🌊A areia já estava um pouco mais fria sob os pés alheios. As palmas animadas de Bokuto ecoavam pela praia, criando um ritmo que se misturava com o som das ondas ao fundo. O sol começava a baixar no horizonte, tingindo o céu de laranja, enquanto os dois times se encaravam sobre a rede, prontos para mais uma batalha amistosa de pura adrenalina.
Oikawa respirou fundo, sua mão direita segurando a bola na mão, o braço pálido se armou como um chicote, deu um tapa forte que quase ecoou pelo ambiente inteiro.
O saque saiu potente, rasgando o ar, uma bala viajando em direção ao fundo da "quadra", era uma bola difícil, com força e velocidade, perfeita para desestabilizar a recepção.
Mas na outra metade, Heitor, destemido como era, correu alegre, estava preparado, ele leu a trajetória da bola num piscar de olhos.
Flexionou as pernas, baixou o corpo e, com uma precisão impecável, estendeu os braços em plataforma, dava inveja até ao melhor líbero do time que Hinata já tivera visto jogando em quadra, o ruivo sorriu bobo, amava ver recepções embora não fosse muito bom com elas.
A bola chegou com força, claro, os saques de Oikawa e de Heitor eram os mais fortes de todo aquele grupo, quando ele amorteceu o impacto, o passe saiu limpo quase automaticamente, elevado na altura perfeita, flutuando sobre a areia até o moreno posicionado perto da rede.
—BOA RECEPÇÃO!
Kageyama, não perdeu tempo. A bola vinha exata, redonda, permitindo-lhe opções. Com agilidade, ele se posicionou, ajustou o corpo e, num movimento rápido e preciso, fez o levantamento perfeito. A bola subiu em arco, alta e veloz, indo direto para a esquerda.
O coração de Hinata fez cosplay de escola de samba, seus pés afundavam na areia enquanto ele armava o ataque, o pé esquerdo dando um passo curto puxando os braços para frente, o direito guiando seu corpo em um passo mais largo enquanto jogava as mãos para trás e por fim juntou os dois dando uma impulsão total á toda sua massa.
E de repente alguém tão baixinho parecia estar no topo do mundo, usando asas de anjo para flutuar sobre os ares no exato momento em que a bola chegava ao seu ponto mais alto, os olhos castanhos fixos na quadra do outro lado.
Com um movimento forte e certeiro, ele cortou a bola com toda a força, a mão aberta encontrando o couro. O som do impacto ecoou pela praia, e a bola disparou como um foguete, passando a centímetros dos bloqueadores adversários.
A bola atingiu a areia adversária com um impacto seco, sem chances de defesa. O ponto era deles.
–Ei, Tobio — Oikawa o chamou do outro lado da rede com um sorriso largo — Foi um bom levantamento.
Seu coração parou um pouco.
De repente a praia não tinha cheiro de maresia como antes, cheirava a cera, a areia quentinha sobre seus pés viraram cimento, a iluminação agradável do sol se tornou artificial e branca, tudo virou o grande ginásio do Kitagawa Daichi.
Oikawa estava sentado no banco da quadra, seus olhos castanhos parecia frustrado, uma pressão esmagadora em seus ombros, um calor irradiando por toda sua pele, a coisa toda estava o autodestruindo aos poucos.
Toru Oikawa, levantador reserva do time.
Infelizmente ele era o único que não se enxergava de maneira cruel, para todos os outros era notória sua grandeza como levantador e para seu maior admiração, Toru era seu sinônimo de inspiração em tudo.
Animadamente saltitou até o rapaz com seus olhos azuis escuros brilhando, uma calmaria considerável porque, aquele rapaz de 16 anos além de melhor amigo era sua "figura paterna".
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IPANEMA
Roman d'amourEra só o que faltava mesmo, ser afastado de seu sonho, viajar para outro país, ficar perdido no meio da praia de Ipanema e de quebra presenciar o corte mais lindo que tivera visto em toda sua vida.