Poema 10 - Maldição

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É precisamente por me odiares,

Que sei, sem sombra de dúvida,

Que te importas verdadeiramente.


Pela tua indiferença, sei que não és indiferente

A tudo aquilo que eu represento,

Pois espelhas na tua expressão e em tudo o que fazes,

Um súbito bem-querer por mim,

E por tudo o que é realmente importante para mim.


Sei que escondes o que sentes na verdade,

E não te mostras, para provares constantemente,

Que estou errado, quando na verdade nunca estive tão certo,

Quando digo que gostas de mim e sentes ciúmes,

Só por reparares na minha presença ao lado de outrem.


Sei que por mais que te custe esconder,

Fazes isso por pensares que sou superficial,

Convencido, egocêntrico, e incapaz de entender

O significado desse presente que me dás todos os dias,

Sem saberes que o dás na verdade,

(Mesmo que indirectamente),

Apenas pelos sinais do teu rosto.


Todos os dias que passo contigo,

São como uma bênção,

A única que recebo de bom grado,

E que me satisfaz,

Apenas por estar ao teu lado,

E poder olhar para ti,

Mesmo que por breves instantes.


Sei que também nunca tive a coragem

De te dizer tudo isto cara-a-cara,

E que perdi muitas hipóteses de o poder ter feito.

Mas se contasse, renegarias tudo o quanto te queria dar,

Dirias que não me conheces em frente aos teus amigos,

Ou então inventarias falsas reputações,

Para me pores um rótulo de alguém sem escrúpulos.


Sei que por mais que gostasses, nunca o irias admitir

Perante as pessoas que te são queridas e próximas,

Pois, irias sempre ver em mim,

Alguém sem o devido merecimento de tudo isso.


Nunca te imaginei assim,

Uma pessoa que ao mesmo tempo,

É tão loucamente apetecível,

E tão amarga e desprezível.


Embora não tenhas nada de fascinante,

Bonito ou atraente, para além do teu físico,

Tudo em ti me fascina.

Existirá pior maldição do que apanhar uma cegueira de amor?


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