Meret

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Poucos dias antes do Natal não havia mais aulas, e a maioria dos alunos estava aproveitando o espírito natalino. Tom, assim como Meret, gostava de tirar uma longa soneca durante os dias mais frios, e ficava na cama pulando o café da manhã por enquanto. Ele sempre podia tomar um café da manhã mais tarde, ou comer mais durante o almoço. Agora tudo o que ele queria era um pouco de paz e sossego, com seu amado animal de estimação.

Havia também outra razão pela qual Tom decidiu ficar sozinho no dormitório, enquanto seus colegas de classe foram tomar café da manhã naquele dia. Embora ele frequentemente falasse com cobra, ele só podia usar a língua de cobra quando estavam sozinhos, para não levantar suspeitas sobre o porquê de haver outro bruxo com essa habilidade na escola.

- Pai? - Meret sibilou abraçando seu mestre com carinho.

- Hmm? - Ele murmura, acariciando lentamente o topo da cabeça preta dela. - O que é?

- É verdade que eu faço aniversário em breve? - Ela perguntou. - Eu poderia ganhar algo divertido este ano? Ouvi dizer que os humanos ganham presentes em seus aniversários...

Ele sorriu, Meret era uma criança tão fofa. E para sua diversão, o via como seu pai, já que ele foi a primeira pessoa que ela viu depois de chocar.

- Claro, Meret. O que você quiser. Afinal, você me presenteou com aquele umm... delicioso pássaro morto semana passada...

Ele não teve coragem de dizer a ela que não comeu o corpo do pardal. Ela ficou tão orgulhosa depois que foi caçar por conta própria para ele.

- Eu quero um rato... - Ela disse... - E talvez uma nova cesta de viagem...

Ele fez cócegas nela e perguntou.

- Só isso? Eu poderia te dar algo especial, sabia? - Ele pensou no dedo que cortou do trouxa que atacou só por ela. Ele o deixou viver, mas o obliterou, plantando algumas memórias falsas de um acidente de oficina, caso alguém investigasse uma pessoa desaparecida. Ah, Meret vai ficar tão surpresa.

A cobra hesitou, mas então olhou Tom diretamente nos olhos.

- Você pode me contar uma história sobre como nos conhecemos? Não consigo lembrar... - Ela sibilou tristemente.

- Isso é porque ninguém se lembra do dia do seu próprio nascimento, Meret, você não precisa ficar brava. É o suficiente que eu me lembre.

Ela olhou para ele esperando. Ela realmente era como uma criança pequena querendo que seu pai lhe contasse um conto de fadas.

- Ah, tudo bem...

- Há um ano, na véspera de Natal, A toca -

- Você comprou o quê para ele?! - Molly gritava para Charlie. - Você é louco?! Eles são venenosos!

Ao contrário deste ano, Tom decidiu ir para casa no Natal, este ano ele queria ir ao Baile de Inverno, então estava fora de questão. Mas então ele queria experimentar um Natal com sua nova mãe e seu novo pai, e ele não ficou nem um pouco desapontado. O feriado foi 100% como ele sempre sonhou. Seus irmãos até tinham um presente para ele.

- Que bruxo nunca foi mordido por um réptil venenoso pelo menos uma vez, mãe?

Tom assentiu olhando para o terrário com um pequeno ovo de cobra egípcia dentro.

- Um saudável! - Ela rosnou. - Primeiro você e os dragões bebês escondidos na casa e agora isso!? Por que você não comprou um ovo de basilisco para ele quando estava lá?!

O adolescente de cabelos pretos engoliu em seco ao ouvir a menção do basilisco, mas seu irmão mais velho disse:

- Não seja uma mãe ridícula, ele é muito novo para isso. - disse Charlie. - Até eu consigo ver isso.

- Mas eu posso te dar uma depois que você se formar, se você quiser. - Ele sussurrou no ouvido de Tom. - Elas são raras, mas não impossíveis de encontrar...

O sorriso de Tom se alargou. Isso era... tentador...

