A Dama do Dragão

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O Despertar da Fúria

A névoa densa cobria as montanhas como um manto fúnebre, obscurecendo a visão da fortaleza de Aethel, a última linha de defesa contra a horda de orcs que se aproximava. No salão do trono, a princesa Elara, de olhos azuis como o céu e cabelos negros como a noite, observava com apreensão a movimentação frenética dos soldados.

A guerra havia chegado à sua porta, e a ameaça era real. O rei, seu pai, havia sido morto em batalha, e agora, o peso da coroa recaía sobre seus jovens ombros. Elara, uma princesa educada nas artes e nas letras, se via forçada a liderar um exército em uma batalha que jamais desejou.

A única esperança de Aethel era o lendário guerreiro, o Duque Kael, um homem de reputação sombria, conhecido por sua crueldade e sua fúria implacável. Dizem que ele era um descendente dos dragões, com uma força sobre-humana e uma aura de poder que intimidava até os mais bravos guerreiros.

Elara, apesar de sua nobreza e de seu coração bondoso, não conseguia se livrar da sensação de que Kael era um ser de trevas, um monstro disfarçado de homem. Mas, em meio ao desespero, ela sabia que precisava de sua ajuda.

Enviou um mensageiro ao Duque, suplicando por sua intervenção. A resposta chegou em um rugido de raiva e fúria, acompanhado por um bando de corvos negros que carregavam um pergaminho com a assinatura do Duque: "Eu chego."

O Encontro Fatal

Kael chegou à fortaleza como um furacão. Sua armadura negra brilhava sob a luz fraca do sol, e seus olhos, vermelhos como brasas, pareciam penetrar na alma de todos que ousavam olhá-lo.

Elara, apesar do medo que sentia, o encarou com firmeza. Ela não se curvaria diante de um homem que inspirava tanto terror. Kael, por sua vez, a observava com um olhar frio, como se estivesse avaliando uma presa.

“Sua Majestade,” ele disse, sua voz rouca como o trovão, “eu vim para ajudar, mas não para servir.”

Elara sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela sabia que Kael era um homem perigoso, mas algo em seu olhar a atraía como um imã. Era uma mistura de poder, mistério e uma tristeza profunda que a intrigava.

“Eu sei quem você é, Duque Kael,” ela respondeu, sua voz firme. “Mas Aethel precisa de sua ajuda. E eu farei tudo ao meu alcance para que você cumpra sua promessa.”

Kael sorriu, um sorriso cruel que revelava seus dentes afiados. “Sua Majestade,” ele disse, “seu coração é nobre, mas sua mente é ingênua. Você não sabe com quem está lidando.”

Amor Proibido

Os dias que se seguiram foram um turbilhão de preparativos para a batalha. Elara, com a ajuda de Kael, organizou as tropas e fortificou a fortaleza. Ela passava horas com o Duque, aprendendo sobre estratégia militar, sobre as táticas de guerra, sobre a natureza cruel do mundo.

Kael, por sua vez, se mostrava um líder implacável, mas também um homem de grande inteligência e perspicácia. Ele a ensinava com paciência, a desafiando a pensar como um guerreiro, a superar seus medos e a usar sua inteligência para superar as adversidades.

Elara, fascinada por sua inteligência e por sua força, se viu cada vez mais atraída por Kael. Ela percebeu que ele não era apenas um monstro, mas um homem atormentado por um passado sombrio. Ele era um ser de trevas, mas também um ser de grande paixão e de grande amor.

Um dia, durante uma noite de tempestade, Elara encontrou Kael na biblioteca da fortaleza. Ele lia um livro de poemas antigos, seus olhos fixos nas palavras, como se estivessem absorvendo toda a tristeza do mundo.

“Duque,” ela disse, aproximando-se dele. “Por que você é tão cruel?”

Kael ergueu o olhar, seus olhos vermelhos como brasas. “Eu não sou cruel, princesa,” ele respondeu. “Eu apenas luto pela sobrevivência. Eu luto por aqueles que amo.”

