Os dias seguintes à saída de Carolina da casa que dividia com Alexandre foram uma mistura de dor e alívio. Ela sabia que tomar a decisão de deixá-lo havia sido o passo certo, mas isso não significava que o processo seria fácil. O peso da separação, das memórias que pareciam surgir em cada canto de sua mente, fazia com que cada momento parecesse uma luta para manter a cabeça erguida.
Júlia foi uma grande amiga durante esse tempo. Ela ofereceu seu apartamento como refúgio e seu ombro como suporte. Carolina passava longas noites acordada, revivendo o passado, tentando entender onde as coisas haviam dado tão errado.
Uma manhã, enquanto Carolina tomava seu café na varanda do apartamento de Júlia, olhando para a rua abaixo, sua amiga apareceu com duas xícaras e um sorriso caloroso.
Júlia (colocando a xícara sobre a mesa):
— Eu sei que você está em um lugar complicado agora, mas acho que você deveria sair um pouco. Desanuviar a cabeça, sabe? Tem uma nova exposição de arte no centro. Podíamos ir.Carolina suspirou, mexendo no café com a colher, sem muito ânimo.
Carolina:
— Eu não sei, Júlia... Parece que nada faz sentido agora. Eu sinto que, não importa o que eu faça, tudo está quebrado.Júlia (sendo mais direta):
— Você precisa parar de pensar assim. Sério. Eu sei que está difícil, mas ficar trancada aqui só vai piorar. A vida não vai esperar que você se sinta pronta para viver de novo, Carolina. Você precisa dar o primeiro passo.Carolina olhou para o horizonte, as palavras de Júlia ecoando em sua mente. Talvez estivesse certa. Passar dias lamentando o passado não a ajudaria a seguir em frente. Alexandre a havia traído, sim, mas isso não significava que ela tinha que continuar presa a essa dor.
Depois de alguns segundos de silêncio, Carolina assentiu.
Carolina:
— Tudo bem, vamos nessa exposição. Mas nada de me empurrar pra encontros ou coisas do tipo, viu?Júlia riu e levantou-se, feliz por finalmente tirar a amiga de casa.
Júlia:
— Prometo. Só arte, nada mais.Na Exposição de Arte
O centro da cidade estava movimentado naquela tarde, com pessoas indo e vindo, enquanto o sol brilhava forte no céu. A exposição de arte ficava em uma galeria próxima ao parque. Quando Carolina e Júlia chegaram, foram recebidas pelo aroma de café vindo de uma cafeteria ao lado e pelo burburinho de conversas.
Júlia (animada):
— Olha só isso. Parece que está mais cheio do que eu esperava. Deve ser uma boa exposição.Carolina sorriu de leve, embora ainda se sentisse um pouco deslocada. Não sabia se conseguiria realmente aproveitar o momento, mas ao menos estava ali, tentando.
Carolina (com um tom leve):
— Bom, vamos ver se tudo isso vale a pena.Dentro da galeria, as paredes estavam decoradas com diversas pinturas e esculturas contemporâneas. As cores vibrantes e os temas abstratos contrastavam com o silêncio meditativo de quem observava as obras. Júlia, sempre energética, circulava entre as peças, comentando com entusiasmo cada detalhe artístico que lhe chamava atenção.
Carolina, por outro lado, movia-se de forma mais lenta, tentando encontrar algo que realmente lhe prendesse o olhar. Seu coração ainda estava pesado, e o mundo ao seu redor parecia desfocado. Mas, em meio ao caos emocional, uma pintura específica chamou sua atenção.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cicatrizes do Coração
RomanceCarolina, uma artista talentosa, enfrenta uma reviravolta emocional ao descobrir a traição de seu parceiro Alexandre. Em busca de clareza e renovação, ela se afasta de Alexandre e de Rafael, o homem que também conquistou seu coração, para se dedicar...