VISERYS.

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ECOS DE UM AMOR PROIBIDO.
Julho, Jão / Viserys Targaryen.

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No cerne das colinas verdejantes de Arryn, onde o vento sussurrava segredos antigos entre as árvores e os pássaros cantavam como se soubessem da dor que ali se escondia, Maella Arryn caminhava sozinha pelos corredores da fortaleza. O peso da solidão parecia imenso em seu coração, pois, embora cercada por nobres e servos, a jovem senhora sentia-se inexoravelmente isolada.

Viserys Targaryen, primo distante e herdeiro do trono, frequentemente visitava as terras dos Arryn, trazendo consigo um frescor que parecia cortar a atmosfera estagnada. Contudo, a luz que ele trazia se tornava um lembrete cruel da distância entre os dois, uma barreira que o dever e as expectativas familiares erguiam entre eles. Em seus olhos claros, Maella via um reflexo de sua própria tristeza, um eco de um amor que jamais poderia florescer na plenitude que ambos desejavam.

Em um dia de calor ameno, enquanto o sol se ocultava lentamente no horizonte, tingindo o céu de um dourado profundo, Maella decidiu que não podia mais sufocar seus sentimentos. Era nesse crepúsculo, quando as sombras se alongavam e os sons da noite começavam a se manifestar, que ela encontrou Viserys no jardim.

- Viserys - começou ela, a voz trêmula, mas firme como a luz da tarde. - Há um peso que carrego em meu coração, e não posso mais suportá-lo em silêncio.

Ele virou-se para ela, os olhos brilhando com a luz do entardecer, e, naquele momento, a atmosfera parecia vibrar com a tensão de uma verdade não dita.

- Maella, o que quer que seja, pode compartilhar comigo - respondeu ele, a sinceridade de sua voz fazendo o coração dela acelerar.

- Sinto como se estivéssemos presos em um labirinto de obrigações e esperanças - confessou Maella, o olhar perdido nas flores que dançavam suavemente ao vento. - Como se, por mais que tentássemos, o mundo sempre nos afastasse.

Viserys hesitou, sua expressão revelando a luta interna entre seus sentimentos e a realidade que o cercava.

- Eu também sinto isso - admitiu, a voz baixa. - Mas o peso da coroa é um fardo que não posso ignorar. Meu destino está traçado, e nele, não há espaço para um amor como o nosso.

A resposta dele foi como uma lâmina cravada em seu coração. Maella desviou o olhar, sentindo as lágrimas ameaçarem escapar. **- Então, devemos viver como estranhos, mesmo quando nossos corações gritam um pelo outro?**

Viserys, incapaz de conter a dor que a situação lhe causava, aproximou-se e segurou suas mãos. **- Nunca poderemos ser estranhos, Maella. Você é a luz em minha escuridão, e a ideia de perder isso é insuportável.**

Mas a realidade era implacável. O reino esperava que Viserys se casasse com Aemma, uma aliança que traria poder e estabilidade. E a cada dia que passava, Maella sentia-se mais como uma sombra, alguém que observava de longe, sem poder tocar o que mais desejava.

- O que eu sinto por você é um mistério que me consome - declarou Viserys, a voz embargada pela emoção. - Em cada momento longe de você, meu coração se torna mais pesado.

Maella, agora em lágrimas, sussurrou: **- Então, por que devemos nos condenar a esta tristeza?**

- Porque o mundo exige sacrifícios - respondeu ele, a dor refletida em seus olhos. - E eu não posso ser o homem que te faz sofrer.

O silêncio se instalou entre eles, pesado e insuportável. A noite chegou, envolvendo o jardim em sua escuridão, e as estrelas, que antes pareciam prometer esperança, tornaram-se testemunhas silenciosas de uma paixão perdida.

**- Lembra-se do verão passado?** - Maella começou, a voz quase um sussurro. **- Aquela noite em que dançamos sob as estrelas?**

Viserys fechou os olhos por um momento, as lembranças inundando sua mente. **- Como poderia esquecer? Foi uma das noites mais belas de minha vida.**

**- O céu parecia mais próximo - ela continuou - e, por um instante, acreditamos que poderíamos ser livres.**

**- Mas a liberdade é um sonho que não podemos alcançar - ele disse, a realidade invadindo sua utopia.**

E assim, as promessas de amor e felicidade se dissiparam como o perfume das flores ao amanhecer. O verão se transformou em outono, e com ele, a esperança que Maella carregava em seu coração começou a murchar. Os dias se tornaram longos e os sorrisos, raros.

Quando o inverno chegou, a fortaleza estava envolta em um manto de neve, como se o mundo decidisse se cobrir de silêncio. Maella, em sua solidão, refletiu sobre o amor que se tornara um fardo. Sentia-se como uma folha seca, balançando ao vento, à espera de um destino que nunca chegaria.

Certa noite, enquanto a tempestade rugia lá fora, ela decidiu escrever uma carta para Viserys, um último apelo àquilo que poderia ter sido. **"Se ao menos o mundo não exigisse de nós este sacrifício, se ao menos pudéssemos ser livres...",** as palavras escorriam de sua pena, mas a dor de sua realidade a impediu de prosseguir.

Na manhã seguinte, uma mensagem chegou à fortaleza. Viserys, como esperado, havia sido convocado para formalizar seu compromisso com Aemma. O coração de Maella despedaçou-se em mil pedaços ao saber que o amor de sua vida estava prestes a ser selado em uma aliança que não incluía seu nome.

Ela decidiu então, com um misto de resignação e coragem, que não o procuraria mais. A vida continuaria, e com ela, o amor que sempre permaneceria não dito, uma chama que arderia em segredo, enquanto a esperança se extinguía lentamente.

A cerimônia de noivado foi um espetáculo grandioso, e Maella assistiu à distância, o coração esmagado sob o peso da realidade. Quando Viserys trocou promessas de amor e lealdade a Aemma, cada palavra era como um golpe cruel em seu ser. As lágrimas escorriam silenciosamente por seu rosto, enquanto a música da festa ecoava como um lamento em seu coração.

E assim, entre risos e celebrações, Maella Arryn se despedia de um amor que nunca poderia ser, selando sua tristeza em um silêncio profundo. O eco de julho, uma época de luz e calor, tornou-se um lamento pelo que não foi e nunca seria, um amor perdido nas sombras do dever e da ambição.

Em seu interior, uma certeza crescia: às vezes, o amor verdadeiro é um presente que, por mais precioso que seja, deve ser deixado de lado em nome da obrigação. E enquanto as estrelas brilhavam, Maella sabia que a vida continuaria, mas a memória de Viserys Targaryen seria uma chama eterna, um fogo que queimaria em seu coração, mesmo que clandestino e solitário.

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