8 - Levo Uma Bronca Porque Não Quero Fazer Amizade Com A Coleguinha

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VOLTEI AMIGOS!

 É INTRIGA E CIUMES QUE VCS QUERIAM? POIS AQUI ESTÁ!

Quero dizer que vou voltar com a atualização de dois capítulos semanalmente. O próximo provavelmente sai na quarta feira.

A cena final desse capítulo foi inspirada na letra "Started with a kiss, oh we must stop meeting like this." de The Bolter da Taylor Swift

Senti tanta falta de vocês! Vocês estão bem? Pra garotada que teve que fazer enem, espero que estejam mais calmos agora.

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8 - Levo Uma Bronca Porque Não Quero Fazer Amizade Com A Coleguinha


Rosamaria 

Tem algo na sala do Zé Roberto que me faz sentir como se eu estivesse na sala do diretor da escola, depois de ter aprontado alguma coisa. Parando para pensar, é basicamente isso que aconteceu.

A sala do meu técnico é grande, com paredes pintadas de um cinza bem clarinho e cheia de fotos do Corinthians. Cada centímetro dela tem fotos da seleção, de vitórias, da família dele – é como se eu estivesse vendo a vida do Zé Roberto numa linha do tempo. Isso quase me distrai da luz forte que vem da luminária no teto e do ar-condicionado gelado.

O ambiente inteiro grita praticidade. A prateleira enorme cheia de livros sobre treino, coaching, liderança e psicologia esportiva, com títulos de todos os tamanhos que ocupam ela de cima a baixo, para mim, parece tão importante quanto qualquer troféu que ele decidiu exibir na sala. A mesa dele é grande, de madeira, com bordas e detalhes de metal. O computador fica à direita, e à esquerda estão pilhas e pilhas de arquivos, junto com algumas molduras de fotos da família que ele sempre mostra com um sorriso no rosto.

Mas o Zé Roberto não está sorrindo agora.

Eu aperto com força a borda da cadeira em frente à mesa dele, e, ao meu lado, Alice se mexe desconfortável. O cabelo ruivo dela ainda está meio molhado, secando aos poucos, e ela veste um dos meus moletons de treino, que fui forçada a emprestar já que ela não tinha nenhuma roupa limpa no carro. Logo depois de nos pegar, o Zé Roberto mandou a gente ir para o vestiário para nos secarmos, e eu fiz o possível para me vestir lentamente, tentando adiar o momento de agora – claro, depois de jogar a roupa na cara da Alice.

Minhas roupas ficaram grandes demais para ela, é claro. Me trouxe um sorriso ver que ela teve que dobrar a barra da calça de moletom para não tropeçar, e o moletom está com as mangas arregaçadas para não cobrir as mãos dela. Ela parece uma pirralha molhada, prestes a ser colocada de castigo pelos pais. Ela tem uma expressão preocupada, sobrancelhas franzidas e lábios comprimidos numa linha fina. Fica claro que ela não gosta nada de estar nessa situação.

Não é a primeira vez que eu vou tomar um esporro do Zé Roberto, então, pelo menos, já estou acostumada com essa dança.

"Sinceramente, meninas, estou desapontado com vocês..." começa ele, e eu imediatamente olho para ele, mas logo desfoco da conversa, pensando no que vou jantar hoje.

"E você, Alice... bem, eu fechei o contrato com a sua empresa porque pensei que vocês eram profissionais o suficiente para não ficarem criando briguinhas à toa e..."

the bolter | rosamaria montibellerOnde histórias criam vida. Descubra agora