Capítulo 21

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Maya estava sentada na mesa da sala, laptop aberto, tentando focar em uma planilha, mas sua mente não parava de voltar para o encontro. A ideia de sair com Giovanna a deixava inquieta. "Isso é uma má ideia?" Ela se perguntava, mordendo o lábio inferior, enquanto olhava para o cursor piscando na tela. Bento, deitado ao lado dela, observava atentamente cada movimento de sua dona.

— O que eu faço, Bento? — Maya perguntou, soltando um suspiro e se virando para o cachorro. — Será que é uma boa ideia?

Bento apenas inclinou a cabeça, como se estivesse tentando entender.

— Você sempre faz isso, sabia? — Maya sorriu, acariciando o pelo macio do shih tzu. — Não ajuda em nada, mas continua sendo o melhor ouvinte.

Ela tentou voltar a digitar, mas não conseguia se concentrar. A lembrança da noite anterior e a expectativa do encontro deixavam sua mente bagunçada.

— Quer saber? — Maya se levantou da cadeira, pegando Bento no colo. — Talvez eu devesse ligar e cancelar. . . Dizer que não estou me sentindo bem.

Bento olhou para ela como se estivesse julgando sua indecisão.

— Não me olha assim, estou falando sério! — Maya resmungou, balançando a cabeça. — Eu nem sei o que estou fazendo. Talvez eu nem devesse ir.

Bento lambeu sua mão, como se dissesse "Vai dar tudo certo". Maya riu, mesmo nervosa, e o colocou de volta no chão.

— Tá bom, tá bom. Talvez eu esteja exagerando. Mas, ainda assim, isso é. . . complicado.

Enquanto Maya lutava contra seus nervos, do outro lado da cidade, Giovanna estava no seu último atendimento do dia. Ozzy, já totalmente recuperado, estava deitado no canto da sala, observando Giovanna enquanto ela fazia carinho em um filhote que tinha acabado de ser adotado.

— O que você acha, Ozzy? — Giovanna perguntou, olhando para o shih tzu dourado. — Será que a Maya está nervosa como eu imagino?

Ozzy abanou o rabo, aparentemente satisfeito com a atenção.

— Aposto que está! — Giovanna sorriu, levantando-se para dar mais um afago em Ozzy. — Ela tenta parecer toda séria e distante, mas eu consigo ver quando está ansiosa.

Ela riu sozinha, enquanto guardava alguns papéis e se preparava para sair da clínica.

— Vai ser divertido, não acha? Só nós duas e você ficar com o Bento. — Giovanna piscou para o cachorro. — E pode deixar que, se ela estiver nervosa, eu vou fazer de tudo pra deixar as coisas leves.

Ozzy, sempre o fiel companheiro, soltou um pequeno latido de apoio. Giovanna se abaixou e fez um carinho na cabeça dele.

— Isso mesmo, amigão. Hoje vai ser uma noite especial.

Giovanna estava em uma energia tão leve que parecia flutuar. Cada cliente que entrou na clínica naquele dia foi recebido com sorrisos ainda mais largos do que o habitual. E quando finalmente fechou a clínica, o sorriso que ela deu para Ozzy antes de colocá-lo no carro era a definição de pura alegria.

Já Maya, de volta ao seu apartamento, ainda estava imersa em uma batalha interna.

— Eu sei, Bento. Eu estou sendo ridícula. — Ela falou enquanto Bento saltava em sua perna, pedindo atenção. — Mas você viu como as coisas mudaram rápido? Não faz tanto tempo que a gente mal conseguia ficar no mesmo lugar sem brigar, e agora. . . um encontro?

Bento, como sempre, a encarava com olhos atentos, mas sem oferecer nenhuma resposta.

— Você tem sorte de não precisar se preocupar com essas coisas. — Maya riu, pegando o cachorro no colo de novo e se deitando no sofá. — Será que ela está achando tudo isso super normal? Porque eu. . . eu estou surtando por dentro.

Enquanto isso, Giovanna estava sentada no sofá de casa, com Ozzy no colo, mexendo no celular e escolhendo uma playlist animada para a noite.

— O que você acha, Ozzy? — ela perguntou, sorrindo para o cachorro. — Será que a Maya gosta de música mais tranquila? Ou talvez algo mais animado pra quebrar o gelo?

Ozzy lambeu o rosto dela, como se estivesse aprovando qualquer escolha que ela fizesse.

— Eu sabia que você ia me apoiar! — Giovanna riu, acariciando o cachorro. — Você é o melhor! E, sinceramente, acho que a Maya vai se divertir mais do que está imaginando. Ela só precisa relaxar um pouco.

De volta ao apartamento de Maya, ela tentava fazer o mesmo.

— Relaxar. . . — ela repetiu para si mesma, agora olhando para o espelho. — Tá certo, vamos lá, Maya. É só um encontro. Nada demais. Você consegue.

Ela respirou fundo, olhando para Bento que, no chão, parecia estar mais empolgado do que ela.

— Certo, vamos nessa. Que seja o que for.

Maya estava parada dentro do seu closet, mordendo o lábio enquanto observava as opções de roupas penduradas. Estava nervosa, incerta sobre o que vestir para o encontro. Enquanto isso, Bento a observava atentamente, sentado aos pés da cama, com a cabeça inclinada, como se tentasse entender o dilema de sua dona.

— O que você acha, Bento? Esse vestido preto ou o vermelho? — Maya perguntou, segurando os dois vestidos na frente do corpo. — O vermelho é muito ousado, né? E o preto. . . talvez seja formal demais.

Bento apenas inclinou a cabeça para o outro lado, sem dar uma resposta concreta, o que fez Maya suspirar e largar o vestido preto na cama.

— Eu sabia que não seria de muita ajuda. . . — disse ela, com um sorriso contido. — Mas acho que vou de preto, é mais seguro.

Enquanto isso, no andar de baixo, Giovanna também estava em um dilema, mas o seu era bem mais descontraído. Ela olhava para o espelho, ajustando o terninho branco em seu corpo, enquanto Ozzy andava ao seu redor, animado como sempre.

— O que você acha, Ozzy? Eu tô parecendo muito formal? — Giovanna perguntou, dando uma volta completa para o cachorro. — Eu quero impressioná-la, mas não parecer que estou indo para uma reunião de negócios.

Ozzy latiu alegremente, correndo em círculos ao redor dela.

— Então o terninho é um sucesso, né? — Giovanna sorriu, se inclinando para fazer carinho na cabeça de Ozzy. — Ok, combinado. Terninho it is!

De volta ao apartamento de cima, Maya vestiu o vestido preto e se olhou no espelho, ajeitando o cabelo moreno e verificando o batom.

— Será que é muito? — perguntou para Bento, que apenas deu um leve bocejo.

Maya riu suavemente, tentando acalmar os nervos.

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