Reparos (parte 1)

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Após meses de desenvolvimento, o projeto de Segurança Angelical VoxTek estava completamente desenvolvido e pronto para chegar às lojas.

Como essa havia sido uma parceria com as empresas Carmine, Vox e Carmilla resolveram que um evento de lançamento V.I.P seria uma ótima maneira de promover esse projeto, principalmente, para a elite do Anel do Orgulho, começando pelos soberanos.

Vox e Martina haviam organizado tudo com o máximo de antecedência possível, inclusive quem ficaria com Vincent enquanto o casal estivesse no evento. E optaram por uma babá (uma de muitas tentativas), já que o soberano da tecnologia não permitia que seu filho ficasse no Hazbin Hotel desde que descobriu que Alastor ainda estava vivo.

Nem Vincent e nem Tina poderiam sair da Torre dos Vês sem Vox ou sem que ele estivesse ciente e de olho nas câmeras. Ele poderia perder tudo, mas não sua família, e não iria arriscar.

Martina entendia o medo do companheiro e escolheu não questionar a decisão dele. Se isso o mantinha tranquilo, ela não iria se opor.

Porém, um pequeno imprevisto na manhã antes do evento iria mudar essa rotina de cuidados que o soberano da TV vinha mantendo há semanas.

Deveriam ser 10 horas da manhã quando Tina recebeu em seu apartamento as vestes que ela e Vox usariam durante aquela noite. Mas assim que ela percebeu um grande rasgo no terno preto que seu parceiro vestiria, a garota ligou para ele para avisar.

Ela realmente não queria causar mais nenhum estresse para ele, mas sabia como Vox prezava pela perfeição em qualquer evento em que os olhos do público estariam nele. Ou seja, ela não tinha muita escolha.

"Amor, sinto muito por te ligar agora, sei como você está ocupado. Mas preciso te avisar que o seu terno foi entregue com um rasgo, não sei se foi durante o transporte ou não. Será que a Vel consegue consertar isso?"

Um suspiro pesado foi ouvido do outro lado da linha, "Era só o que me faltava...Que perfeito!", ele respondeu com ironia, "Se eu pedir algo pra Velvette agora, ela acaba comigo. Você sabe que ela fica estressada com esses eventos tanto quanto eu."

"Bom, talvez eu possa levar até um alfaiate pra você. Acho que não deve ser algo muito demorado. É um rasgo grande, mas não é profundo. Posso levar o Vincent comigo."

Vox pensou um pouco antes de responder, "Amor, não. Eu não vou conseguir ficar de olho nas câmeras o tempo todo quando você sair."

"Vox, eu tenho certeza que não vai ser algo muito demorado. Eu agradeço sua preocupação, mas você sabe que posso me virar. Além disso, você não tem outro terno pra hoje a noite."

Vox detestava admitir, mas Tina estava certa. Ele não poderia aparecer nesse evento tão importante vestindo qualquer coisa. Velvette havia, inclusive, desenhando as roupas do casal especialmente para essa noite. A soberana da moda ficaria uma fera caso os dois não seguissem com esse plano.

Percebendo isso, Vox finalmente cedeu.

"Tudo bem, mas vou ficar de olho em vocês sempre que eu puder."

Revirando os olhos com um sorriso, Tina concordou, "Tá certo, pode ficar tranquilo. Te vejo mais tarde."

Depois de encerrar a ligação, Tina preparou uma bolsa com as coisas de Vincent e o carrinho de bebê.

Ao sair do prédio, a garota avistou uma das câmeras de segurança de seu parceiro e lançou um beijo em direção a ela, sabendo que ele estaria vendo. Então, ela não ficou surpresa quando seu celular vibrou logo em seguida, indicando uma mensagem de Vox.

"Não demore muito. Te amo. 💙"

Sorrindo, ela apenas respondeu com o mesmo emoji de coração azul e seguiu seu caminho até o alfaiate.

Ao chegar no estabelecimento, Martina se dirigiu diretamente ao balcão para falar com o responsável.

"Oi, eu vim à pedido do Vox. Ele precisa que esse rasgo seja consertado para hoje a noite. Acha que consegue?"

