Ai Senhora dos olhos negros
Que não notais minha afeição
Ai minha dama que não ousais
Num simples ouvir das cantigas de amor que lhe clamo
Ai Senhora das grandes fatalidades
Que sofreis por não ter a beleza
Da tão desconhecida Afrodite
Ai mártir dos desejos
Que de teus olhos escorrem
Rios, mares e oceanos
Pelo desejo de seres "a maior"
(E mais desejada)
Ai diva das divas
Que te metes nessa posição
E no teu respectivo lugar
Por pura vaidade e preconceito
Ai tu que ambicionas o mundo
Ai tu que inventas todos os males
Da mítica caixa de pandora
E que os libertas espalhando o medo
Sem qualquer piedade
Pensando ser Deus
Tu que inventaste não só o amor e a amizade
Mas também o escárnio e o maldizer
E que os cantas como um trovador de mil versos
Escritos ou não por ti
Espalhando ironia e comédia
Temperada com alta superioridade
E habilidade de criar estereótipos mesquinhos
Tu que és idolatrada por tudo e todos
E achas-me no dever de o fazer também
Recitando dulias, hiperdulias e latrias
E de incluir teu nome em todos os livros sagrados
E que nunca reparaste nas trovas
Da minha saudade, desejo e paixão
Fruto da dedicação de te querer bem
A que unicamente chamas devoção
Agora te dás conta que sangras
E que não és deusa, diva nem santa
Apenas és senhora
E dona de beleza quanta