Capítulo 16

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Maya acordou no dia seguinte sentindo uma mistura de confusão e excitação. As memórias da noite anterior pareciam surreais, como se ela tivesse sonhado com o beijo entre ela e Giovanna. O som da chuva, o toque de Giovanna, a intensidade do momento. . . tudo ainda vibrava em sua mente.

Ao se levantar, Bento pulou animado ao seu lado, abanando o rabo e quase implorando por atenção. Maya sorriu e acariciou a cabeça dele, mas seus pensamentos estavam em outro lugar — especificamente, na orla da praia, no beijo que ainda parecia arder em seus lábios.

Ela não conseguia evitar: pensava em Giovanna.

— O que você acha, Bento? — perguntou, olhando para o cachorro, que a encarava com seus olhos brilhantes e inocentes. — Será que a gente fala sobre o que aconteceu ou. . . finge que foi só a chuva e a empolgação?

Bento apenas abanou o rabo com mais força, como se não tivesse dúvidas do que achava.

Maya suspirou e pegou o celular. Havia algumas mensagens do trabalho, mas nenhuma de Giovanna. O coração dela deu um salto. Será que Giovanna estava pensando o mesmo? Ou será que para ela tinha sido só um impulso, algo sem importância?

Enquanto essas dúvidas atormentavam Maya, ela decidiu que precisava de uma distração. Passear com Bento parecia uma boa ideia, mas hesitou por um segundo.

"Será que deveria convidar Giovanna de novo?" A dúvida surgiu em sua mente.

Antes que pudesse se conter, digitou uma mensagem rápida:

"Ei, vamos passear com os cachorros hoje de novo? Achei que eles gostaram de ontem. :)"

Ela leu e releu a mensagem várias vezes, quase apagando antes de finalmente apertar "enviar". O celular ficou em silêncio por alguns minutos que pareceram horas. Justo quando Maya começou a se arrepender de ter mandado, o aparelho vibrou.

"Claro! Eu e Ozzy estamos prontos. Onde a gente se encontra?"

Maya soltou um suspiro de alívio e respondeu rapidamente, marcando um ponto de encontro perto do parque.

Quando Maya chegou ao parque, viu Giovanna já esperando, com Ozzy brincando ao redor dela. O shih tzu corria para lá e para cá com uma energia que só filhotes pareciam ter, e Bento, ao ver seu amigo, disparou em direção ao cãozinho sem hesitar.

Giovanna sorriu ao ver Maya, mas havia uma leve tensão no ar. Talvez fosse o resquício do que tinha acontecido na noite anterior, algo que ambas ainda não sabiam como lidar.

— E aí? — disse Giovanna, tentando soar casual, mas Maya notou um leve tom nervoso na sua voz. — Dormiu bem?

— Bem. . . na medida do possível — Maya respondeu, revirando os olhos, tentando fazer graça. — Digamos que algumas coisas ficaram meio. . . na minha cabeça.

Giovanna riu nervosa, desviando o olhar para Ozzy e Bento, que brincavam sem se importar com o clima estranho entre suas donas.

— É, sobre isso. . . — Giovanna começou, parecendo escolher bem as palavras. — Ontem foi. . . intenso.

Maya assentiu, cruzando os braços. — Foi, sim.

— Acho que a gente precisa conversar sobre. . . o que aconteceu. — Giovanna olhou diretamente para Maya desta vez, sua expressão mais séria. — Não sei o que você acha, mas. . . pra mim, não foi só um impulso.

Maya mordeu o lábio, tentando encontrar as palavras certas. — Eu. . . eu também acho que não foi. Quer dizer, foi inesperado, mas não acho que tenha sido sem importância.

Giovanna soltou um suspiro aliviado, como se estivesse esperando que Maya dissesse exatamente aquilo. Ela deu um passo à frente, ainda mantendo uma leve distância entre elas.

— Então, o que fazemos agora? — perguntou Giovanna, tentando esconder a insegurança na sua voz.

Maya olhou para ela por um longo momento, ponderando a pergunta. "O que fazemos agora?" Ela não tinha uma resposta clara, mas sabia que a atração que sentia por Giovanna era inegável, e que os últimos meses de trocas de farpas estavam, de certa forma, construindo algo mais.

— Eu acho que a gente pode ver onde isso nos leva — sugeriu Maya, sentindo seu coração acelerar. — Mas sem pressão, sabe? Vamos com calma.

Giovanna assentiu, um sorriso leve surgindo em seus lábios. — Com calma. Eu gosto disso.

Nesse momento, Bento e Ozzy voltaram correndo, ofegantes e com as línguas de fora, claramente satisfeitos com o passeio. Eles pararam aos pés de suas donas, abanando os rabos e esperando por mais atenção.

Giovanna olhou para os dois cães, depois para Maya, o sorriso crescendo. — Acho que eles já estão prontos para a próxima parte da aventura.

— O que você sugere? — perguntou Maya, curiosa.

Giovanna pensou por um segundo. — Que tal a gente ir até uma cafeteria? Tem uma ali perto que permite cachorros. A gente pode conversar mais... e comer alguma coisa.

— Perfeito — disse Maya, sentindo que, pela primeira vez, talvez tudo entre elas pudesse funcionar de um jeito natural. — Vamos nessa.

As duas se viraram e começaram a caminhar juntas, os cachorros seguindo animadamente ao lado delas, enquanto o clima entre as duas parecia cada vez mais leve, mais solto, como se finalmente tivessem encontrado um ponto de equilíbrio, onde podiam explorar o que sentiam sem tantas barreiras.

O futuro, no entanto, ainda era uma incógnita, e ambas sabiam que os desafios não tinham terminado. Mas naquele momento, no parque, com Bento e Ozzy brincando à frente, tudo parecia possível.

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