, um novelista, como você, não frequentam minha pensão.

Brian deu de ombros. Ele não voltaria atrás com o valor.
— Cinquenta marcos, então — disse a senhora por fim. — Cinquenta a mais ou a menos, e daí? Não vamos deixar que esse detalhe atrapalhe nosso caminho. Seus cinquenta marcos são mais dinheiro do que eu tinha ontem.

— Muito obrigado, Sra. Fraulein! — disse Brian, sorrindo e largou a mala do chão. — Muito obrigado, mesmo.

— Ah, não há de que — bufou a senhora com a cara fechada. E andou até a porta devagar, apertando o xale contra o corpo, a corrente de vento naquele quarto devia ser forte. — Quando a vida te dá uma oportunidade você não pode simplesmente joga-la fora.

...

À noite, Brian começou a escrever, ou a tentar, ao menos. Três vezes trocará o rolo de papel da escrivaninha. Nenhuma ideia vinha a cabeça. Talvez ele precisasse sair para encontrar alguma inspiração. Há de tudo aqui em Berlim, Ludwig dirá à ele aquela tarde.

— O Kit Kat Club — se pegou sussurrando o nome do estabelecimento que Ernest recomendará. Talvez lá encontrasse algo para se inspirar.

Ele levantou da cadeira da mesa da escrivaninha, apanhou o casaco da cama e seu chapéu. Correu para fora do quarto e desceu rápido para a recepção da pensão da Sra. Fraulein. Duas senhoras idosas conversavam em uma mesa, uma delas repousava cartas em frente à outras, de forma enigmática.

Quando saiu para a rua, jmbto forte bateu em seus rosto e seu cabelo loiro bagunçou novamente, ele pôs o chapéu sobre a cabeça, então. Assobiou loucamente para o primeiro táxi passou pela rua.

— Para o Kit Kat Club! — mandou ao motorista logo que entrou no carro.

...

O cabaré era escuro de maneira sombria e misteriosa. Haviam muitas mesa redondas espalhadas por aquele salão relativamente pequeno, mais que poderia abrigar uma certa multidão. Um bar se estendia em uma extremidade do salão, era o espaço mais iluminado de todos o clube, com lâmpadas coloridas que piscavam e cintilavam freneticamente.

Life is a CabaretOnde histórias criam vida. Descubra agora