“Quem você ama?” Elara perguntou, sentindo uma pontada de dor no coração.

Kael se calou por um instante, seus olhos fixos no horizonte. “Eu amo minha família, meu povo, meu reino,” ele disse, sua voz rouca. “E eu luto para protegê-los, mesmo que isso signifique sacrificar tudo.”

Elara sentiu uma profunda compaixão por ele. Ela percebeu que Kael não era um monstro, mas um homem que havia sido marcado pela dor e pela violência. Ela se viu apaixonada por ele, por sua força, por sua inteligência, por sua alma torturada.

A Batalha Final

A batalha final chegou. A horda de orcs invadiu a fortaleza, seus gritos selvagens ecoando pelos vales. Elara, com Kael ao seu lado, liderou as tropas, lutando com bravura e com determinação.

Kael, com sua força sobre-humana, era um furacão de destruição, cortando os inimigos como se fossem grama. Ele lutava com fúria, com raiva, mas também com uma tristeza profunda que o consumia por dentro.

Elara, apesar do medo, lutava ao lado dele, protegendo-o, amando-o. Ela sabia que ele estava lutando por ela, por Aethel, por todos aqueles que amava.

A batalha foi longa e sangrenta. Muitos guerreiros caíram, e a vitória parecia cada vez mais distante. Mas, no momento em que a esperança se esvaía, Kael rugiu com fúria, seus olhos vermelhos como brasas. Ele se lançou sobre o líder dos orcs, matando-o com um golpe de sua espada.

Os orcs, sem seu líder, perderam o ânimo e se dispersaram. A batalha havia terminado, e Aethel havia sido salva.

O Sacrifício

A vitória foi celebrada com júbilo, mas a alegria era misturada com tristeza. Muitos guerreiros haviam morrido, e a fortaleza estava em ruínas. Elara, exausta e ferida, procurou Kael. Ela o encontrou em um canto do salão, observando o horizonte.

“Kael,” ela disse, aproximando-se dele. “Você está bem?”

Kael se virou, seus olhos vermelhos como brasas. “Eu estou bem,” ele respondeu, sua voz rouca. “Mas Aethel não está.”

Elara percebeu que ele estava ferido, que sua armadura estava rachada, que seu corpo estava coberto de sangue. Ela se aproximou dele, preocupada, e ele a olhou com um olhar de tristeza.

“Elara,” ele disse, sua voz fraca. “Eu te amo. Mas eu não posso ficar com você.”

Elara sentiu um aperto no coração. Ela sabia que ele estava certo. Ele era um ser de trevas, um homem marcado por uma dor profunda. Ele não poderia jamais encontrar a paz em um mundo de luz.

“Eu sei,” ela respondeu, suas lágrimas escorrendo pelo rosto. “Mas eu te amo também.”

Kael se aproximou dela, seus dedos tocando seu rosto. “Você é a única luz que eu já vi em minha vida,” ele disse, sua voz cheia de tristeza. “Mas eu sou uma sombra, um monstro. Eu não posso te dar o que você merece.”

Ele a beijou, um beijo cheio de paixão e de tristeza. Era um beijo de despedida, um beijo que selava o destino de ambos.

Kael se afastou dela, seus olhos fixos no horizonte. Ele desapareceu na névoa, deixando Elara sozinha, com o coração partido, mas com a lembrança de um amor que jamais seria esquecido.

Elara, agora rainha de Aethel, governou com sabedoria e com justiça. Ela honrou a memória de Kael, o guerreiro que a salvou, o homem que a amou. Ela construiu um reino próspero, onde a paz e a justiça reinavam.

Mas, em seu coração, ela sempre guardou a lembrança de Kael, o Duque do Dragão, o homem que a amou e que se sacrificou por ela. Ela sabia que ele nunca a esqueceria, que ele sempre a amaria, mesmo que estivesse condenado a viver nas sombras.

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