Max buscava ignorar a trilha sonora irritante que os equipamentos faziam ao apitar os batimentos cardíacos na sala ao lado quando, de maneira súbita, a cortina divisória em sua frente se agitou com a chegada de Bradley, o qual estava ofegante e com o cenho franzido em preocupação.— Você é um imbecil! — Esbravejou entredentes, caminhando em passos agressivos para perto da maca que o namorado se encontrava.
Um pouco mais cedo naquele dia, Max precisou ser levado às pressas para o centro médico após ter se lesionado na queda de uma rampa bastante alta. O jovem foi atendido adequadamente, e agora grande parte do seu braço esquerdo está coberto por uma grossa camada de gesso pálido, que protegia a fratura óssea.
Brad não havia comparecido aos treinos do moreno, como sempre fazia, por estar ocupado preparando doces caseiros com a mãe. Entretanto, assim que soube do ocorrido na pista de skate, abandonou o compromisso de forma instantânea.
— Nem doeu tanto... — Max deu de ombros, escondendo o fato de que chorou como uma criança durante a ida ao hospital.
Ao alcança-lo, Bradley estapeou a nuca do mais novo como forma de o repreender pelo feito e, no segundo seguinte, calou os resmungos bravos com um selinho demorado e carinhoso. Ele depositou uma das palmas com cautela na parte imobilizada, fitando a área com inquietação.
— Eu sempre disse pra você tomar cuidado com aquela subida de merda, idiota. — Disse baixinho. — Seus machucados me ferem...
Max observou a expressão angustiada do veterano de perto, visto que estavam com os rostos tão próximos que ele podia sentir a respiração de Bradley se misturar com a sua. Encostou as testas uma na outra, esfregando as pontinhas dos narizes em um ato gentil.
Por um momento, o de piercings esqueceu do incômodo do material endurecido no seu braço e somente testemunhou o quão Bradley ficava uma graça preocupado daquele jeito consigo.
— Eu sei, me desculpa, doce... — Sussurrou de volta, deixando um beijo estalado na bochecha do maior, que logo ficou corado. — Olha, só vou precisar ficar com isso — Ergueu levemente o braço enrijecido. — Por um mês e meio, mais ou menos. Vai sobrar tempo pra eu poder competir nos torneios de outono!
Bradley bufou e o olhou com as pálpebras cerradas, se sentando na beira do colchão fino, que estava localizado no centro do quarto estreito na ala da emergência. Ao fundo, se podia ouvir ruídos de máquinas e carrinhos de metal sendo arrastados pelos corredores.
— Nem morto que eu vou deixar você participar. — Decretou, cruzando os braços e encarando duramente o revirar dos olhos escuros.
— Eu vou sim! — Falou firme, ajustando a postura contra as grades da cabeceira. — Você querendo ou não.
— Mas nem que a vaca tussa. — Bradley estava resoluto, ignorando o olhar afiado do namorado ao continuar, com o tom simplório: — Esquece isso, você pode participar na próxima temporada de outono.
— Daqui a um ano?! — Choramingou alto, esperneando. — Nem fodendo!
— Então ao invés de ficar um ano sem torneio, você vai ficar um ano sem encostar um dedo em mim. — Deu o ultimato, esquadrinhando as próprias unhas bem cuidadas com um ar soberbo. — A decisão é sua, docinho. — Sorriu irônico.
Bradley fitou de lado a expressão incrédula do calouro, fazendo um esforço enorme para não gargalhar alto diante do choque.
— Você é cruel... — Resmungou, sentindo um calafrio severo subir pela espinha ao sequer imaginar Bradley declarando greve de sexo.