ANNA LÚCIA
Parada no corredor, encaro o Bernardo de longe. Está usando um dos chapéus do seu pai, está comemorando com os seus amigos da escola na sala de estar. A sua mãe está bastante orgulhosa do seu filho que preparou uma festinha pequena para os convidados do seu filho, adivinha só? Eu não estou presente, não fui convidada para o evento, a minha presença é insignificante para ele. Às vezes, eu queria entrar nesse mundo, comida boa, companhias decentes e pessoas me servindo, eu queria ser o centro das atenções. Infelizmente, estou escondida como uma criminosa, vendo o meu grande amor se divertir sem mim. Sem perder o meu tempo, sentindo inveja deles, fui para cozinha. O que é o meu lugar.
Logo entrei na cozinha, a Anna Carmen está tendo uma crise de tosse. A ignoro e vou para a mesa, puxei a cadeira e me sentei, peguei o primeiro docinho que vi pela frente.
— Se arrumou à toa e gastou dinheiro também. — Carmen falou me encarando. — Eu te disse que você não estaria na lista dos convidados, mas é cabeça dura.
Um sabor amargo misturou-se entre o sabor doce do brigadeiro.
— Eu sei! — Digo cabisbaixa. — Tenho que parar de sonhar, esse momento nunca chegará.
Daqui a pouco estarei doente por causa desse amor ridículo, fico chorando pelos cantos. Apenas ficando no meu mundo sem encarar ninguém, com vergonha se alguém descobrisse o meu sentimento pelo filho do patrão. As palavras de Alfredo ainda estão na minha mente, tudo mundo sabe? Inclusive o Bernardo? Se soubesse, seria maldade vindo da parte dele. Brincar com os meus sentimentos ao invés de destruí-los.
— Alfredo gosta de você, deveria namorar com ele. E está no mesmo nível do que a gente.
Alfredo? É um jovem bastante atraente, alto e músculos definidos por causa do trabalho braçal.
— Eu não sei!
— O seu grande amor irá embora, talvez volte anos mais tarde. Deveria reconsiderar o Alfredo, com certeza ele seria o braço direito do Leôncio.
— Irei pensar.
Nessa hora, Bernardo entrou na cozinha perguntando se tinha mais bebidas para os seus amigos. Anna Carmen deu algumas garrafas, todo esse tempo, os seus olhos não caíram sobre mim. Ele está zangado porque defendi o Alfredo? O infeliz começa a insultá-lo do nada, e eu sou a errada?
E depois saiu.
— Preciso ir. — Levantei na cadeira. — Vou para o quarto.
— Depois me ajuda, com essa bagunça.
Assenti.
Eu e a minha irmã sempre levamos tudo nas costas, somos iguais, somos empregadas nesta casa. Talvez mude, crio vergonha na cara e penso em frequentar alguma faculdade daqui há dois anos. Entro no meu quarto, encontro Miranda, Castiel e Álvaro brincando juntos. Em cima da minha cama, eles nem perceberam a minha presença. Fui ao banheiro, fechei a porta atrás de mim. Encaro o espelho na minha frente, olhando no reflexo, percebo que tenho uma aparência digna de uma atriz de cinema. Sou bastante bonita, admito, pele branca e olhos azuis.
Paguei uma pequena fortuna nesse vestido de verão, gastei cinquenta e cinco. Parece pouco, mas para algumas pessoas esse dinheiro é muito. Passo as pontas dos meus dedos sobre o decote, que insinuava os meus seios, não são grandes. Porém, estão ali, dando uma leve sustentação.
— Como ele não sente atração por mim? — Me questiono — Sou bonita. Levei um susto ao escutar a porta bater. — Já vou! Abro a porta, e deparei com a senhora Paola. — Senhora?
— Daqui a duas semanas o meu filho irá embora, tenho que preparar alguns preparativos para a festa. Você poderia vir comigo para a capital?
— Sim, adoraria!
No fundo, queria dizer "não". Como a Paola é a minha chefe, tenho que concordar com tudo.
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UM AMOR DOMINANTE - LIVRO 3 (ANNA LÚCIA E BERNARDO).
RomanceContinuação da história "Bela Posse" Bernardo Hernández é um dos herdeiros das fazendas mais influentes do México. Bruto, viril e extremamente bonito, voltou à cidade após dez anos. Acostumou-se com a vida boêmia e sem regras no outro lado do muro...