- Mãe, por favor... - Tom implorou. - É só um animal comum, não uma criatura mágica. Se trouxas podem criar um, eu também posso.

- Bem... - Molly ainda estava incerta, mas viu o quanto seu filho mais novo gostou do presente. Ela pode tirá-lo dele? - Ok, mas você vai me ajudar na cozinha durante toda a sua estadia, entendeu, rapaz?

Ele a beijou de relance e agradeceu.

- Você sabe que eu faria isso de qualquer maneira, mãe.

Não era mentira. Ele realmente se interessava por cozinhar e assar, para ser justo, ele se interessava por praticamente tudo que pudesse tentar, depois de 50 anos da mesma rotina. Se ele fosse começar a mesma conversa chata com o professor Dumbledore mais uma vez, ele gritaria que é o herdeiro da Sonserina, então todos poderiam ficar quietos.

Molly suspira, enquanto seu filho leva um ovo de cobra para seu quarto. Não havia como o garoto desistir de seu novo bichinho de estimação agora.

Os olhos de Tom brilharam enquanto ele colocava o ovo delicadamente no travesseiro e deitava em uma cama. Se o que Charlie lhe disse fosse verdade, a cobra chocaria no mesmo dia.

Ah, ele mal podia esperar!

Depois de cerca de uma hora, o entusiasmo anterior diminuiu um pouco, mas ainda assim o menino estava nervoso, não importava o que ouvisse, mesmo o menor barulho vindo do ovo...

Quando o relógio mostrou que já era meia-noite, no entanto, cerca de 4 horas depois, Tom não conseguiu evitar um bocejo.

- Uggggh... - Ele estava ficando tão frustrado.

Havia algum feitiço que ajudasse a mãe natureza? Ele não queria arriscar, com um feitiço de envelhecimento, mas então novamente suas pálpebras estavam se fechando sozinhas...

Eram quase 2 da manhã quando algo o assustou e acariciou sua bochecha com sua pele fria e escorregadia.

- Dada! - Ele ouviu.

- Hein? - Tom limpou a saliva da boca. Quem era? Uma voz infantil estava sibilando para ele.

- Dadá!

Era língua de cobra. Sem dúvida, a cobra estava falando com ele. Só isso não era surpreendente, mas não tinha jeito, ele não ia deixar essa cobra chamá-lo assim.

- Vamos esclarecer as coisas, cobra, eu não sou seu pai, eu sou seu novo dono, mestre Tom. - Ele sibilou para a serpente. Normalmente, quando ele interagia com cobras, elas eram mais velhas do que alguns minutos.

Cobra apenas inclinou a cabeça diante disso.

- Dadá?

- Não "papai", me-s-tre-Tom. - Ele pressionou dois dedos na testa, isso não estava levando a lugar nenhum. - Você pode tentar repetir isso, cobra?

- Mãe... mãe?

Tom revirou os olhos, dos dois ele certamente preferia ser "papai" por enquanto. E pensar que ele aparentemente se tornou um pai adolescente... E a mãe achava que essa coisa era uma besta cruel e venenosa? Pfff... Sim, claro. Ainda bem que cobras bebês não precisam de fraldas.

- Agora, como te chamar? - Ele a pegou na palma da mão, e a cobra rodou seu corpo em volta dos dedos dele. Aquilo era tão fofo, ele não ia mentir.

Ele sabia que Lord Voldemort tinha sua Nagini, e embora ele gostasse do nome também, isso não combinava com o pequeno bebê, de jeito nenhum. Ele olhou para a serpente, era certamente uma fêmea, ela era preta, com dois olhos brilhantes, que pareciam pequenos botões de carvão, e era uma daquelas cobras egípcias, tão conhecidas dos contos sobre faraós. Ele se lembrou de uma velha deusa do Egito, Lady Of The Necropolis...

Que tal "Meretseger"? - Ele perguntou. - Você gosta?

Uma cobra assentiu e sorriu, mostrando suas presas de bebê.

E o resto é história...

Odd one outOnde histórias criam vida. Descubra agora