01 de janeiro de 2021
Querido diário,
Hoje começa um novo ano, uma nova chance, enfim, novos começos.
No entanto, eu não me sinto bem, eu não me sinto radiante como todos os demais, e sei que por estarmos ainda em meio a uma pandemia global, isso poderia ser aceitável. Mas, bem, não é assim, eu estou tão cansada, cansada de tudo, eu me sinto como meu bicho de estimação ilegal, o papagaio Loro. Ele poderia ter tido o mundo nas mãos quando nasceu, conhecer boa parte desse nosso mundo, mas tudo que ele vê até agora é o meu quintal, completamente preso.
E assim como ele, me sinto em um cubículo, sendo que haveria de ter o mundo em mãos, mas eu até que aceito de certa forma, penso comigo que são apenas mais alguns anos, e tudo vai ficar bem.
Mas é difícil, pelos deuses, como é difícil.
Deveria estar me descobrindo no auge de meus dezessete anos, conhecendo gente nova, tendo novas experiências, viver apenas. Porém o que mais me dói é ter um namorado e não poder oferecer a ele tudo o que ele merece, sabe por enquanto não precisa ser tudo, mas ao menos o básico: sair sempre que quisermos para nos divertir, compartilhar nossa felicidade um com o outro, tendo a base apoiando mesmo que o mínimo é importante, muito importante para mim. Céus, eu não posso nem beijar direito, sem que me chame a atenção. Isso é horrível!
Gostaria tanto de ter virado esse ano com ele, os dois vestidos de branco, juntos, e quando desse meia-noite o primeiro beijo do ano seria nosso, único e exclusivamente nosso.
Sabe, são coisas tão pequenas e eu nem ao menos posso desfrutar disso, é tão torturante.
Agora um tanto atrasada para ver o mundo, eu me vejo com medo, medo de coisas novas, de mudanças, de pessoas, sinto medo de tudo que há nele, eu sinto tanto medo de ficar só.
[...]
Eu temo ser dependente de meu namorado um dia (se realmente der certo).
Desejo muito que um dia meu romance adolescente com ele tenha sido espetacular e se não der, ao menos, saudável...
Caro 2021, seja gentil.
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Vestígios de nós dois
SaggisticaPorque as palavras que eu não disse estão me sufocando e eu precisava que existisse alguma coisa que não estivesse apenas na minha cabeça, nas minhas memórias, no meu coração.