Cicatrizes do Coração

Capítulo 6 - Redescobrindo a Vida

Nos dias que se seguiram ao encontro com Alexandre, Carolina experimentou uma leveza que há muito não sentia. Era como se finalmente tivesse se libertado de um peso que carregava por tempo demais. Embora a conversa com ele tenha sido dolorosa, também trouxe a clareza que ela precisava. A ferida ainda estava lá, mas agora era uma cicatriz que ela começava a aceitar.

De volta à rotina, Carolina se viu refletindo mais sobre o que realmente queria para si mesma. A liberdade emocional que começava a surgir a fazia questionar suas escolhas e, principalmente, como moldaria sua vida daqui para frente. Ela não queria mais se definir pela dor que havia passado, mas pelo que ainda poderia conquistar.

Com esse novo olhar, Carolina se permitiu mergulhar nas atividades que antes havia abandonado. Começou a frequentar a galeria de arte com mais frequência, assistiu a exposições, e até considerou voltar a pintar – algo que tinha deixado de lado durante os últimos anos de seu casamento. Ela sempre gostou da liberdade de criar, mas, com Alexandre, parecia que seus próprios interesses tinham ficado para segundo plano.

Agora, sem o peso de agradar ou seguir as expectativas de outra pessoa, Carolina estava redescobrindo quem era.

Um Convite Surpreendente

Certa manhã, enquanto folheava um livro sobre pintura impressionista que Rafael havia lhe emprestado, Carolina recebeu uma mensagem no celular. Era de Rafael, convidando-a para um evento que ele estava organizando na galeria. Seria uma noite de arte e música, uma celebração ao talento local, e Rafael queria que ela estivesse lá.

Carolina sorriu ao ler a mensagem. Cada vez mais, a presença de Rafael em sua vida se tornava constante, e ela começava a apreciar isso. Ele era um amigo, um companheiro em sua jornada de redescoberta, mas Carolina sabia que havia algo mais. Sentia-se atraída por ele, não apenas fisicamente, mas pela maneira como ele parecia compreendê-la, respeitá-la, e ao mesmo tempo, desafiá-la a ser mais.

Ela respondeu à mensagem com um "sim" curto, mas por dentro, sentia uma pequena chama de ansiedade. Seria essa a primeira vez que eles sairiam juntos em um ambiente mais social? Rafael havia sido paciente, sem nunca pressioná-la, mas Carolina não podia mais negar que, de alguma forma, eles estavam se aproximando cada vez mais.

Na noite do evento, Carolina vestiu algo simples, mas elegante – um vestido preto que realçava sua silhueta, mas sem ser exagerado. Queria se sentir bem consigo mesma, mais do que impressionar qualquer outra pessoa. Ao chegar à galeria, foi imediatamente recebida pelo sorriso caloroso de Rafael.

Rafael (com admiração nos olhos):
— Você está incrível, Carolina.

Carolina (sorrindo tímida):
— Obrigada... o lugar está maravilhoso também.

A galeria estava cheia de vida. Pessoas conversavam animadamente sobre as obras expostas, a música ao fundo era suave, e a atmosfera era de celebração. Carolina sentiu-se bem naquele ambiente, quase como se estivesse voltando a fazer parte do mundo depois de um longo período de isolamento emocional.

Rafael (gesticulando para a galeria):
— Eu queria muito que você viesse. Acho que esse tipo de evento te inspira, e eu adoraria saber o que você pensa sobre algumas das obras que escolhemos para esta exposição.

Carolina:
— Claro, vou adorar dar minha opinião. Mas você sabe que minha visão é mais de uma apreciadora amadora, não é?

Rafael (rindo):
— Você tem um olhar mais sensível do que imagina, Carolina. Às vezes, isso é mais valioso do que o olhar técnico.