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O caminhar pela rua era inquieto, o caminho em si quieto, normalmente nesta idade é comum voltar da escola acompanhado de amigos tagarelas que entopem a atmosfera de risadas e gracinhas, no entanto, Kageyama estava voltando sozinho.
Não que o incomodasse mais do que deveria, ele estava acostumado a ser sozinho, embora também sentisse necessidade de ter um amigo.
Sua rua era bem vazia naquele horário, a movimentação dos carros também era pouca, talvez porque não era um horário de pico, os olhos azuis escuros mergulhavam-se pela paisagem urbana, perdido em mundos que não desbravara por falta de coragem.
Quando um barulho diferente da cantoria de pássaros, da ventania do céu nublado e do barulho das rodas girando na rua alcançou os seus ouvidos, foi inevitável que ele não virasse para ver de onde veio o som.
Aproximou-se do cenário, avistando no quintal de seu vizinho um garoto mais velho com uma bola de vôlei, seus cabelos eram castanhos bagunçados e com uma franja meio despenteada, ele usava uma blusa folgada azul.
A bola foi jogada para cima, a palma da mão do rapaz a acertou em cheio, fazendo algo que, Kageyama não fazia IDEIA do que era, mas, achou legal demais.O garoto notara que tinha um espectador ali, observando ele e fez uma leve careta, franzindo o cenho.
"Kageyama..."
—O que você está olhando? — ele perguntou, pegando a bola de volta que voou para o outro lado do quintal.
O garotinho de 12 anos abriu a boca algumas vezes para falar, não conseguiu formular uma palavra, suas habilidades sociais eram terríveis e não era atoa, a única pessoa que tinha para conversar era sua mãe.
"Kageyama...?"
O rapaz o encarou por alguns segundos, dando um pequeno suspiro que logo após se desenhou um sorriso em seus lábios.
—Entendi, quer aprender?
Os olhos do garotinho brilharam como estrelas, incapaz de formular uma palavra, acenou com a cabeça, contente com a ideia de aprender algo que achou incrível e ter alguém para passar tempo.
—Kageyama — o rapaz se despertara de seus pensamentos quando o treinador o chamou, o homem suspirou — Você entendeu o porque estou te afastando, certo? É temporário.
Ah.
Kageyama suspirou em casa, passando as mãos pelo cabelo em frustração, o dia tivera sido horrível e ele precisava desabafar com alguém.
O homem de 19 anos apertou para ligar para aquele contato, suas habilidades sociais se desenvolveram um pouco, ele já não tinha tanto necessidade de um amigo e não era atoa, as únicas pessoa que tinha para conversar era sua mãe e Oikawa.
—Uau, porque toda vez que você me liga você tem essa cara de depressivo, Tobio? 'ce tá acabado hein! — a voz debochada de Oikawa ecoou pelo celular do rapaz, o fazendo bufar e revirar os olhos — Tá tá, o que aconteceu? — perguntou se arrumando na câmera, como sempre vaidoso.
—Fui afastado do time temporário— respondera, vendo a reação meio surpresa de seu melhor (e único) amigo.
A razão pela qual estava vivendo isso era seu trauma de infância, os gritos seja da torcida ou da cobrança do treinador fazia Kageyama travar no meio de um jogo ou ficar desnorteado o suficiente para não ser um jogador tão útil em partidas eliminatórias.
Apesar de sua doce mãe ser uma pessoa carinhosa, ter dado muito amor para ele na infância (do jeito dela), ainda tivera que lutar o estresse que a mulher tinha no trabalho, nem sempre a dona de belos olhos azuis ficava brava, mas, quando acontecia estourava como uma bomba.
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IPANEMA
RomanceEra só o que faltava mesmo, ser afastado de seu sonho, viajar para outro país, ficar perdido no meio da praia de Ipanema e de quebra presenciar o corte mais lindo que tivera visto em toda sua vida.