Entre Acasos e Segredos

Capítulo 6: A Primeira Prova

A estrada serpenteava pelas montanhas, estreita e sinuosa, flanqueada por densas florestas. O ar parecia mais pesado ali, carregado de umidade e o silêncio perturbado apenas pelo som dos pneus do carro de Thomas sobre o cascalho. Hannah olhava pela janela, o olhar perdido nas árvores que se moviam rapidamente, tentando conter a ansiedade que crescia em seu peito.

— Está ficando difícil para o carro subir — observou Nathan, olhando para o caminho íngreme e as pedras que pontilhavam a estrada.

— As condições não são as melhores. — Thomas suspirou, apertando o volante. — A casa de Darius é um pouco mais distante. Precisaremos parar o carro em algum lugar seguro e seguir a pé.

Thomas encontrou um espaço onde o carro poderia ser deixado sem obstruir a estrada e sinalizou para Nathan e Hannah saírem. A caminhada não seria fácil, mas não havia alternativa. Darius vivia isolado por um motivo — não queria ser encontrado facilmente.
O trio seguiu pela trilha, subindo por uma encosta cercada por árvores e mato alto. Nathan caminhava ao lado de Hannah, preocupado com a segurança dela. Já Thomas ia à frente, guiando— os por aquele caminho que parecia bem conhecido por ele.

— Quantas vezes você já veio aqui? — perguntou Hannah, curiosa.
Thomas olhou por cima do ombro, dando de ombros.

— Poucas. Darius não gosta de visitas, nem mesmo de velhos amigos. Mas eu sei que ele valoriza uma dívida, e isso pode ser nossa única vantagem aqui.

O percurso foi exaustivo, com pedras soltas e a inclinação íngreme. Quando finalmente avistaram uma casa de madeira, isolada no topo de um penhasco, Thomas parou e virou— se para os dois.

— Deixem— me falar com ele primeiro. Darius é desconfiado, e a última coisa que precisamos é que ele se sinta ameaçado por estranhos.

Nathan assentiu, puxando Hannah para perto de si enquanto observavam Thomas seguir em direção à porta da casa. Thomas bateu três vezes, e eles esperaram, o silêncio quebrado apenas pelo som distante do vento. Um movimento de cortina no segundo andar indicava que alguém os observava. Finalmente, a porta se abriu, revelando um homem alto, de barba grisalha e olhos penetrantes.

— Thomas? — Darius franziu a testa, a surpresa evidente em seu rosto. — Pensei que tivesse deixado essa vida para trás.

— Deixei, Darius, mas o passado me encontrou. Preciso de sua ajuda. Nós precisamos. — Thomas fez um gesto em direção a Nathan e Hannah, que esperavam mais atrás.

Darius olhou para eles com desconfiança, seus olhos estreitando. Parecia medir os dois, como se tentasse prever suas intenções.

— Quem são eles? — ele perguntou, mantendo a porta apenas entreaberta.

Thomas aproximou— se, falando em um tom que Nathan e Hannah mal podiam ouvir.

— É complicado, mas eles são confiáveis. Estão sendo perseguidos por Mikhail, e precisam da sua ajuda para se livrar dele de uma vez por todas.

Darius manteve o olhar sério, como se considerasse a proposta. Por fim, ele suspirou e abriu a porta por completo.

— Muito bem, entrem. Mas vou deixar claro que não quero problemas aqui.

Thomas acenou para Nathan e Hannah, e os dois seguiram até a casa. Darius os conduziu para dentro, uma sala simples, com poucas mobílias e apenas o essencial. A casa era espaçosa, mas cada centímetro parecia refletir a personalidade do dono — prática, sem luxo ou qualquer coisa desnecessária.

— Sente— se. — Darius apontou para um sofá enquanto ele próprio tomava uma poltrona ao lado de uma pequena lareira. — Quero ouvir o que têm a dizer e por que acreditam que posso ajudar.

Nathan começou a contar a história novamente — sobre Mikhail, sobre o arquivo, e sobre como o envolvimento deles tinha chegado a esse ponto. Enquanto falava, Hannah observava Darius. O homem mantinha um olhar atento, os dedos entrelaçados enquanto ouvia, sem nunca desviar os olhos.

Quando Nathan terminou, Darius ficou em silêncio por um longo momento, ponderando.

— Você sabe que isso é suicídio, não sabe? — ele finalmente disse, encarando Nathan. — Enfrentar Mikhail é praticamente impossível sem apoio. Ele tem poder, contatos, dinheiro. Já vi muitos tentarem e falharem.

Nathan assentiu, o peso da situação claramente refletido em sua expressão.

— Sei que é arriscado. Mas estamos sem opções. Se não fizermos nada, ele vai nos encontrar, e vai acabar com todos que estiverem ao nosso redor. Não podemos continuar fugindo.

Darius olhou para Thomas, depois para Hannah. Finalmente, ele se levantou.

— Muito bem. Vou ajudar vocês. Mas isso não será fácil. Primeiro, preciso ter certeza de que posso confiar em vocês. E isso significa uma prova.

Hannah engoliu em seco, sentindo o medo crescer. Ela olhou para Nathan, que franziu a testa.

— Que tipo de prova? — perguntou ele.

Darius cruzou os braços.

— Preciso que vocês consigam uma informação para mim. Algo que Mikhail está guardando em um depósito na cidade. Há semanas tento descobrir onde ele está escondendo certos documentos, e agora vejo uma oportunidade. Se vocês conseguirem trazê-los para mim, vou acreditar que estão falando a verdade e não são apenas iscas enviadas para me destruir.

Thomas parecia preocupado.

— Darius, isso é arriscado demais. Eles já têm Mikhail atrás deles. Colocá-los em uma missão assim pode ser fatal.

— Não disse que seria fácil, Thomas. — Darius olhou para Nathan e Hannah. — Mas, se querem meu apoio, terão que provar que são dignos dele. E isso começa agora.

Nathan apertou a mão de Hannah e olhou para Darius.

— Nós faremos isso. Diga o que precisamos saber.

Darius caminhou até uma gaveta e pegou um pequeno mapa. Ele o entregou a Nathan.

— O depósito está marcado aqui. A segurança será apertada, mas haverá uma troca de turno esta noite. Se entrarem na hora certa, terão uma chance. E lembrem-se: só terão uma chance.

Hannah sentiu o medo aumentando, mas também uma determinação silenciosa. Ela sabia que o caminho à frente seria perigoso, mas não havia outra escolha. Precisavam confiar em Darius e, para isso, teriam que provar seu valor.

— Nós faremos isso — repetiu Hannah, a voz firme.

Darius apenas assentiu, seus olhos avaliando os dois mais uma vez.

— Espero que estejam prontos para o que vem a seguir. Porque, depois disso, não haverá mais volta.