Capítulo 4: A Busca por Aliados

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Nathan e Hannah sabiam que não tinham tempo a perder. Após o encontro com Mikhail e as sombras que rondavam o apartamento de Nathan, a urgência de agir tornou- se ainda mais clara. Eles precisavam de aliados - pessoas em quem pudessem confiar, que tivessem poder suficiente para ajudá-los a lidar com os criminosos que os perseguiam.

Os dois decidiram se encontrar na manhã seguinte, antes do café abrir, para discutir seus próximos passos. Nathan tinha uma ideia, mas sabia que seria arriscada.

- Eu conheço alguém - começou ele, enquanto caminhavam lado a lado em uma rua quase deserta.

O sol estava apenas começando a nascer, e uma neblina leve cobria o chão, dando à cidade um ar fantasmal.

- Um velho amigo do meu pai. Ele costumava ser investigador, mas se aposentou depois que as coisas começaram a ficar perigosas demais. Se há alguém que pode nos ajudar sem ser corrompido, é ele.

- Você confia nele? - perguntou Hannah, olhando para Nathan com uma mistura de preocupação e esperança.

- Não totalmente - admitiu Nathan. - Mas ele me ajudou quando eu precisei fugir. Ele é a única pessoa que me vem à mente que não tem ligação com Mikhail e que conhece como esse tipo de gente opera.

Hannah assentiu, seu coração acelerado. Sabia que dependia de encontrar um aliado, alguém que pudesse equilibrar as forças em meio a toda aquela situação.

- Como podemos encontrá-lo? - perguntou ela, a voz soando firme apesar do medo.

Nathan hesitou por um momento, como se estivesse reavaliando sua decisão de envolver Hannah ainda mais.

- Ele mora fora da cidade, em um lugar afastado. Precisamos ir até lá. Pode ser arriscado, mas se tivermos sorte, ele vai nos ajudar. Se não... - Nathan deixou a frase suspensa, mas Hannah entendeu a implicação. Seriam apenas eles dois, mais uma vez, enfrentando o desconhecido.

Depois de deixar uma mensagem para o chefe dizendo que precisavam tirar um dia de folga - algo que sabiam que provavelmente lhes custaria seus empregos. Nathan e Hannah pegaram a estrada. O carro de Nathan era velho, com o motor roncando a cada curva, mas ele parecia conhecer bem a direção, e Hannah se sentiu um pouco mais tranquila com a firmeza com que Nathan guiava. A paisagem urbana foi gradualmente dando lugar ao campo, e as casas e prédios altos se transformaram em campos e árvores. Hannah sentiu o estômago se apertar com a ansiedade, mas também com a sensação de que estavam se afastando do perigo por um momento. Ela olhou para Nathan, que mantinha os olhos fixos na estrada, os lábios pressionados em uma linha fina, como se estivesse perdido em pensamentos.

- Como você conheceu esse homem? - perguntou Hannah, tentando quebrar o silêncio e descobrir mais sobre o passado de Nathan.

Ele suspirou, os olhos ainda na estrada.

- Ele era amigo do meu pai antes de tudo dar errado. Quando minha família se desfez, ele tentou me ajudar. Foi quem me deu um lugar para ficar por um tempo, até que Mikhail e os outros me encontrassem. Depois disso, eu precisei sair e me esconder. Mas eu nunca esqueci o que ele fez por mim.

Hannah assentiu. Havia uma tristeza profunda em Nathan, uma dor que ela começava a entender. Ele havia perdido tanto, e agora estava tentando lutar contra os mesmos demônios que haviam destruído sua vida.

Após algumas horas, eles chegaram a uma casa simples, cercada por árvores. Não havia vizinhos por perto, apenas o som do vento balançando as folhas. Nathan estacionou o carro e olhou para Hannah antes de saírem.

- Fique perto de mim. Não sabemos se ele ainda está aqui, ou se alguém o encontrou antes de nós.

Hannah assentiu, sentindo a adrenalina pulsar em suas veias. Eles desceram do carro e caminharam até a porta, que estava levemente entreaberta. Nathan bateu, mas não houve resposta. Ele então empurrou a porta lentamente, revelando uma sala de estar desordenada, como se alguém tivesse saído com pressa.

