Capítulo 05

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O Novo Cotidiano
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     Os dias do coven dos Volturi se estendiam como uma eternidade para Shayna.A rotina era uma mistura de fascínio e terror constante.Cada amanhecer trazia consigo uma nova oportunidade de conhecer melhor os membros do clã,mas também a lembrança assustadora das noites passadas.

     Shayna passava boa parte de seus dias explorando o castelo e interagido com os vampiros,ainda tentando entender o que significava realmente viver entre predadores imortais.Felix, com seu humor sombrio,sempre a provocava,tentando quebrar sua calma.Demetri,por outro lado,era mais amigável,mas sua aura misteriosa nunca deixava Shayna totalmente confortável.Jane estava sempre por perto,sua presença silenciosa,mas implacável,servia com um lembrete constante da vulnerabilidade de Shayna.

    Alec era uma figura à parte, raramente visto e ainda menos ouvido.Shayna sabia,pelos relatos de Jane,que ele era o gêmeo dela,mas além disso,tudo o que sabia de breves conversas ou observações casuais.O dom de Alec era perturbador.Ele podia cortar todos os sentidos de uma pessoa,mergulhando-a em uma escuridão total,um poder que tanto fascinava quanto aterrorizava Shayna.

      Entre conhecer os membros do coven,Shayna mantinha contato com seus pais de telefone.Os telefonemas eram uma linha tênue de ligação com sua vida passada,mas cada conversa parecia mais distante,mais desconexa. Quando contou à mãe que havia chegado à Itália e estava instalada,a reação da senhora Twskan foi uma mistura de preocupação e surpresa.

— Você tem certeza,Shayna?
Isso tudo é muito...rápido —
a voz de sua mãe tremia levemente
do outro lado da linha.

— Eu sei,mãe.Mas é uma oportunidade única.Não podia deixar passar — Shayna respondeu, tentando soar firme.

— Eu só...me preocupo com
você.A Itália é tão longe,e esse
trabalho...parece misterioso
demais — a senhora Twskan
murmurou,sem entender a
ansiedade.

— Vou ficar bem,mãe.Prometo ligar sempre que puder.E eles estão cuidando de mim — Shayna tentou tranquilizar a mãe,embora soubesse que aquilo estava longe da verdade completa.A senhora Twskan suspirou,resignada,mas a preocupação em sua voz permaneceu.

     Entre esses telefonemas e a rotina de exploração,Shayna também passava por sessões de treinamento que a exauriam,tanto física quanto mentalmente.Sob a superfície de Demetri,ela aprendeu a se defender, uma habilidade que sabia ser crucial em sua nova vida.A insistência de Aro para que mantivesse a porta do quarto sempre fechada à noite não era um capricho.As primeiras noites em Volterra foram aterrorizantes,com os gritos dos humanos sendo drenados ecoando pelos corredores de pedra,assombrando seus sonhos e tornando o sono quase impossível. Cada som,cada sussurro na escuridão, lembrava Shayna do perigo constante que a cercava.

     Mas era a monotonia dos dias e as pequenas coisas,como a comida,que começaram a incomodar Shayna. Comida por entregar tornou-se uma constante em sua dieta,e, eventualmente,ela começou a se cansar disso.Od entregadores,com frequência,não retornavam as suas vidas normais.Em uma das vezes,Felix brincou,fingindo estar descontente ao saber que Shayna pedido comida novamente.

— Aro está tornando isso muito chato — ele reclamou — Eu costumava me alimentar bem com esses entregadores.

   Shayna sabia que ele estava falando sério,por trás do tom zombateiro.

   Foi nesse contexto que Aro decidiu permitir que Shayna saísse para uma cafeteria próxima todos os dias,desde que estivesse acompanhada.Shayna aproveitou a chance de escapar dos muros sufocante do castelo.Nesse dia específico,Alec foi designado para acompanhá-la,algo que a surpreendeu já que ele sempre foram mais recluso.

   Ao se prepararem para sair Shayna vestiu um casaco preto elegante que combinava com seu estilo simples, mas sofisticado.Seus cabelos castanhos estavam soltos,caindo em ondas suaves sobre seus ombros,e seus olhos verdes estavam realçados por uma leve maquiagem.Alec,por outro lado,estava impecável,como sempre.Seus cabelos castanhos estavam penteados para trás,e ele usava um casaco comprido,também preto,que ocultava sua pele pálida dos raios de sol.Um chapéu escuro cobria sua cabeça, protegendo-o ainda mais.

   Eles caminharam pelas ruas de Volterra em silêncio,com Alec sempre atento a qualquer ameaça.Ao chegarem à cafeteria,chamada "Caffetteria Del Sole," Shayna sentiu uma onda de alívio ao entrar no ambiente acolhedor e ensolarado, decorado com cores quentes e móveis de madeira rústica.As mesas eram pequenas,cercadas por cadeiras confortáveis,e o aroma de café fresco permeava o ar.

    Eles escolheram uma mesa no canto,longe das janelas,onde Alec poderia se esconder das ocasionais explosões de luz solar que escapavam pelas cortinas.Uma garçonete aproximou-se rapidamente,sorrindo educadamente.Ela era uma jovem italiana,com longos cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo elegante. Seu nome,Giulia,estava bordado em um pequeno crachá dourado preso à blusa branca que usava,complementada por uma saia preta e um avental vermelho.A maquiagem leve realçava sua pele bronzeada,e seus olhos castanhos brilhavam de interesse quando pousaram em Alec.

— Buongiorno!O que vão querer hoje? — Giulia perguntou,com um sorriso que Shayna percebeu ser mais dirigindo a Alec do que a ela.Shayna deu uma olhada no menu antes de pedir um cappuccino e um croissant recheado de chocolate.Alec,por sua voz baixa e educada,mas sem entusiasmo.

    Enquanto esperavam,Shayna decidiu tentar conhecer melhor seu acompanhante.

— Então,Alec,você e Jane são muito próximos,não é? — ela começou,esperando quebrar o gelo.

    Alec olhou para ela,seus olhos vermelhos suavizando-se levemente.

— Sim,somos.Ela é minha irmã gêmea.Temos uma ligação muito forte — respondeu ele,a voz calma,mas com um tom que sugeria que ele estava à vontade.Algo que Shayna raramente via em Jane.

— E seu dom...Jane me contou um pouco sobre ele.Parece...assustador — Shayna comentou,tentando abordar o assunto de forma sensível.

— Pode ser,sim.Eu consigo cortar os sentidos de uma pessoa,mergulha-la em escuridão total.É útil em certas... circunstâncias — Alec disse,com um pequeno sorriso que não alcançou seus olhos.Shayna sentiu um arrepio ao pensar em como esse poder poderia ser devastador.

    Antes que pudessem continuar a conversar,Giulia voltou com seu pedidos,colocando o cappuccino e o croissant na frente de Alec.Enquanto se afastava,Giulia deixou cair discretamente um papelzinho ao lado de Alec,um gesto tão sutil que Shayna quase não percebeu.Alec,no entanto, simplesmente guardou o papel no bolso do casaco,indiferente ao flerte da garçonete.

    Shayna observou a cena e não pôde deixar de sentir uma pontada de pena por Giulia.Ela não tinha ideia do perigo que estava correndo ao se interessar por Alec,um vampiro imortal que poderia facilmente se alimentar dela sem remorso. Enquanto Alec tomava seu espresso em pequenos goles,Shayna mordeu o croissant,tentando afastar o pensamento de que a garçonete poderia se tornar o próximo lanchinho de Alec.

Continua...
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