"Somos reflexos de nossos sonhos, de nossas vontades e desejos... lutamos sempre por uma vida melhor, por um lugar neste mundo, tão concorrido... E no meio dessa busca, dessa luta, o medo sempre faz e talvez sempre vai fazer parte de nossas escolhas, pois talvez eles são o que no final das contas nos defina... o medo de conhecer, de arriscar, de amar, de ser amado... ele é aquilo que nos controla, como se fossem os freios de nossos carros, tentando evitar a batida final... tentando evitar que nos quebremos no meio do caminho, como um soldado quando volta de sua ultima batalha..."
(Kaius Cruz)
**Abril de 2002
Marcus estava em casa, brincando com o filho no quintal, quando de repente escuta o telefone da cozinha tocando, ele olha para o menino a sua frente, joga a bola para o menor e segue até a cozinha:
- Segura ai campeão... que o papai vai ver quem é, que tá ligando!! Beleza!?
- Beleza pai!! – o pequeno faz um gesto com o dedão.
O pedreiro entra na casa e logo pega o telefone, que tocava insurgente em meio ao silêncio solitário da casa de Marta.
- Alô?! – Marcus atende distraído.
- Marcus!? É você ???! – um Luiz Carlos agoniado pergunta do outro lado da linha.
- Sim! Sou Luiz... diga ai meu amigo... que foba é essa, homem?!
- Marcus aconteceu algo com Marta... por favor... não posso te explicar agora por telefone... Você pode vir agora para cá!? Ela tá aqui... é muito sério Marcus!! – Luiz Carlos estava muito nervoso, e sua voz carregada de angustia e sofrimento, fez despertar em Marcus um arrepio de dúvida e dor.
- Estou indo agora!! É só o tempo de eu preparar o Carlinhos e tomar um banho!!! – fala angustiado.
- Tá! Estamos te esperando... vou avisar os pais dela...
- Até!!! – Marcus desliga o telefone jogando ele no gancho de qualquer jeito.
Marcus corre até o quintal, olha para o filho sério e fala de uma vez:
- Sua mãe tá precisando de nós... meu filho... Anda vamos!!!
- Eu sei... mamãe bateu... o Toby disse que ela bateu!!! – o menino fala de forma lacônica.
- Quem é Toby?! – Marcus pergunta curioso.
Carlinhos sorri e responde:
- É meu amigo invisível... a gente se conheceu a agora pouco... ele disse que vai me proteger... Como se fosse meu anjo da guarda... – o menino explica.
- Tudo bem meu filho... depois você diz que eu mandei um abraço para seu novo amiguinho... Agora vamos! Sua mãe tá precisando de nós!!
- Vamos! – o menino corre pula para que o pai o carregue.
Marcus toma banho junto com o filho e juntos eles se vestem e partem com muita urgência para o hospital onde a sua mulher trabalhava. No coração de Marcus a certeza de que algo não estava certo, de que algo muito ruim estava por vir...
O futuro incerto e as nuvens predizendo momentos de dor e angustia, rodeavam seu coração de dúvida, mas ele ainda não sabia... mas a fala providencial do filho, e a forma angustiada do amigo falar ao telefone, para lhe dar a noticia fatídica, dizia para Marcus, que algo de muito ruim estava por vir... algo que transformaria sua vida para todo o sempre...
O pedreiro de coração cheio de dúvidas e angustia finalmente estaciona no estacionamento, que ele já estava acostumado a frequentar, pois vez ou outra ia buscar a mulher cansada, quando ela largava seus plantões na madrugada.
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O PADRASTO
RomanceQuais os limites do amor? Existem limites para se amar e ser amado? Deve a sociedade interferir na forma como amamos e somos amados? O que é certo? O que é errado? As respostas para essas e outras questões, sempre foram e, provavelmente continuarão...