Aposta Judicial | Dofladile

Prólogo.

   Tudo havia começado anos atrás, ainda na época da faculdade. Crocodile se lembrava até hoje, em detalhes, como foi quando pisou na sala de aula do curso de Direito e se deparou com aquele homem alto — extremamente alto — e loiro sentado na carteira atrás da sua. 

   Doflamingo, descobriu depois o nome dele, não o deixava em paz um segundo sequer. Sempre que Croco respondia a uma pergunta de um professor, Doflamingo fazia questão de complementar sua resposta ou simplesmente falar a mesma coisa com palavras diferentes e mais rebuscadas, apenas para não o deixar ganhar. Aquela competição ridícula irritava Crocodile profundamente, mas seu ego não o deixava ignorar a richa que existia entre os dois. Então, sempre que tinha a oportunidade, ele dava um jeito de sair por cima de Doflamingo. 

   Os dois primeiros anos de faculdade foram assim, ambos competindo e sempre tentando serem os melhores da turma. Mas, no terceiro ano, as coisas mudaram um pouco. Isso aconteceu quando, um dia, um dos professores resolveu colocar Doflamingo e Crocodile para fazerem um trabalho juntos. 

   Uma noite, estavam estudando até tarde na biblioteca da faculdade, apenas os dois no lugar. Nenhum deles sabia explicar como aquilo aconteceu, mas a noite deles acabou com eles quase transando em cima de uma das mesas da biblioteca. Parecia que, em um segundo, estavam sentados estudando tranquilamente, e no outro, estavam aos beijos sobre a mesa. Era disso que eles se lembravam, mas não tinha sido bem assim. 

   Enquanto Crocodile lia concentrado um capítulo de um livro sobre o assunto do trabalho que estavam fazendo, Doflamingo parou o que estava fazendo e simplesmente começou a encarar o moreno, que o olhou de volta sem entender.

— O que foi? — Croco perguntou de forma ríspida, descansando o livro na mesa — 

— Você fica bonito concentrado desse jeito. — falou o loiro, com um sorriso de canto em seus lábios — 

— Ah, vai se fuder. — pegou o livro de volta e fingiu se concentrar novamente — 

   O loiro revirou os olhos e tirou o livro das mãos de Croco, o fechando com força e colocando na mesa. Antes que o mais baixo pudesse protestar, Doflamingo o puxou para mais perto, agarrou sua cintura e deixou seus rostos a uma distância perigosa. 

   Em uma tentativa falha de afastá-lo, Crocodile empurrou o peitoral de Doflamingo, mas ele praticamente não se mexeu. Na verdade, isso só fez o mais alto apertar ainda mais a cintura dele. Sem muita demora, Doflamingo desfez o mínimo espaço que existia entre os lábios deles. 

   Ambos se deixaram levar, e nem perceberam quando saíram de suas cadeiras e foram parar em cima da mesa da biblioteca, Crocodile já quase sem sua camisa social. Só se deram conta do que estavam fazendo quando os beijos de Doflamingo desceram para o pescoço do mais velho, e ele quase na mesma hora empurrou Doffy para longe, fechando os botões abertos de sua roupa. Crocodile resmungou algumas palavras que Doflamingo não entendeu, e saiu bravo da biblioteca. 

   Mas aquela não foi a única que eles tiveram momentos assim, mesmo nunca passando de beijos e algumas mãos bobas. Sempre estavam se pegando por aí, seja nas cabines do banheiro da faculdade, na biblioteca, em qualquer canto vazio que achassem. Mas eles não podiam deixar que ninguém os descobrissem, já que precisavam manter as aparências de rivais dentro da sala de aula. Por isso, sempre eram o mais cuidadosos possíveis, sempre se certificando de que não havia ninguém por perto. 

   Mesmo não querendo admitir, Crocodile gostava da companhia de Doflamingo, e não podia negar que ele beijava muito bem, e que ficou meio triste quando eles estavam para se formar, e provavelmente nunca mais se veriam depois disso.