o amor silencioso

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A névoa densa que envolvia a cidade de Londres era um espelho da tristeza que habitava o coração de Amelia. Ela observava a chuva cair sobre o rio Tâmisa, cada gota como uma lágrima silenciosa que escorria por sua alma. Há cinco anos, ela havia se apaixonado por William, um jovem escritor com um olhar melancólico e uma alma poética.

O amor deles foi intenso e avassalador, como um furacão que varreu suas vidas e as uniu em um turbilhão de emoções. Eles viviam em um mundo próprio, onde as palavras de William se transformavam em poemas apaixonados e os beijos de Amelia eram como um bálsamo para sua alma.

Mas a felicidade, como um pássaro livre, não se deixa aprisionar. William, atormentado por um passado sombrio que ele se recusava a compartilhar, carregava consigo uma tristeza profunda que o consumia por dentro. Ele se afastava de Amelia, a empurrava para longe, com medo de machucá-la com sua dor.

Amelia, apaixonada e teimosa, se agarrava a ele com todas as suas forças, acreditando que poderia ajudá-lo a superar seus demônios. Ela o amava incondicionalmente, e sua esperança era como um farol na escuridão que envolvia William.

Eles se amavam, mas viviam em mundos diferentes, separados por um abismo de dor e medo. William se perdia em seus pensamentos, em seus poemas melancólicos, em um mundo onde a tristeza era a única companhia. Amelia, por sua vez, se esforçava para preencher o vazio que ele carregava, mas suas tentativas eram como gotas de água em um deserto árido.

Um dia, William desapareceu. Ele deixou uma carta para Amelia, um poema de despedida, uma declaração de amor e um pedido de perdão. Ele não conseguia mais suportar a dor, a culpa e o medo que o assolavam. Ele decidiu se entregar à escuridão, buscando paz em um mundo onde a tristeza não mais o machucaria.

Amelia ficou devastada. O mundo desabou sobre ela, e a dor a consumia como um fogo infernal. Ela procurou por William, vasculhou cada canto da cidade, mas ele havia sumido sem deixar rastros.

Ela passou anos tentando superar a dor, mas a lembrança de William a assombrava como um fantasma. Ela guardava seus poemas como um tesouro, lendo-os repetidamente, buscando consolo em suas palavras.

Um dia, Amelia encontrou um livro de poemas de William em uma livraria. Era uma edição póstuma, com uma dedicatória escrita em sua caligrafia: "Para Amelia, meu amor eterno, minha eterna tristeza."

Amelia leu os poemas, cada palavra como um punhal em seu coração. William havia escrito sobre sua dor, sobre seu medo, sobre seu amor por ela. Ele havia se entregado à tristeza, mas nunca havia deixado de amá-la.

Amelia chorou até que não houvesse mais lágrimas. Ela finalmente entendeu que o amor de William era real, mas também era marcado por uma dor que ele não conseguia superar.

Ela guardou o livro de poemas como um amuleto, uma lembrança do amor que havia vivido e que jamais seria esquecido. Ela seguiu em frente, com o coração partido, mas com a certeza de que o amor de William, mesmo em sua tristeza, havia marcado sua vida para sempre.

A névoa que antes envolvia Londres agora se dissipou, deixando o céu azul e o rio Tâmisa brilhando sob o sol. Mas a tristeza que habitava o coração de Amelia nunca se dissipou. Ela carregava consigo a lembrança de William, um amor eterno, uma eterna tristeza.



A história deixa uma sensação de melancolia, mas também de esperança. A esperança de que o amor, mesmo na tristeza, pode deixar uma marca profunda e duradoura na vida.

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