Capítulo 1: O Encontro

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Viollet respirou fundo e olhou para seu reflexo no espelho pequeno do banheiro. "Hoje é o dia", ela disse a si mesma, sentindo a adrenalina se espalhar pelo corpo. Era a sua primeira entrevista de emprego desde que terminara o Ensino médio e o café ficava bem ali, próximo ao seu bairro. O lugar era agradável, um bairro tranquilo, cheio de casas antigas agrupadas lado a lado, cercadas por cercas baixas e jardins floridos. Ela não podia perder essa oportunidade, pois sabia que conseguir um emprego era o primeiro passo para alcançar seu objetivo: morar sozinha e construir sua independência.

Enquanto atravessava as ruas do bairro, sua cabeça estava cheia de pensamentos. "O que eu faria com meu primeiro salário?", ela ponderava, imaginando decorar um pequeno apartamento com móveis simples, mas aconchegantes. Porém, perdida em devaneios, Viollet não percebeu a figura que vinha em sua direção, e antes que pudesse reagir, bateu com força em alguém.

- Ei, olha por onde anda! - gritou um estranho com um tom áspero e irritado.

Os currículos que ela segurava com tanto cuidado foram parar em uma poça de lama, espalhando-se pela rua. Viollet olhou para os papéis arruinados, seu coração se apertou e uma onda de raiva a tomou.

- Olha você por onde anda, seu idiota! - retrucou, levantando o olhar para encarar o estranho.

Ele era alto, com feições marcantes e um olhar impaciente. Seu cabelo escuro estava ligeiramente despenteado, como se ele tivesse saído correndo de algum lugar.

- Ah, e você? Se estava tão distraída assim, por que esbarrou em mim? - Ele riu, um som seco e desdenhoso.

Viollet cruzou os braços, sentindo seu rosto corar de raiva.

- Eu esbarrei em você? Era só o que me faltava... Presta atenção, estou atrasada e não tenho tempo pra isso! - ela respondeu, tentando manter a calma.

- Kkk, que situação. Garota, estou atrasado e não tenho tempo para perder com conversas sem sentido. Me dá licença - disse ele, empurrando levemente Viollet de lado e continuando seu caminho como se nada tivesse acontecido.

Viollet ficou parada, observando o estranho se afastar, uma onda de frustração e raiva tomando conta dela. "Ótimo, simplesmente ótimo! Como eu vou para uma entrevista agora, sem currículo?", pensou, olhando para a poça de lama onde seus esforços estavam agora destruídos.

Ela suspirou, olhando para o relógio em seu pulso. Ela já estava atrasada. "Não posso desistir agora". Com passos rápidos, quase correndo, Viollet seguiu em direção ao café. Assim que empurrou a porta de vidro e entrou, seus olhos se arregalaram. Lá estava ele - o mesmo estranho de mais cedo, sentado em uma das cadeiras, olhando impaciente para o relógio.

- Ah, fala sério! - exclamou, quase rindo de nervoso. - Não me diga que você também veio fazer a entrevista?

O homem levantou o olhar, seus olhos frios fixando-se nos de Viollet.- E se for? - ele respondeu secamente, sua voz carregada de indiferença.

Aquilo fez a raiva de Viollet atingir um novo pico. Ela respirou fundo e caminhou até o balcão, tentando ignorá-lo. Ela precisava manter a calma, mesmo que cada fibra de seu ser quisesse gritar. O café era pequeno, com um ambiente acolhedor. As paredes eram decoradas com fotografias antigas da cidade, e o cheiro do café fresco e croissants assados preenchia o ar, mas o ambiente aconchegante não ajudava a suavizar a tensão que pairava no ar.
Uma atendente simpática se aproximou.

Entre Acasos e SegredosOnde histórias criam vida. Descubra agora