Você vai pagar

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Maiara

A tensão no ambiente era palpável, cada movimento carregava a incerteza de qual seria o próximo passo. Mendonça, ou Marília como eu costumava chamá-la em momentos de intimidade, parecia surpresa com a virada dos acontecimentos. Ela, que sempre se mostrava impassível e inabalável, agora exibia pela primeira vez um vislumbre de vulnerabilidade.

— Daqui você não sai — reforcei, apertando ainda mais seu braço. O suor escorria pela minha testa, mas eu não podia fraquejar agora. Precisava ter o controle da situação.

— Me solta, AGORA! — Marília ordenou com uma voz baixa e ameaçadora, os olhos fixos nos meus, quase irradiando ódio e confusão. — Não quero te machucar — sua expressão tornou-se sombria, como se estivesse pesando todas as possíveis consequências de nossas ações.

— Você só sai daqui quando eu quiser — minha voz soou mais firme do que eu imaginava. Eu precisava parecer inabalável, mesmo que por dentro meu coração estivesse acelerado.

Ela deu uma risada sarcástica, quase debochada, e se virou para me encarar diretamente.

— Quem você acha que é para mandar em mim? Uma pirralha desse tamanho acha mesmo que vai me controlar? — o tom era ácido, mas havia algo por trás de suas palavras que me dava a confiança de que eu estava no caminho certo.

— Posso até não ter o seu tamanho, mas tenho algo que você nunca vai ter: controle. — A puxei mais perto, aproveitando o momento em que ela baixou a guarda. — Querendo ou não, você está nas minhas mãos. — Sussurrei em seu ouvido, sentindo sua respiração acelerar. — Tanto na cama quanto fora dela, você é minha.

Por um breve momento, Marília fechou os olhos, respirando fundo. Eu senti que havia algo dentro dela que hesitava, que lutava contra si mesma.

Foi nesse instante que me aproveitei da situação. Rápida e silenciosa, tirei a arma que estava presa ao seu quadril e apontei diretamente para sua cabeça. Marília abriu os olhos, agora completamente assustada, sem saber como reagir à minha mudança de postura.

— O que... o que você está fazendo? — sua voz tremia levemente, mostrando um lado que ela nunca havia demonstrado antes.

— Eu disse que você está nas minhas mãos — repliquei friamente, apertando o gatilho levemente, mas sem disparar. — Agora, é você quem vai me escutar.

A tensão no ar parecia se solidificar, criando uma atmosfera densa e sufocante. Marília, por trás de seu olhar confuso e traído, tentava processar a virada brutal da situação. Mas, naquele momento, era eu quem estava no controle — pela primeira vez em anos.

— Você vai descer lá embaixo — disse lentamente, enfatizando cada palavra para que não houvesse dúvida. — E vai controlar seu pai. Vai garantir que ninguém, NINGUÉM mesmo, toque no meu pai. Você entendeu? — A arma continuava apontada para sua cabeça, e eu sentia a adrenalina correr por minhas veias.

Marília respirou fundo, seu olhar se tornando mais frio. O choque inicial parecia estar desaparecendo, dando lugar à incredulidade e um misto de amargura.

— Maiara... você vai mesmo defender seu pai? — Ela balançou a cabeça, incrédula. — Mesmo depois de tudo o que ele fez? Comprometeu sua felicidade, destruiu sua vida, ameaçou sua irmã... Ele mentiu para vocês! — Sua voz carregava frustração, talvez até uma sombra de pena. — Eu esperava mais de você.

Aquelas palavras me atingiram por um segundo, mas logo fui invadida pela raiva. Marília achava que sabia tudo, mas ela não conhecia a profundidade do meu ódio e do que eu era capaz para proteger o que restava da minha família — ou do que eu acreditava ser meu. Respirei fundo e deixei a frieza tomar conta de mim.

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⏰ Última atualização: Sep 21 ⏰

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