Não sei se esta história poderá interessar a alguém
mas na mesma vou conta-la,
nunca irei perder nada,
não posso perder nada,
como posso perder nada,
se esse nada é impossível de se perder?
Quando a conheci pensei de imediato
a bem dizer sem pensar,
que fosse uma estrela,
pois depressa vi a sua luz,
e essa luz deslumbrou-me
de uma forma tão fatal
que nem Abel
no meu tenro pensar
teria cegueira tão tamanha
de seguida, por trás desse brilho
vi a sua dor, e sem mais demoras
fiz de tudo para a ver feliz
quis que todos os meus dias de chuva
fosse os seus dias de sol
e assim foi
por momentos, ela sem negar
partilhou esse sol comigo
já não tenho bem certeza
se foi quando ele nasceu
ou se foi quando ele se pôs
juntos, partilhamos...
todos os dias
horas e segundos
até os nossos maiores segredos
os nossos maiores medos
mas num certo dia
todo o ar que existe entre nós
começou a se comprimir,
em vez de ser leve e solto
e fluir com suavidade
ficou denso, pesado...
e nada foi duradouro
tudo se transformou em nevoeiro
tudo se perdeu
e nunca foi suficiente
o encanto, o fascínio
as esperanças de dias venturosos
nada será como antes,
nem o meu olhar quando a vir
pois tudo é inteiro em mim
e nela tudo é invicto
mas tudo em nós é frágil
e todo o nós se quebrou
para sempre? não sei
e a direcção certa quem a vê?
Mas se existe uma impressão correcta
não será minha, mas de quem lê