Ressaca, Vergonha e Conspirações

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Rebeca
Rebeca acordou naquela manhã com a cabeça latejando e uma sensação de peso no estômago. Ela abriu os olhos lentamente, tentando entender onde estava, e se deu conta de que ainda estava no sofá da sala, cercada por travesseiros e cobertas que as amigas provavelmente tinham jogado sobre ela durante a noite. O som abafado de risadas e conversas vinha da cozinha, e ela sabia que as meninas já estavam acordadas.

"Que ressaca... O que foi que eu fiz ontem?" — murmurou para si mesma, levando as mãos ao rosto enquanto flashes da noite passada começavam a voltar. As provocações, o vinho sem fim, o jogo de 'verdade ou desafio' e, claro, *aquela mensagem*.

De repente, Rebeca se sentou, sentindo o pânico subir pela espinha. Ela rapidamente pegou o celular ao seu lado, desbloqueou a tela e abriu o Instagram. Lá estava a evidência: a mensagem ousada que ela havia enviado para Gabi, em algum momento no meio da noite, quando o vinho já tinha tomado conta.

"Não... não pode ser... Eu mandei isso mesmo?" — ela sussurrou, os olhos arregalados.

Era um texto confuso e direto demais, algo que ela nunca teria coragem de mandar em sã consciência. Algo como: *"Acho que você é mais do que só bonita... quer dizer, não só por fora... Enfim, esquece... tô muito bêbada"*. Ela sentiu seu rosto esquentar de vergonha.

Ela precisava saber como lidar com isso. Mas primeiro, precisava confrontar as culpadas.

— FLAVINHA! LORRANE! — gritou Rebeca, com a voz rouca de quem não estava 100% recuperada. Em seguida, levantou-se com um leve tropeço e foi até a cozinha, onde as duas estavam preparando o café da manhã.

Flavinha virou-se com uma expressão de inocência estampada no rosto, já sabendo do que se tratava.

— Bom dia, sol! Dormiu bem? — Flavinha provocou, enquanto Lorrane ria por trás da xícara de café.

— Como vocês deixaram eu fazer aquilo?! — Rebeca disse, exasperada, apontando para o celular em sua mão. — Eu mandei mensagens vergonhosas para a Gabi! E vocês, como boas amigas, não me impediram!

— Ah, calma, Rebequinha... — disse Flavinha, tentando segurar o riso. — A gente achou que tava na hora de você ser um pouco ousada, sabe? E, convenhamos, você tava se divertindo tanto... Era só brincadeira!

— Isso não é brincadeira! Agora o que eu faço se eu ver a Gabi por aí? — Rebeca bufou, sentando-se pesadamente à mesa, com as mãos cobrindo o rosto. — Eu não vou conseguir olhar pra ela depois disso.

Lorrane, ainda rindo, colocou uma mão no ombro de Rebeca.

— Relaxa, Beca. Gabi provavelmente entendeu que você tava bêbada. E pelo que você contou da conversa, ela levou na zoeira também. Não é o fim do mundo.

Rebeca olhou para Lorrane, ainda com a cara de pânico, mas sabendo que, no fundo, elas tinham razão. Só que isso não aliviava a vergonha que ela sentia.

— Ah, tá. E como eu faço pra encarar ela sem parecer uma idiota completa?

Flavinha deu de ombros.

— É simples: finge que nada aconteceu! Ou, se preferir, dá aquela desculpinha padrão: "Ai, foi o vinho!" Todo mundo entende. Agora, vamos lá, você precisa se preparar pra aproveitar nosso último dia em Paris.

— É, você ainda tem tempo pra se redimir antes da gente ir embora! — Lorrane completou, piscando.

Rebeca suspirou profundamente, sabendo que teria que lidar com isso de alguma forma. E que talvez, só talvez, Gabi não estivesse levando aquilo tão a sério quanto ela.

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Enquanto isso, no outro lado da Vila Olímpica...

Gabi estava nervosa. A disputa pelo bronze contra a Turquia no dia seguinte estava em sua mente o tempo todo. Ela precisava garantir que o time estivesse pronto, que a derrota anterior não os abalasse, e que voltassem fortes. Como capitã, ela sentia o peso extra da responsabilidade, mas, naquele momento, estava tendo uma distração curiosa: as mensagens de Rebeca.

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