Olá, Berlim

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Brian Roberts desceu do trem lentamente, carregando suas duas malas, uma em cada mão. Os cabelos loiros bagunçaram com o soprar do vento, ele estava feliz de ter chegado à Berlim depois da longa e entediante viagem. A estação estava pouco movimentada, o trem do qual acabará de sair seguiu caminho, e Brian, seguiu para fora afim de encontrar um táxi e um lugar para ficar.

As pessoas que andavam apressadas para lá e para cá não fizeram a gentileza de parar para ajudá-lo com alguma informação, e passavam direto por ele, como se não existisse. Brian se sentou em um banco próximo à rua, esperando avistar um táxi.

Para sua surpresa, um homem alto que usava um longo casaco semelhante ao de Brian, mas o seu era marrom, sentou-se ao seu lado no banco.
— América? — perguntou o homem.

— Desculpe...? — disse Brian sem compreender, era a primeira pessoa que falava com ele, que havia notado sua presença naquele lugar novo e estranho.

— Você veio da América? — repetiu o homem, claro.

— Ah, não — respondeu Brian. — Sou britânico.

— Eu o vi tentando falar com o povo, todo perdido — disse o homem passando uma olhar ao redor. — A maioria dos alemães são apressados e antipáticos. Mas, eu não, é claro.

— Eu percebi — Brian sorriu e estendeu a mão. — Sou Brian Roberts.

— Ernest Ludwig — o homem o cumprimentou com um aperto breve em sua mão. — Veio visitar Berlim? Poderia jurar que é puramente alemão por causa desses olhos azuis.

— Ah, não. Estou a trabalho — respondeu Brian. — Sou escritor mas, espero conseguir alguns alemães para ensinar inglês, enquanto escrevo minha nova obra.

— Bem, você veio ao lugar certo, se quer inspiração — Ludwig o encorajou. — Há de tudo aqui em Berlim, acredite no que digo.

— Espero que tenha alguma hospedaria barata — Brian falou olhando para a rua, no exato momento em que um luxuoso carro preto passou.
Logo em seguida, um jovem rapaz magro em sua bicicleta passou lançando revistas na frente das portas das casas. Uma das revistas caiu sobre os pés de Ludwig.

— Ah, ora, ora — o homem a pegou. Havia uma suástica bem na capa, Brian percebeu rapidamente. Era difícil não reconhecer aquela bandeira com um fundo vermelho, um disco branco e uma suástica preta no meio, e o que ela significava. Ernest se virou para Brian e disse: — Reconhece?

— Sim, sim, sei bem — respondeu com a voz pesada. — Tenho lido o "Minha Luta". Já que estou aqui, é melhor estar por dentro da política atual.

— Bem, você disse que estava procurando um lugar para ficar — Ernest disse e pôs a mão direita dentro do casaco, quanto com a outra segurava a revista. Ele retirou um cartão e entregou-lhe a Brian.

   "Pensão Fräulein Schneider
                  
       Aqui, o melhor e mais acessível
                         Rua: ************
                   Telefone: *************"

— Melhor e mais acessível — Brian leu em voz alta e olhou, descrente, para Ernest.

— Não é um hotel de luxo, mas para você, deve servir — Ludwig se levantou, à beirada da calçada acenou para um táxi amarelo que passava. O carro parou à frente deles, e Ernest abriu a porta para Brian entrar. — Ah, estarei no Kit Kat Club hoje a noite. É o melhor cabaré da cidade, acredite no que digo. Apareça lá, quem sabe não encontrei alguma... inspiração, se é que me entende. Guarde o nome: Kit Kat Club, não vai se arrepender!

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