CAP.: 05 - CIGANA

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"O que seria a sorte, senão uma oportunidade em um momento oportuno... Seria a vida um mistério já escrito antes mesmo de nascermos? A resposta para tal pergunta sempre será um mistério, tão antigo quanto tempo e tão fugaz quanto o medo de saber a verdade por entre os inúmeros encontros e desencontro marcados pelo destino... Qual o maior dom que nos foi dado por Deus? Seria a capacidade de viver plenamente uma virtude ou amar incondicionalmente...?

(Kaius Cruz)

**Maio de 1999

O tempo finalmente passara, Marta havia feito seu pré natal com muita cautela, sempre sob orientação do seu médico. A sua gravidez era de risco e tanto ela quanto, Carlos, seu melhor amigo, já sabiam que seria complicado...

Ambos estavam no consultório do médico, quando Luiz Carlos perguntou:

- Então... Doutor, para quando é que o senhor acha que vai ser o parto?

- Pelas minhas contas... acho que no meio do mês de julho o seu nasce minha querida! – o médico afirma inseguro.

- Tá doutor... mas por que essa cara!? O senhor parece que não está tão convicto assim de sua fala?! – Marta pergunta.

- Olha Marta... você é uma das minhas melhores alunas... e vai ser médica um dia... então vou ser muito sincero com você minha querida, gravidez, como você bem deve saber... é uma gravidez de risco então minha filha... eu lhe digo, fique sempre sobre aviso... pois esse garotão que você tá esperando, pode chegar antes do tempo...

- Sério doutor?! Mas com base em quê?

O médico suspira forte, olha para Luiz Carlos e logo depois para a futura mamãe...

- Olha Marta... seu bebê é muito pequeno para uma criança de quase oito meses de vida e você... bem, durante todos esses meses, sempre passou por apuros, por isso que peço que você recobre sua atenção nesse sentido... Vocês estão me entendendo?!

- Tudo bem doutor! Muito obrigado! – ambos agradecem e deixam o consultório médico.

Já em sua casa alugada com a ajuda de custo da mãe, a futura médica, com a ajuda de seu amigo e sobre a lembrança do aviso do médico, resolve deixar arrumada uma pequena malinha com roupas de bebê e dela, para um caso de emergência...

E eis que a emergência finalmente veio. Eram por volta de duas da manhã da madrugada do dia 31 de maio para o dia primeiro de junho daquele ano de 1999, quando Marta sozinha e sentindo muitas dores... segue andando a pé até um ponto de taxi que existia ali perto... foram os mais de duzentos metros mais dolorosos da vida de Marta, pois a cada curto passo que dava as dores de suas contrações se aceleravam e ali ela sabia... seu pequeno Carlos estava querendo vir ao mundo, como o próprio médico havia lhe avisado logo cedo...

As dores eram fortes demais, e a cada passo dado pela rua fria e completamente deserta daquele bairro pobre e solitário a futura mãe rezava e chorava silenciosa pedindo pela vida do filho e pela sua própria vida que corria risco...

As dores do silêncio irrompiam pelo seu corpo e pela sua alma... desespero e dor eram deixados pelo chão e pela face da jovem médica que ia chorando, gemendo e sofrendo as dores da morte que assolavam seu corpo e sua alma abandonada...

Mas suas orações cheias de dor e angustia finalmente foram ouvidas, ou melhor atendidas, pois ela nem precisou chegar até o ponto de taxi, que ainda parecia deveras distante... Ela não precisou pois como se Deus ouvisse suas preces naquele momento... eis que um motorista parou no meio da calçada... era um rapaz lindo, vestindo uma calça jeans solta e uma camiseta do Legião Urbana... parecia estar vindo de uma balada...

O PADRASTOOnde histórias criam vida. Descubra agora