Entre Acasos e Segredos

Capítulo 5: Revelações do Passado

Thomas os conduziu até o porão da casa, um lugar escuro e abafado, onde o cheiro de mofo era evidente. Hannah e Nathan desceram cuidadosamente as escadas estreitas, enquanto Thomas ligava uma lâmpada pendurada no teto, iluminando parcialmente o espaço.

— Não é muito, mas é aqui que guardo algumas coisas do meu tempo de investigador — disse Thomas, puxando uma mesa velha para o centro do porão. — Pode ser que encontre algo que os ajude. Mas, primeiro, preciso entender exatamente o que está acontecendo e o que Mikhail tem em mãos.

Nathan olhou para Hannah antes de começar a explicar tudo para Thomas. Falou sobre o arquivo, sobre o envolvimento de Mikhail em operações criminosas, e sobre como havia tentado se livrar do grupo, mas acabou preso na teia de ameaças e perseguições.

— O arquivo é essencialmente um dossiê sobre todas as atividades do grupo — disse Nathan, a voz ecoando pelo porão. — Nomes, locais, datas, operações. Se cair nas mãos certas, pode acabar com Mikhail e seus aliados.

Thomas assentiu, seu rosto permaneceu impassível enquanto processava a informação.

— E está escondido? — perguntou ele.

— Sim — respondeu Nathan. — Está num lugar onde não achariam tão facilmente. Precisei tomar muito cuidado.

Thomas ficou em silêncio, passando a mão pelo queixo enquanto pensava. Hannah, observando a cena, pôde perceber que ele analisava não apenas as palavras de Nathan, mas também os riscos envolvidos.

— Isso é perigoso, Nathan. Eles têm recursos, têm gente em todos os lugares. Mas se o arquivo for tão incriminador como você diz, temos uma pequena chance de fazer algo a respeito — disse Thomas, seus olhos se encontrando com os de Hannah. — Porém, antes de qualquer coisa, preciso saber se estão dispostos a correr até o último risco.

Nathan olhou para Hannah, seus olhos pedindo uma confirmação silenciosa. Hannah respirou fundo e assentiu. Ela sabia que não havia mais como voltar atrás, não depois de tudo o que já haviam passado.

— Estamos juntos nisso, Thomas — disse Hannah, sua voz firme. — O que precisamos fazer?

Thomas sorriu de leve, admirando a determinação da garota.

— Muito bem. A primeira coisa que precisamos é garantir que possamos tirar vantagem do que vocês têm. Isso significa manter o arquivo seguro até termos alguém confiável para entregá-lo. Vamos precisar de aliados.

Nathan franziu a testa, claramente preocupado.

— Mas quem podemos confiar? Mikhail tem olhos por toda parte. Qualquer pessoa poderia estar do lado dele.

Thomas acenou com a cabeça, concordando.

— É verdade. Mas há alguém que me deve um favor. E se eu o conheço, ele odiaria Mikhail tanto quanto eu. Alguém que deixou a força policial pelo mesmo motivo que eu, alguém que conhece o funcionamento do sistema, mas que se recusou a ser parte da corrupção.

Nathan e Hannah trocaram olhares. Sabiam que mais uma pessoa envolvida significava mais riscos, mas também sabiam que precisavam de ajuda.

— Quem é essa pessoa? — perguntou Nathan, finalmente.

— O nome dele é Darius. Trabalhou comigo na época em que investigávamos o tráfico de armas. Ele deixou a polícia depois que Mikhail subornou metade da delegacia. Darius é alguém que podemos usar para obter informações, para traçar um plano, e talvez até para garantir que o arquivo seja entregue à pessoa certa.

Thomas caminhou até uma gaveta e retirou um mapa. Ele o desenrolou sobre a mesa, apontando para um ponto específico.

— Ele vive aqui, nas montanhas. Afastado da cidade, como eu. Talvez porque saiba que Mikhail pode voltar para terminar o que começou. Nós vamos até ele, e se tudo correr bem, teremos mais alguém do nosso lado.

A viagem até as montanhas seria longa, então Thomas decidiu que partiriam na manhã seguinte. Enquanto se preparavam para descansar naquela noite, Hannah e Nathan conversaram em silêncio na sala de estar. O momento de calmaria, mesmo que breve, permitiu que os dois refletissem sobre tudo que haviam passado até agora.

— Você está bem? — perguntou Nathan, enquanto eles se sentavam juntos no velho sofá de Thomas.

Hannah sorriu levemente, seus olhos encontrando os dele.

— Não sei. Tudo parece surreal, como se eu estivesse vivendo um pesadelo do qual não consigo acordar. Mas, de alguma forma, ter você aqui torna tudo um pouco mais suportável.

Nathan pegou sua mão, apertando— a suavemente.

— Eu sinto o mesmo. E eu prometo que vou te tirar disso, Hannah. Não sei como, mas vou fazer de tudo.

Hannah assentiu, um calor tomando conta do seu peito. Era difícil acreditar que aquele sentimento estava nascendo em meio ao caos e ao perigo, mas ela sabia que não estava sozinha. Nathan era sua âncora, e ela estava disposta a lutar ao lado dele, custasse o que custasse.

O amanhecer trouxe consigo a sensação de incerteza, mas também uma nova determinação. Eles estavam se colocando em uma situação ainda mais perigosa, mas a promessa de encontrar alguém como Darius — alguém que pudesse ajudá-los — era o suficiente para manter a esperança viva.

Quando Thomas, Nathan e Hannah partiram em direção às montanhas, a neblina ainda cobria a estrada, e o silêncio da manhã era interrompido apenas pelo som do motor do carro. Thomas, focado na direção, explicava alguns detalhes sobre Darius e o que poderiam esperar.

— Ele não é do tipo que confia facilmente — disse Thomas. — Vocês precisam ser sinceros com ele. Ele já viu muitas traições, e o único motivo de eu achar que ele vai nos ajudar é porque Mikhail também destruiu a vida dele.

Hannah olhou para Nathan, e ele apenas assentiu. Eles sabiam que cada pessoa que enfrentava Mikhail tinha suas próprias cicatrizes, e Darius não seria diferente.

Enquanto avançavam na estrada sinuosa das montanhas, o medo e a incerteza estavam sempre presentes, mas algo novo também estava crescendo entre Nathan e Hannah. Uma compreensão silenciosa de que, não importava o que acontecesse, eles enfrentariam tudo juntos.

O destino que os esperava era incerto, mas enquanto houvesse uma chance, mesmo que mínima, eles estariam dispostos a correr todos os riscos.