ANNA LÚCIA
— O quê?Parece que o Bernardo voltou a si, veio em minha direção com os braços abertos. Me abraçou fortemente, mesmo com essa roupa hospitalar azul o seu cheiro continuava ali. Impregnado em sua pele, faço carinho na sua nuca e dou uma leve cheirada.
— Me desculpe, pensava que fosse a minha mãe. Ainda estou com raiva dela por ter colocado você nessa situação.
Afastou-se de mim, o seu dedo polegar esfregar gentilmente nos meus lábios. Os seus olhos ficaram escurecidos de repente.
— Por que? — A sua voz saiu fraca.
— Eu estou ficando preocupada, Bernardo.
— Você visitou o Alfredo?
Respondi sem olhar para ele.
— Sim! — Ergui a cabeça — A sua mãe sabe sobre a gente, contei a ela.
— Ela sempre soube na verdade, só queria uma prova concreta. Conhecendo o filho que tem, sabia exatamente o que iria acontecer nesse jantar.
— Os seus pais falaram alguma coisa?
— Não! Ainda não!
— Vamos para cama, você precisa descansar.
Fomos para a cama, Bernardo se deitou. Com o seu olhar fixado em mim, sentia uma certa desconfiança nesses olhares ou poderia ser coisas na minha cabeça. Cobri o seu corpo com o lençol branco e depois sentei-me na cama, segurei a sua mão e apertei levemente. O seu rosto está igual ao Alfredo, machucado e com os lábios cortados.
— Doi as suas feridas?
— Um pouco, na verdade. Você sente alguma coisa pelo Alfredo?
— Por que a pergunta?
— Porque chorou quando ele falou aquelas palavras sobre você.
Dou de ombros — Eu só fiquei emocionada.
Bernardo fez uma careta quando se sentou na cama e pegou o meu queixo firmemente.
— Você é fiel a mim, Anna Lúcia? — Me olhou com uma expressão severa — Sou o único homem da sua vida?
Engoli a seco — É claro! Por que tantas perguntas estranhas, Bernardo?
— O que você fará quando eu for embora?
Me distanciei do seu toque.
— Eu ainda continuarei com a minha vida, trabalhando na sua fazenda, criando a minha irmã ou fazendo uma faculdade.
— Vai me esperar se eu pedir?
— Seria um pedido egoísta.
— Egoísta? — Perguntou com desdém — Por que egoísta? Tem outro macho na sua vida? É isso, Anna Lúcia?
Saio na cama
— Óbvio que não, Bernardo! Eu posso ser pobre e ingênua, mas eu sei muito bem como as coisas funcionam quando o casal é separado. Você é homem, irá estudar na melhor Universidade dos Estados Unidos e terá várias mulheres lindas e interessantes mais do que eu. E por favor, não venha com esse pedido pra cima de mim. Não é justo! Você irá viver uma vida privilegiada e eu aqui, esperando por você. Eu te amo, Bernardo e muito. Porém, não posso esperar por você o tempo todo e enquanto você está se divertindo por aí. Perdoa-me.
— Então, saia daqui sua nojenta.
— Bernardo...
— SAIA CARALHO.
— NÃO GRITA COMIGO, SEU MIMADO.
— Eita, o que está acontecendo aqui? Eu posso saber? — Nem percebi a presença do senhor Leôncio.
— O seu filho que é um mimado. — Respondi — Com licença.
Saio do quarto quase correndo. Com os olhos lacrimejando por causa da discussão, pego o elevador e choro ali mesmo abraçando o meu próprio corpo trêmulo. Bernardo está pedindo demais pra mim, eu sei como funciona, e a única pessoa que irá perder vai ser eu. Sou jovem e tenho responsabilidades nas costas que nenhum adolescente de dezesseis anos poderia ter. Quando o elevador abriu, enxuguei o meu rosto e saio, ainda tenho que fazer o jantar. Dizendo a senhora Paola, sou da família.
{...}
TRÊS DIAS DEPOIS
Abro a porta, estou carregando uma bandeja que contém sopa, água e pão que acabou de sair do forno. Bernardo ganhou alta no meu dia do Alfredo, eu estou cuidando dos dois.
— Bernardo? Eu trouxe o seu jantar. Fiz aquela sopa que você gosta.
Nós não estávamos se comunicando direito, depois daquela discussão o tratamento de silêncio reinava entre nós. Fecho a porta do seu quarto atrás de mim com o pé, e fui caminhando em sua direção. Ele está sentado na cama e olhando pela janela, o seu olhar está distante. Coloco a bandeja no seu colo cuidadosamente.
— Me desculpa, Anna Lúcia! Fui cruel da minha parte. — Olhou para mim — Aquele pedido é bastante egoísta. Ambos são jovens e precisamos aproveitar a vida.
Dou um sorriso amarelo e dou de ombros.
— Tudo bem! — Sentei na sua cama — Agora come, e em poucos dias será a sua formatura. Você vai levar alguém?
— Sim, vou levar a Priscilla. A convidei ontem.
Meu coração murchou agora, Bernardo vai levar outra menina no meu lugar? Mas, por quê?
— Nós terminamos? É isso?
Bernardo pega o prato e a colher e começa a jantar.
— Sim! Pegaria muito mal se eu levasse a empregada da família. Sabe, não quero que as pessoas pensem que estou fazendo uma caridade.
— Caridade? Você leva um "não " e age dessa maneira? — Saio da cama — Alfredo tinha razão, não passa de um mauricinho.
Bernardo joga o prato de sopa na minha direção, quase o líquido quente pega em mim se não fosse mais rápida da sua atitude imprudente. Se levantou na cama e veio em minha direção, pegou os meus dois ombros e me sacudiu violentamente e depois me jogou no chão.
— Sua vagabunda. — Rosnou —Eu fiquei três dias pensando sobre o nosso relacionamento, eu iria abandonar os estudos pra ficar com você. Mas, eu vi aquela cena, você beijando o Alfredo... eu quase joguei a minha vida fora por uma mulherzinha sem valor. Eu...
— Então você viu? Eu posso explicar.
— Explicar o quê? Me digas.
— Alfredo iria só aceitar o papel do meu namorado por uma noite quando o beijasse. E naquele momento, me senti tão culpada que o beijei. Mas, foi um beijo por pena, não tinha outro sentimento ali.
— Tem certeza disso? Porque pareceu outra coisa.
— Bernardo, por favor.
— Saia do meu quarto, AGORA.
Me levantei e saí rapidamente do seu quarto.
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UM AMOR DOMINANTE - LIVRO 3 (ANNA LÚCIA E BERNARDO).
RomanceContinuação da história "Bela Posse" Bernardo Hernández é um dos herdeiros das fazendas mais influentes do México. Bruto, viril e extremamente bonito, voltou à cidade após dez anos. Acostumou-se com a vida boêmia e sem regras no outro lado do muro...