À Beira do Incontrolável - Extra 3

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Vanessa me leva para um lugar isolado, e lá, eu conto tudo a ela, sem nem hesitar. Ela não precisou dizer uma palavra, apenas uma olhada firme dela já me fez falar tudo, ela daria uma ótima investigadora. Fico feliz de ter uma amiga para desabafar, em meio a tudo isso ela é a única pessoa na fazenda que sabe sobre tudo que estou passando, sem contar com o Mateus e agora, o Felipe.

Tomei uma bronca carinhosa da Vanessa, me senti quase como o Douglas hoje. Ela disse que, obviamente, não contaria para ninguém e tentaria nos acobertar por hoje mas que nós deveríamos tentar ser menos... atrevidos. Eu não sabia nem onde enfiar a minha cabeça de tanta vergonha! Olha só o que você me faz passar, Felipe. Quero dizer, a culpa não foi totalmente dele mas eu continuo irritada!

Eu e Vanessa ficamos um bom tempo conversando, espero que eu não a tenha prejudicado depois de tomar tanto tempo dela. Quando vou até à sala de jantar procurar por Felipe, já não tinha ninguém lá, todos já haviam saído e retomado suas tarefas diárias.

Procuro Felipe por todo lugar, cozinha, sala de estar, deixei o lugar mais óbvio por último, só pra fazer um suspense. Quando finalmente vou até seu habitat natural (o quarto dele), abro a porta com cuidado, entrando no quarto de fininho, no intuito de dar um susto nele.

Assim que entro no quarto, me deparo com um Felipe distraído, perdido em meio aos seus pensamentos e para a minha sorte, de costas para a porta, sentado em sua cadeira. Me aproximo dele lentamente, fazendo o menor barulho possível, até chegar perto o suficiente. Ele estava tão distraído que nem reparou a minha presença. Era agora ou nunca! Sem hesitar, aperto seus ombros com força enquanto solto um grito:

— AAAAAAAAH!!

Felipe dá um pulo na cadeira, soltando um grito que ecoa pelo quarto:

— AAAAAAAAAAAAII! Que isso?! Tu surtou de vez?!

Ele se vira tão rápido que quase derruba tudo ao seu redor, os olhos arregalados e a respiração ofegante. Eu quase morro de rir enquanto ele me olha espantado.

—  Eu aqui preocupado e tu faz isso. — ele responde, colocando a mão no peito como se quisesse acalmar o coração acelerado, tentando disfarçar o sorriso que começa a surgir no rosto. — Imagina se eu fosse cardíaco!

— Para de drama Felipe. E tem mais é que ficar preocupado mesmo. Isso ainda é pouco pelo que você fez comigo hoje! — digo, dando um empurrão no ombro dele.

— Tu não tentou nem resistir, nem adianta botar a culpa só em mim, sua... sua danadinha. — Eu dou risada ao ouvir ele me chamando de "danadinha". Que apelido ridículo é esse?

— Danadinha? Você fez essa pausa dramática só pra meter uma dessas? Tá parecendo um velho tarado, Felipe. —  Eu digo entre risos. 

— Porque tu é, sim, toda cheia de graça e... Toda danada! Essa foi a primeira coisa que veio na minha cabeça. 

— Não quero nem saber quais são as outras coisas que vem na sua cabeça. 

— Mas e aí? O que a Vanessa queria? Ela percebeu?

— Óbvio que percebeu, o que você esperava? — eu cruzo meus braços, lembrar dessa situação me deixou irritada com ele de novo — Seu inconsequente! No que você tava pensando fazendo aquilo em pleno almoço?!

— Eu sei, eu sei... Mas eu tenho que aproveitar, não é? Tanto tempo só te desejando, agora que eu te tenho, não vou parar nunca. — ele responde, no tom mais convencido possível, fico alguns segundos em silêncio, não esperava uma dessas agora.

— Não abusa... Eu ainda sou a "namorada do Mateus". — assim que eu cito Mateus, ele suspira. 

— Nem me lembre disso. O que a Vanessa falou, afinal?

Quem eu quero é você! - Entre laços e amassos (Felipe)Onde histórias criam vida. Descubra agora