Capítulo 17

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A cafeteria era charmosa e convidativa, com mesas ao ar livre e um espaço separado para os cães. Bento e Ozzy, ainda animados do passeio, logo se acomodaram perto de suas donas, enquanto Maya e Giovanna se sentavam à mesa.

Maya olhou ao redor, notando que o lugar era bem frequentado por outros donos de pets. Giovanna sorriu ao perceber a curiosidade de Maya.

— Eu venho aqui às vezes. Quando tô estressada no trabalho, trago o Ozzy pra dar uma volta e acabo parando por aqui. Eles fazem um café ótimo — comentou Giovanna, passando os dedos pelo pelo de Ozzy, que já começava a cochilar.

Maya assentiu, olhando o cardápio. — Bom saber. Eu confesso que não conhecia o lugar, nunca fui de explorar muito a área. Talvez eu devesse sair mais com o Bento.

Giovanna sorriu. — Bento parece estar feliz com as caminhadas de agora. Talvez tenha faltado uma companhia pra ele. . . e pra você também.

Maya sorriu de lado, evitando o olhar direto de Giovanna. — É, talvez.

Depois de fazerem o pedido, a conversa fluiu naturalmente. Giovanna, curiosa, aproveitou o momento para conhecer mais sobre Maya.

— Então. . . me conta uma coisa, Maya. Como foi que você acabou no ramo da publicidade? Não sei por quê, mas nunca te imaginei nessa área.

Maya tomou um gole de café antes de responder, seus olhos fixos na xícara por um momento.

— Acho que foi meio por acaso, sabe? Nunca foi um sonho de infância nem nada. Mas sempre gostei de observar como as pessoas se conectam com histórias, como um anúncio pode fazer alguém rir ou chorar em trinta segundos. É meio fascinante.

Giovanna a observava com interesse, apoiando o queixo na mão. — Entendi. Acho que faz sentido. Você é uma boa observadora. . . mesmo que seja de um jeito meio. . . irritante às vezes — provocou com um sorriso.

Maya soltou uma risada baixa. — Eu irritante? Nunca.

— Não? — Giovanna arqueou uma sobrancelha. — E todas aquelas farpas que você me jogava? Não foi só irritação de leve, né?

Maya deu de ombros, um sorriso brincando em seus lábios. — Tá, talvez eu tenha exagerado um pouco. . . mas você também não facilitava!

— Eu? — Giovanna fez um gesto de incredulidade. — Eu sou um anjo de pessoa.

— Ah, claro. Um anjo bem sarcástico, diga-se de passagem — Maya riu, e Giovanna a acompanhou.

O ambiente entre elas estava leve, sem as barreiras habituais. Giovanna, mais relaxada, resolveu fazer uma pergunta mais pessoal.

— E quanto à sua família? Eles sabem o que você faz, te apoiam?

Maya ficou em silêncio por um momento, desviando o olhar para Bento, que estava deitado pacificamente ao lado de Ozzy.

— Minha família é. . . complicada. Eles sabem do meu trabalho, mas não é algo que a gente conversa muito. Meu pai sempre foi meio ausente, e minha mãe. . . ela tenta, mas, às vezes, parece que não entende muito as minhas escolhas.

Giovanna sentiu o tom mais sério na resposta de Maya e não quis pressionar.

— Deve ser difícil. Eu tenho sorte nesse ponto. . . minha família sempre me apoiou. Meu pai é meio rígido, mas sempre me incentivou a seguir a carreira de veterinária. Já minha mãe sempre me dizia pra eu fazer o que me deixasse feliz, desde que eu ajudasse os outros.

Maya olhou para Giovanna com um leve sorriso. — Bom, você definitivamente está ajudando muita gente. A clínica, a forma como cuida dos bichos. . . dá pra ver que você ama o que faz.

Giovanna deu um pequeno sorriso, olhando para sua xícara por um momento antes de voltar o olhar para Maya. — Eu amo, sim. Mas, às vezes, é solitário. Cuidar dos outros é recompensador, porém nem sempre sobra muito tempo pra cuidar de mim.

Maya franziu o cenho, sentindo uma pontada de empatia.

— É engraçado você falar isso. . . eu sempre te achei tão segura, como se soubesse o que estava fazendo o tempo todo. É fácil esquecer que você também tem suas inseguranças.

Giovanna soltou uma risada suave, balançando a cabeça. — Segura? Eu? Mal consigo manter as coisas em ordem na clínica às vezes. E, ultimamente... com tudo que aconteceu com Ozzy, foi um caos.

Maya inclinou-se um pouco para frente, a voz mais suave. — Você fez o que pôde, e olha onde estamos agora. Ozzy tá bem, se recuperando. Isso é graças a você.

Giovanna sorriu, mas ainda havia um traço de preocupação em seus olhos.

— E graças a você também. A campanha, a ajuda foi mais do que eu esperava, Maya.

Maya hesitou, sentindo-se um pouco vulnerável pela primeira vez.

— Eu só queria ajudar. Acho que... ver você tão preocupada, tão envolvida com o Ozzy, me fez perceber que talvez. . . eu estivesse sendo um pouco dura com você esse tempo todo.

Giovanna ergueu a sobrancelha, intrigada. — E isso é uma tentativa de se desculpar?

Maya deu de ombros, sorrindo de canto. — Talvez.

Giovanna riu. — Bom, aceito. E, por que não, eu também te devo um pedido de desculpas. Sei que peguei pesado algumas vezes.

Maya assentiu, seus olhos encontrando os de Giovanna de maneira mais firme. — Parece que estamos acertando as contas, então.

Giovanna assentiu, ainda sorrindo, mas havia uma sinceridade ali que as duas reconheciam. O ambiente à volta parecia desaparecer, deixando apenas as duas, a conversa fluindo de maneira natural.

Depois de mais algumas brincadeiras com os cachorros e outra rodada de café, Giovanna sugeriu:

— E que tal a gente marcar mais dias assim? Acho que faz bem pra nós. . . e pros cachorros também.

Maya sorriu, sentindo o clima mudar. — Acho uma ótima ideia.

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