Capítulo 12: O trato

136 17 26
                                    

Emma saiu do elevador do hospital. Era cedo, e o sol mal tinha subido no céu. Ela caminhou até o quarto de Regina, segurando uma bolsa, e encontrou Cora sentada do lado de fora, limpando algumas lágrimas. No momento em que Cora notou a presença de Emma, limpou as lágrimas e colocou um par de óculos escuros.

— Bom dia, Swan. Finalmente você conseguiu. Minha filha me odeia por sua causa.

Emma suspirou.
— Eu duvido muito. O que aconteceu?

Cora não respondeu. Em vez disso, levantou-se e foi para uma cadeira próxima a uma janela. Emma respirou fundo e entrou no quarto.

Regina olhava para a janela com um olhar distante. Ela tinha um pouco de sono no rosto e uma leve irritação.
— Bom dia, linda.

Regina olhou para Emma, sem muito ânimo no olhar.— Bom dia.

Emma caminhou até ela e beijou sua testa.

— O que aconteceu entre você e sua mãe?

— Ela estava me estressando, então eu dei um basta. Ela estava reclamando de você e de tudo. Lembrei que eu não pedi para ela ficar aqui, e que não precisava da companhia dela se ela continuasse daquele jeito...

— Parece algo que ela pode suportar, mas ela estava abalada.

— Talvez eu tenha sido um pouco mais cruel nas minhas palavras.

— Entendo.

Emma mexeu na bolsa, tirando um par de meias com desenhos de coalas.

— Para que isso? — perguntou Regina.

— Bem, são suas meias favoritas, não são?

— Eu não sinto meus pés, Emma — disse a morena, como se Emma tivesse sugerido a coisa mais idiota do mundo.

— Eu sei, mas mesmo que você não sinta, quero que esteja com algo de que goste — disse a loira, colocando a meia no pé de Regina, que não estava engessado. Emma depositou um beijo no pé coberto pela meia.

— Mesmo que alguém esteja bem mal-humorada hoje.

— Mal-humorada? Emma, eu não posso limpar minha própria bunda.

— Sim, doutora, muitas pessoas não podem. E, embora eu acredite que sua mãe possa ser um pé no saco, ela esteve aqui desde o primeiro dia, e está preocupada.

— Por que está defendendo ela?

— Acredite, não é do meu interesse. Mas, neste momento, você precisa de pessoas que te amam ao seu redor, e afastar sua mãe ou tentar me afastar não vai ajudar.

Regina não respondeu. Emma tirou da bolsa o edredom favorito de Regina.

— Quer colocar este?

— Parece adequado.

Emma retirou o cobertor do hospital e cobriu Regina. A morena suspirou, tocando o edredom com a ponta dos dedos, onde ainda conseguia sentir sua textura. As lágrimas caíram de seu rosto, e Emma se sentou na ponta da cama, beijando carinhosamente a lateral da cabeça da morena.

— É tão difícil...

— Eu não faço ideia, mas estou aqui por você. Sua mãe também, sua irmã, todos nós.

— Eu... só não imaginava que, aos 33 anos, minha própria mãe teria que limpar minha bunda. Isso é constrangedor. Que eu ficaria imersa dentro de mim, que eu não sentiria nada.

Emma queria apenas abraçar Regina, queria poder sugar toda sua dor e agonia. A loira carinhosamente passou uma mão pelas costas de Regina e a beijou delicadamente.

The Piece of Me - GIPOnde histórias criam vida. Descubra agora