- Thomas? - chamou Nathan, a voz baixa e cautelosa. - É Nathan. Você está aí?

Um barulho vindo do andar de cima os fez se entreolhar, e Nathan indicou para Hannah ficar atrás dele. Eles subiram os degraus rangentes, a cada passo aumentando a tensão no ar. Quando chegaram ao topo, viram um homem mais velho, com cabelos grisalhos e uma expressão séria, segurando uma espingarda apontada para eles.

- Nathan? - perguntou o homem, a surpresa em sua voz. Ele abaixou a arma, mas seus olhos ainda estavam desconfiados. - O que você está fazendo aqui, garoto? Eu disse que não queria mais envolvimento com esses problemas.

Nathan deu um passo à frente, erguendo as mãos em um gesto de paz.

- Eu sei, Thomas. E eu sinto muito. Mas estou sem saída. Preciso de sua ajuda, mais uma vez.

Thomas olhou para Hannah, seus olhos estreitando.

- Quem é ela? Você trouxe alguém inocente para o meio disso?

- Ela é minha amiga. E está envolvida agora, goste você ou não. Nós precisamos de você, Thomas. Eles estão atrás de nós.

O homem suspirou pesadamente, como se carregasse o peso de muitas decisões difíceis em suas costas. Ele abaixou a arma completamente e acenou com a cabeça.

- Tudo bem. Entrem, vamos conversar.

Os três se sentaram em uma sala apertada, com janelas pequenas que deixavam entrar pouca luz. A casa tinha um ar de abandono, e Thomas parecia cansado, como se o passado tivesse finalmente o alcançado de uma maneira que ele não pudesse mais ignorar.

- Quem está atrás de vocês? - perguntou ele, acendendo um cigarro e oferecendo um olhar penetrante a Nathan.

- Mikhail e o grupo dele. Eles querem o arquivo que eu peguei - respondeu Nathan, a voz baixa.

Thomas fechou os olhos por um momento, como se estivesse tentando reunir forças.

- Você mexeu com o vespeiro, garoto. E agora quer que eu te ajude a sair dessa? - Ele soltou uma risada amarga. - Eu sabia que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde.

- Eu sei que é pedir muito, Thomas. Mas não temos mais ninguém. Precisamos de alguém em quem confiar, alguém que possa nos ajudar a encontrar uma maneira de acabar com isso.

Thomas permaneceu em silêncio por um longo momento, e então seu olhar se voltou para Hannah.

- E você, garota? Por que está aqui? Por que não correu quando teve a chance?

Hannah respirou fundo, tentando manter a firmeza na voz.

- Porque eu me importo com Nathan. E não vou deixá-lo enfrentar isso sozinho. Eu sei que é perigoso, mas não posso simplesmente virar as costas agora.

Thomas a observou, seus olhos suavizando um pouco.

- Você é corajosa. Talvez tola, mas corajosa. - Ele deu um longo trago no cigarro antes de apagar a ponta. - Muito bem. Vou ajudá-los, mas precisam entender que isso pode custar tudo. Eu me afastei dessa vida por um motivo. E uma vez que nos envolvermos, não haverá volta.

Nathan assentiu, e Hannah fez o mesmo, mesmo com o medo crescendo em seu peito.

- Estamos prontos para correr o risco - disse Nathan.

Thomas os observou por mais um momento antes de se levantar.

- Então sigam- me. Tenho algo para mostrar a vocês. Talvez, se jogarmos nossas cartas direito, ainda tenhamos uma chance.

Enquanto seguiam Thomas para o porão, Hannah sentiu que aquele era apenas o começo de uma nova fase, mais perigosa do que qualquer coisa que haviam enfrentado até agora. As sombras estavam cada vez mais próximas, e cada movimento poderia ser decisivo. Mas, com Nathan ao seu lado e agora um aliado experiente, ela se preparou para o que quer que estivesse por vim.

Entre Acasos e SegredosOnde histórias criam vida. Descubra agora