Quebrei todos os espelhos
Que pudessem reflectir
A minha condição de agelasta,
Misantropo e inexpressivo.
Não olho nos olhos das pessoas
Pois são como espelhos para mim
E por mais que não me expresse
Sinto que não gosto de me ver reflectido
Nunca sorri para ninguém
Nem para mim
E os espelhos revelam-me
As fachadas da felicidade
Que se dispõem no meu rosto
Nada no meio das multidões me alegra,
Nada fora das multidões me entristece,
Nada sinto...
As minhas lágrimas não correm
Para que nelas se possa reflectir a luz
E mesmo ao lado de uma cadeira
No meio daquele quarto escuro
Na qual me sento,
vejo a morte de pé
Mesmo por trás de mim,
Como se pousássemos para uma foto em família
Com rostos alegres no meio de uma calma tempestade,
Que precipita mas não molha
Que troveja mas não machuca,
Apenas beija!