𝘈 𝘊𝘩𝘦𝘨𝘢𝘥𝘢 𝘢𝘰 𝘙𝘦𝘪𝘯𝘰

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A lua alta no céu iluminava o caminho de volta ao reino, as tochas nas mãos dos cavaleiros lançavam sombras longas enquanto o grupo se aproximava dos grandes portões da cidade. Yeosang, amarrado com correntes de ferro, era puxado por Seonghwa, que o conduzia em silêncio. Seus pés descalços pisavam na terra fria, e o peso das correntes fazia seus passos vacilarem. Ele não resistia, mas seu olhar permanecia firme, evitando encontrar o de Jongho, que cavalgava logo atrás, com o coração pesado e o rosto sombrio.

À medida que se aproximavam da cidade, o som de aplausos e aclamações começou a se elevar, ecoando pelas muralhas de pedra. Os cidadãos estavam à espera, ansiosos para ver o tão temido "bruxo" que fora finalmente capturado. Os portões de madeira se abriram lentamente com um rangido, revelando uma multidão que aguardava os cavaleiros.

- Viva os cavaleiros! Viva Seonghwa! Que tragam justiça ao reino! - bradava um dos aldeões, e logo as vozes se uniram em aclamação.

Seonghwa, orgulhoso, mantinha a postura ereta em seu cavalo, conduzindo Yeosang pelas ruas pavimentadas, como um troféu de guerra. Jongho, por outro lado, mantinha-se em silêncio, seu olhar fixo no chão. Cada passo de Yeosang parecia um golpe em seu peito. O ressentimento que crescia dentro dele por Seonghwa e o reino era palpável, mas sua própria impotência o consumia ainda mais.

- Finalmente o capturaram! O bruxo que amaldiçoou nossas colheitas! - gritou uma mulher do meio da multidão, apontando para Yeosang.

- Que o queimem na fogueira como sua avó antes dele! - vociferou um homem, erguendo o punho - Que pague por seus crimes!

Jongho apertou os punhos, sua raiva crescendo ao ouvir os insultos e xingamentos dirigidos a Yeosang. Ele sentia-se dividido entre a lealdade ao reino e os sentimentos que começava a nutrir pelo jovem que agora caminhava acorrentado diante de todos.

Seonghwa manteve o olhar adiante, ignorando as palavras de ódio dos cidadãos. Para ele, a missão estava cumprida. O rei estaria satisfeito, e o reino protegido de qualquer ameaça mágica.

Os cavaleiros conduziram Yeosang até a praça principal, onde uma cela de ferro havia sido erguida para manter o prisioneiro até o julgamento. A multidão cercava a praça, observando com olhos fervorosos enquanto Yeosang era colocado dentro da cela, as correntes em seus pulsos sendo presas nas barras frias de ferro.

Seonghwa desmontou de seu cavalo, aproximando-se de Jongho.

- A missão está cumprida, Jongho. Fizemos o que devia ser feito.

Jongho, ainda montado, lançou um olhar gélido para Seonghwa.

- O que fizeste, Seonghwa, foi condenar um homem que não conheces. Não sabes nada sobre ele.

Seonghwa ergueu uma sobrancelha, surpreso com a resposta.

- Ele é neto de uma bruxa, Jongho. Isso é o suficiente para o rei. E deveria ser o suficiente para ti também.

- Não para mim - Jongho respondeu, sua voz baixa, mas cheia de ressentimento - Não quando sei que ele não fez nada de mal.

Seonghwa balançou a cabeça, olhando para a multidão que ainda aplaudia e gritava.

- O reino precisa de justiça, e ele representa uma ameaça. O rei sabe disso. E se tu és sábio, aceitarás isso também.

Jongho o encarou por um momento, seus olhos fervendo de raiva.

- Não estou certo se quem ameaçou o reino foi Yeosang... ou se foram aqueles que preferiram caçar inocentes.

Seonghwa não respondeu, mas o silêncio entre eles era pesado. A multidão continuava a gritar insultos, lançando pedras e restos de comida na direção da cela onde Yeosang estava preso. Jongho desceu de seu cavalo, caminhando lentamente até a beira da praça, observando enquanto o caos se desenrolava ao redor.

𝐴𝑚𝑜𝑟 𝑒𝑚 𝐹𝑒𝑖𝑡𝑖𝑐̧𝑜 ▪ 𝐽𝑜𝑛𝑔𝑠𝑎𝑛𝑔Onde histórias criam vida. Descubra agora