Ao pegar o terno em suas mãos, o alfaiate demoníaco colocou um pequeno par de óculos e começou a observar o estrago, percebendo que não seria algo muito trabalhoso de se resolver.

"Posso cuidar disso em 10 minutos. Se a senhora puder esperar, posso lhe entregar daqui a pouco."

Assentindo, Tina seguiu em direção às cadeiras que ficavam próximas da porta de entrada e posicionou o carrinho de Vincent ao lado do acento que escolheu, desviando o olhar para seu celular enquanto esperava.

Logo, o alfaiate cumpriu com o prazo e a garota foi chamada de volta ao balcão. O pequeno diabrete havia feito um ótimo trabalho, o rasgo parecia nunca ter existido.

Assim que aprovou o serviço prestado, Tina começou a vasculhar sua bolsa em busca de sua carteira.

De repente, o sino da porta da loja soou, indicando que outra pessoa havia entrado. Era comum alfaiates receberem clientes recorrentes aqui? Muitas pessoas nem ligavam para o que vestiam.

"Olha só, parece que eu não fui o único que resolveu dar um trato no visual!"

Oh não, aquela maldita voz.

"Tina, que bom vê-la! Já fazem semanas!"

Martina apenas revirou os olhos antes de se virar, "Alastor, que coincidência."

"É uma coincidência mesmo! Você nunca precisou de um alfaiate desde que começou a andar com a aquela pequeninha que eu sempre esqueço o nome...Velvette! É isso!"

Mal prestando atenção no que o Demônio do Rádio dizia, Tina finalmente encontrou sua carteira e pegou seu cartão de crédito, estendendo-o para o alfaiate para que o mesmo fizesse a cobrança do terno remendado.

Alastor logo olhou para o carrinho de bebê, que ainda estava posicionado próximo da cadeira em que Martina estava sentada momentos antes.

"Oh, então esse é o garoto?", Alastor disse enquanto se aproximava cada vez mais da criança.

A garota logo se afastou do balcão para tentar impedir que Alastor se aproximasse de seu filho, mas já era tarde demais, o soberano já estava segurando o bebê nos braços.

"Alastor, não acho que-"

"Eu deveria me aproximar dele? Ah, Tina, por favor! Nos conhecemos há tantos anos", ele respondeu, olhando Vincent nos olhos.

Mas ao direcionar seu olhar para Martina, ele percebeu que ela estava falando sério. O olhar ansioso e assustado no rosto da garota o fez sentir, pela primeira vez, um pouco de empatia, algo que pessoas como ele não costumavam sentir.

"Mas você não confia mais em mim, não é?"

Sem responder nada, Tina apenas estendeu os braços de modo que ele entendesse que era hora de entregar o bebê para ela, e o fez.

Ao pegar seu filho nos braços, Martina teve a sensação de que a criança estava segura novamente e se suspirou aliviada.

"Ele é uma criança...Bom, se parece demais com o Vox. Espero que tenha puxado a personalidade de você."

A garota não conseguiu evitar uma risada, "Você sempre vai encontrar motivos para criticar o Vox."

"Ele me dá motivos, querida", Alastor respondeu.

Ao olhar de volta para o balcão, Martina encontrou um alfaiate com o olhar cansado esperando que ela pagasse pelo serviço e retirasse logo o terno.

Ao perceber isso, ela rapidamente digitou a senha do cartão e colocou o pacote com a peça em um dos bolsos do carrinho de bebê, se preparando para sair logo em seguida.

"Eu tenho que ir", a garota disse ao se virar novamente para Alastor, "Tchau, Alastor."

"É sempre um prazer revê-la, Tina."

Martina não nada respondeu e apenas saiu do estabelecimento, sendo o sininho da porta a última coisa que ouviu antes de fazer seu caminho de volta para a torre dos Vês.

Ela pensou muito se deveria comunicar Vox sobre seu pequeno encontro com Alastor e contato que o Demônio do Rádio teve com Vincent, Tina sabia que o soberano da tecnologia surtaria.

Porém, se Vox tivesse câmeras naquela região, ele descobriria mais cedo ou mais tarde.

Além disso, eles prometeram nunca mais esconder nada um do outro...

CRÔNICAS DO BABY VEE! (Vox × OC oneshots)Onde histórias criam vida. Descubra agora