Poema 1 - A Diva Falsa

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Ai Senhora dos olhos negros

Que não notais minha afeição

Ai minha dama que não ousais

Num simples ouvir das cantigas de amor que lhe clamo


Ai Senhora das grandes fatalidades

Que sofreis por não ter a beleza

Da tão desconhecida Afrodite

Ai mártir dos desejos

Que de teus olhos escorrem

Rios, mares e oceanos

Pelo desejo de seres "a maior"

(E mais desejada)


Ai diva das divas

Que te metes nessa posição

E no teu respectivo lugar

Por pura vaidade e preconceito


Ai tu que ambicionas o mundo

Ai tu que inventas todos os males

Da mítica caixa de pandora

E que os libertas espalhando o medo

Sem qualquer piedade

Pensando ser Deus


Tu que inventaste não só o amor e a amizade

Mas também o escárnio e o maldizer

E que os cantas como um trovador de mil versos

Escritos ou não por ti

Espalhando ironia e comédia

Temperada com alta superioridade

E habilidade de criar estereótipos mesquinhos


Tu que és idolatrada por tudo e todos

E achas-me no dever de o fazer também

Recitando dulias, hiperdulias e latrias

E de incluir teu nome em todos os livros sagrados


E que nunca reparaste nas trovas

Da minha saudade, desejo e paixão

Fruto da dedicação de te querer bem

A que unicamente chamas devoção


Agora te dás conta que sangras

E que não és deusa, diva nem santa

Apenas és senhora

E dona de beleza quanta

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