AEGON.

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A TOLERÂNCIA DOS SILÊNCIOS.
Tolerate It / Aegon Targaryen.

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O Grande Salão da Fortaleza Vermelha, imponente em sua magnificência ancestral, estava mergulhado em um silêncio pesado, quase palpável. Os estandartes da Casa Targaryen balançavam suavemente sob a brisa que se insinuava pelas frestas das janelas, trazendo consigo um eco distante de melancolia. Os longos corredores, repletos de memórias de glórias passadas, pareciam testemunhas mudas de um destino inexorável, prestes a desdobrar-se diante dos olhos daqueles que ali habitavam.

Ao fundo do salão, em uma mesa de carvalho ornamentada com entalhes de dragões em voo, encontrava-se sentada Daena Velaryon, a filha mais velha de Rhaenyra e Laenor Velaryon. Sua figura, esguia e graciosa, irradiava uma aura de delicadeza etérea, como uma flor solitária a desabrochar em meio ao deserto árido. Seus olhos, de um azul profundo como os mares que banhavam a Casa de seus ancestrais, estavam fixos nos pergaminhos espalhados à sua frente, mas sua mente vagava por labirintos de pensamentos dolorosos.

Havia em seu semblante uma tristeza latente, uma melancolia que se ocultava sob a máscara de uma calma forçada. Sua vida, tão jovem ainda, parecia ter sido marcada por uma corrente de esperanças frustradas e sonhos desfeitos. Ela amava, de maneira pura e inabalável, mas seu amor era como um cântico ao vento, perdido em meio ao deserto de indiferença que a cercava.

Do outro lado do salão, Aegon Targaryen, o primogênito de Alicent Hightower, observava-a com uma expressão indecifrável. Sua presença era altiva, carregada com o peso de expectativas e ambições que nunca foram suas, mas impostas a ele pela força de um destino implacável. Seus cabelos dourados, herança de sua linhagem, brilhavam sob a luz das tochas, e seus olhos, de um verde pálido, fixavam-se em Daena com um misto de desdém e curiosidade.

O silêncio que se estendia entre eles era opressivo, uma barreira invisível construída com o passar dos anos, feita de todas as palavras que nunca foram ditas, de todos os olhares que nunca foram trocados. Aegon, por mais que o desejasse, nunca conseguira entender aquela mulher que, em sua essência, parecia ser um mistério além de sua compreensão. Ele a tolerava, como se tolera a chuva que cai incessante sobre os campos, sem a paixão do raio, sem a fúria da tempestade.

Daena ergueu o olhar, e seus olhos encontraram os dele, numa súplica muda, uma tentativa desesperada de atravessar o abismo que os separava. O coração dela apertou-se no peito, a dor familiar de amar alguém que jamais a amaria da mesma maneira queimando como um veneno em suas veias.

- Aegon - murmurou ela, e o nome dele soou como uma prece de devoção e desespero. - Não vês o que estou a oferecer-te? Não percebes que tudo o que faço, tudo o que sou, é por ti?

Ele desviou o olhar, como se aquelas palavras fossem um peso insuportável a carregar. Havia algo de terrível em sua indiferença, algo que a dilacerava de dentro para fora, como se ele fosse uma chama distante que ela nunca poderia alcançar, por mais que tentasse.

- O que esperas que eu diga, Daena? - perguntou ele, a voz fria e distante, como se não conseguisse sequer conceber a profundidade de seu sofrimento. - Que agradeça por tua devoção? Que retribua com palavras vazias um sentimento que não posso corresponder? Não vês que tudo isto é inútil?

Daena sentiu o mundo desmoronar ao seu redor. Seu coração, que já havia sido tão cheio de esperança, agora estava reduzido a cacos, cada palavra dele um estilhaço de gelo que perfurava sua alma. Ela tentou controlar as lágrimas que ameaçavam cair, mas a dor era forte demais, e elas acabaram escorrendo por suas faces pálidas, traindo o desespero que a consumia.

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