𝗦𝗢𝗡𝗚 - 𝐒akusa 𝐊iyoomi.

Capítulo 6.

O sol já estava se pondo quando Sakusa saiu do estúdio, sentindo um leve alívio ao saber que, finalmente, poderia voltar para casa. O dia tinha sido mais exaustivo do que ele havia previsto, e não apenas por causa da limpeza, mas também por passar tanto tempo ao lado de Naomi. Ela tinha uma capacidade quase sobrenatural de irritá-lo com suas provocações, mas, de algum modo, ele não conseguia ignorá-la por completo. Enquanto andava pelas ruas, sua mente vagava por esses pensamentos.

Ao chegar em casa, Sakusa seguiu seu ritual: tirou os tênis, lavou as mãos com um cuidado exagerado, e, só depois de se sentir limpo, foi até o sofá. Pegou o celular e abriu o aplicativo de mensagens, rolando até encontrar a conversa com Suna. Neste momento, somente aquele homem seria capaz de entender e também suspeitava que tudo tinha sido uma armação dele.

Sakusa: "Certeza que você armou tudo isso, você é péssimo."

Ele deixou o celular de lado por um momento, fechando os olhos e tentando entender o que exatamente o incomodava sobre aquela interação. Naomi o provocava o tempo todo, mas... por que? Havia algo nela, um ressentimento palpável, mas que ele não conseguia identificar de onde vinha.

O celular vibrou com a resposta de Suna.

Suna: "Eu? Eu não fiz nada. Sua tarde foi divertida?"

Sakusa revirou os olhos, já esperando a resposta sarcástica de Suna. Mas ele precisava falar mais, precisava entender o que estava acontecendo.

Sakusa: "Foi tudo, menos divertido. Não consigo entender por que ela me odeia tanto."

Ele sabia que Suna entenderia o peso dessa mensagem. Suna era, afinal, o irmão de Naomi. Se alguém soubesse o motivo daquele ódio gratuito, seria ele.

O celular vibrou de novo.

Suna: "Vou ser honesto, Sakusa, esse é um assunto complicado. E não é algo que eu deva te contar. Se quiser saber o motivo, acho que vai ter que perguntar pra ela."

Sakusa franziu a testa. Complicado? Por que Suna estava sendo evasivo? O que ele estava deixando de dizer?

Sakusa: "Sério? Nem uma dica?"

Suna: "Confia em mim, você não vai querer que eu seja o portador dessa história. E, sinceramente, acho que você precisa ouvir da boca dela. Boa sorte com isso."

Sakusa suspirou. Se Naomi o odiava por algum motivo, ela claramente não tinha intenção de resolver isso e nem de contar para ele. Mas agora estava curioso, e a ideia de que havia algo maior por trás da implicância dela o incomodava ainda mais.

{...}

Enquanto isso, Naomi caminhava pelas ruas com uma sacola de papel nas mãos. Dentro, uma sopa quente que ela havia comprado para Osamu. Ele estava doente e, apesar de todo o caos com Sakusa no estúdio, Naomi sabia que Osamu precisava de algo reconfortante. Além disso, ela gostava de cuidar de seus amigos, especialmente quando eles estavam em situações difíceis.

Ela chegou à porta do apartamento de Osamu e bateu suavemente. A porta foi aberta alguns segundos depois, revelando um Osamu visivelmente abatido, com olheiras profundas e o rosto pálido.

- Naomi? - Ele parecia surpreso ao vê-la.

- Ei, vim ver como você está e trouxe sopa, achei que fosse te fazer bem - disse ela, erguendo a sacola com um sorriso suave.

Osamu abriu a porta para que ela entrasse, revelando um ambiente levemente bagunçado, um pequeno apartamento com poucos cômodos, o que fazia com que Osamu se sentisse em casa.

- Isso foi muito legal da sua parte. Obrigado, de verdade.

Naomi colocou a sacola sobre a mesa, enquanto Osamu ia até a cozinha buscar uma colher. Ela se sentou no sofá e olhou ao redor. O apartamento estava silencioso, exceto pelo som da TV ligada, em um volume baixo, quase inaudível.

- E aí, como você está? Melhorando? - ela perguntou, enquanto ele começava a tomar a sopa.

- Um pouco. A febre passou, mas ainda me sinto fraco - Osamu respondeu entre uma colherada e outra. - Essa sopa vai me ajudar a melhorar, com certeza.

Ela sorriu, mas sua mente estava em outro lugar. Enquanto observava Osamu comer, a conversa no estúdio mais cedo ainda ecoava em sua cabeça. O dia inteiro com Sakusa tinha trazido à tona sentimentos que ela pensava ter deixado para trás. O jeito frio e metódico dele sempre a irritava, mas não era só isso. Havia um motivo mais profundo, um passado que ela preferia evitar.

- Você devia se cuidar mais. Trabalha demais, Osamu. Isso acaba te derrubando - disse Naomi, tentando afastar os pensamentos sobre Sakusa.

- Eu sei, mas você me conhece. Não consigo ficar parado - ele respondeu com um sorriso fraco, enquanto limpava a boca com um guardanapo. - E o Sakusa? Vocês dois... limparam o estúdio juntos hoje, né?

Naomi olhou para ele por alguns segundos, como se tentasse medir as palavras certas. - Sim, e foi tão irritante quanto você imagina. Ele tem esse jeito todo certinho que me tira do sério.

- Achei que fosse mais do que isso - Osamu comentou, casualmente, mas seus olhos estavam atentos. - Ele te incomoda de uma forma diferente.

Naomi desviou o olhar. Era verdade. Sakusa a incomodava mais do que qualquer outra pessoa, e o motivo estava guardado tão profundamente que ela preferia não pensar sobre ele.

- Não quero falar sobre isso agora - ela disse, seu tom um pouco mais ríspido do que o habitual.

- Tudo bem. Mas, Naomi, um dia você vai ter que resolver isso. Não é saudável guardar tanto rancor. - Osamu deu um sorriso reconfortante na visão de Naomi e voltou sua atenção à sopa.

- Eu sei. Mas hoje não. Descanse, ok? Vou passar aqui amanhã para ver como você está. - Ela suspirou, se levantando do sofá. Esse assunto conseguia chatear mais que qualquer outro, trazendo à tona um passado que preferia esquecer.

- Pode deixar. - Ele acenou para ela. - Obrigado pela sopa, você é uma boa amiga.

Naomi sorriu de leve e acenou de volta, saindo do apartamento. Sua missão naquele lugar havia sido cumprida, e ela poderia retornar para casa. Enquanto caminhava de volta, precisava de um tempo sozinha, seu coração estava pesado e sua mente se encontrava em um turbilhão de pensamentos. Ela sabia que, eventualmente, teria que encarar o que sentia sobre Sakusa e o motivo de seu ódio por ele, mas, por enquanto, preferia manter essas emoções trancadas. Afinal, abrir aquela porta poderia trazer mais dor do que estava disposta a lidar.