Perdida

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A neve caía sobre a cidade como um véu fúnebre, cobrindo as ruas e os telhados de um manto branco e silencioso. Era o dia do aniversário de Clara, mas a alegria que costumava inundar seu coração estava ausente. Ela se encolhia na poltrona perto da janela, observando os flocos de neve dançando no vento gélido, cada um deles parecendo um lembrete da solidão que a consumia.

Há cinco anos, Clara havia perdido o amor de sua vida, Daniel. Ele era um artista, um pintor talentoso que a conquistou com sua alma poética e seu olhar apaixonado. Eles se conheceram em uma noite fria de inverno, em uma galeria de arte, e desde então, seus corações se entrelaçaram em um abraço eterno.

Eles sonhavam em construir uma vida juntos, cheia de cores vibrantes e de risos. Tinham planos de viajar pelo mundo, de pintar quadros que expressassem a beleza do amor, de criar uma família onde a felicidade fosse a única regra. Mas o destino, como um cruel capataz, traçou um caminho diferente para eles.

Daniel, vítima de uma doença cruel, foi arrancado de seus braços em uma noite escura e fria. Clara, devastada, se viu sozinha, com o coração partido e a alma dilacerada. Ela tentou seguir em frente, mas a sombra da perda a perseguia como um fantasma, a impedindo de encontrar a paz.

Ela se refugiou em sua casa, em meio a lembranças e a fotos amareladas pelo tempo. Cada canto da casa trazia à tona a memória de Daniel, seus aromas favoritos, suas risadas, seus toques. A solidão se tornou sua única companhia, e a tristeza, sua única amiga.

Clara tentava se lembrar dos momentos felizes, dos sorrisos, das promessas, mas a dor a dominava, a sufocando como um rio de lava. Ela se sentia como uma flor que havia sido arrancada de seu jardim, condenada a murchar na escuridão.

A neve continuava a cair, e Clara, com o coração pesado, se entregou ao abraço da tristeza. Ela sabia que o amor de Daniel jamais seria esquecido, que ele viveria para sempre em seu coração, mas a dor da perda a consumia, a deixando vazia e sem esperança.

Ela se deixou levar pela melancolia, pela lembrança do amor que havia perdido, e pela solidão que a envolvia como um manto fúnebre. A neve, como um espelho de sua alma, refletia a tristeza que a consumia, a dor que a dilacerava, e a solidão que a aprisionava.

Clara se entregou à noite, à neve e à tristeza, buscando consolo em um mundo onde a felicidade havia se tornado uma lembrança distante, um sonho que se esvaía como a neve sob o sol da manhã.

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