Poema 14 - Só Sabe Quem Lê

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Não sei se esta história poderá interessar a alguém

mas na mesma vou conta-la,

nunca irei perder nada,

não posso perder nada,

como posso perder nada,

se esse nada é impossível de se perder?


Quando a conheci pensei de imediato

a bem dizer sem pensar,

que fosse uma estrela,

pois depressa vi a sua luz,

e essa luz deslumbrou-me

de uma forma tão fatal

que nem Abel

no meu tenro pensar

teria cegueira tão tamanha


de seguida, por trás desse brilho

vi a sua dor, e sem mais demoras

fiz de tudo para a ver feliz

quis que todos os meus dias de chuva

fosse os seus dias de sol

e assim foi


por momentos, ela sem negar

partilhou esse sol comigo

já não tenho bem certeza

se foi quando ele nasceu

ou se foi quando ele se pôs


juntos, partilhamos...

todos os dias

horas e segundos

até os nossos maiores segredos

os nossos maiores medos


mas num certo dia

todo o ar que existe entre nós

começou a se comprimir,

em vez de ser leve e solto

e fluir com suavidade

ficou denso, pesado...

e nada foi duradouro

tudo se transformou em nevoeiro


tudo se perdeu

e nunca foi suficiente

o encanto, o fascínio

as esperanças de dias venturosos


nada será como antes,

nem o meu olhar quando a vir

pois tudo é inteiro em mim

e nela tudo é invicto

mas tudo em nós é frágil

e todo o nós se quebrou


para sempre? não sei

e a direcção certa quem a vê?

Mas se existe uma impressão correcta

não será minha, mas de quem lê


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